Review | Balatro: o poker que virou roguelike
Balatro/Reprodução

Review | Balatro: o poker que virou roguelike

Às vezes, os melhores jogos surgem quando menos esperamos. Quando você ouve “poker roguelike”, a primeira coisa que pode vir à cabeça é um jogo entediante e cheio de regras complexas. Mas, ao jogar Balatro, você vai descobrir que a simplicidade e o charme de um jogo de cartas podem se transformar em algo viciante, desafiador e, mais importante, surpreendente.

Jogabilidade

Balatro não reinventa a roda, mas faz algo mágico ao pegar algo tão familiar quanto o poker e transformá-lo em uma experiência completamente nova. Em vez de lutar contra inimigos em masmorras, o objetivo aqui é simples: acumular fichas através de combinações de cartas. A ideia é que você construa as melhores mãos possíveis, mas não pense que é apenas uma partida repetida. A cada rodada, o jogo traz novos desafios, e cada carta se torna uma peça crucial no seu plano.

Review | Balatro: o poker que virou roguelike
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A grande sacada de Balatro é como ele torna o poker mais interessante ao adicionar elementos roguelike. A cada derrota, você reinicia sua jornada, mas com a chance de aprimorar seu deck, criar novas combinações e, principalmente, tentar mais uma vez. A cada partida, a sensação é de que há sempre algo novo para explorar — e isso é o que mantém o jogo tão envolvente.

Mecânicas de Jogo

O que realmente distingue Balatro são seus modificadores e cartas especiais, que quebram as regras do poker de formas inesperadas. A começar pelos Coringas. Em vez de simplesmente substituírem outras cartas, eles oferecem bônus únicos para diferentes estilos de jogo. Imagine um Coringa que aumenta o valor das sequências ou um outro que permite criar uma sequência com apenas quatro cartas — é o tipo de coisa que te faz pensar fora da caixa.

Além disso, há cartas de tarô e celestiais que adicionam poder à sua mão de maneira imprevisível. Com esses modificadores, o jogo vai além do tradicional. Não existe uma forma “certa” de jogar, e cada rodada oferece novas possibilidades. Se você acha que já encontrou a melhor combinação de cartas, espere até a próxima tentativa. O jogo vai sempre surpreender.

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Simples, mas Funcional

Balatro segue uma linha de arte minimalista, com gráficos em pixel art que são simples, mas eficazes. Não espere animações sofisticadas ou efeitos deslumbrantes. A estética, apesar de simples, cumpre o seu papel, permitindo que você se concentre no que realmente importa: o jogo. Essa escolha de design faz com que Balatro seja fácil de entender e jogar, sem sobrecarregar os sentidos.

Claro, poderia haver mais dinâmica visual em momentos de grande emoção, como quando você acerta uma combinação difícil. Mas, em um jogo que gira em torno de decisões rápidas e estratégias, o foco visual não precisa ser grandioso — e Balatro acerta ao fazer isso funcionar.

A variedade que vem da aleatoriedade

Uma crítica que pode surgir durante as jogadas é a repetição dos chefes. Ao longo das rodadas, você pode acabar enfrentando os mesmos chefes várias vezes. Embora isso não comprometa a diversão, pode deixar o jogo com a sensação de falta de diversidade em um ponto crítico. No entanto, isso não tira o brilho da experiência, que está principalmente nas cartas e nos desafios aleatórios que surgem a cada nova partida.

Um Jogo para Todos

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Balatro é o tipo de jogo que se encaixa bem em qualquer momento. Ele é simples, rápido, acessível e, o mais importante, divertido. Para quem já está familiarizado com jogos de cartas, a transição para Balatro é tranquila. E se você nunca jogou um roguelike, esta é uma excelente introdução ao gênero, sem a curva de aprendizado acentuada que muitos jogos do tipo exigem. Se você, por exemplo, tentou jogar “Hades” e não conseguiu avançar muito. Jogue Balatro, depois dê uma segunda chance para o épico.

Embora pareça simples, é muito difícil encontrar esse equilíbrio entre leveza e profundidade nas escolhas que você faz a cada nova tentativa. Balatro não precisa de grandes efeitos ou narrativas complicadas para ser divertido — é puro entretenimento na forma mais simples. Em 2024, com tantos jogos complexos e ambiciosos, Balatro se destaca por se manter fiel ao essencial e, de alguma forma, ser uma das melhores surpresas do ano.

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Resultado de uma experiência alquímica que envolvia gibis, discos e um projetor valvulado. Editor-chefe, crítico, roteirista, nortista e traficante cultural.