Review | Darkest Dungeon II: Brutal, amedrontador e terrivelmente viciante 

Darkest Dungeon II é um RPG de turno do gênero Roguelike que teve primariamente um early access (acesso antecipado) para PC em 2021, e três anos depois ele é oficialmente lançado, tanto para PC quanto para os consoles de mesa nesse dia 15 de julho e tivemos aí uma bagagem para atualizações e melhorias para esse lançamento, e é desse port para consoles de mesa que eu escrevo essa analise, mais especificamente a versão de PlayStation 5.

Essa é literalmente a primeira tela que todos vão ver no jogo

Darkest Dungeon fez bastante sucesso com os seus visuais, sua história que lida com horrores eldritch nessa temática medieval, e claro, uma dificuldade absurda. Não era um jogo para qualquer um, apesar de ser extremamente viciante, ele é brutal em sua dificuldade que requer que o jogador tenha bastante perseverança para superar suas dificuldades, e por conta disso ele ganhou uma legião de fãs dedicados, e agora, estamos diante de sua continuação, que apesar de não ser tão brutal quanto o original, ainda é extremamente punitivo, e com certeza não é para qualquer um. 

Um enorme agradecimento pra equipe da Red Hook Studios por ter cedido a chave de PS5 para nós!

A Jornada para a Redenção

Apesar de ser o segundo título, não é necessário jogar o primeiro para entender a premissa do segundo, aqui as sessões são divididas por “Confissões” e em cada uma delas é narrado o que exatamente aconteceu com o mundo e o porque ele está à beira de seu colapso, nós controlamos então um “Protegido” em uma carruagem e quatro mercenários, que – assim como o protegido – também possuem um passado cheio de conturbações, e com essa pequena chama de esperança que eles carregam, juntos buscam por um tipo de redenção de seus atos.

A história de Darkest Dungeon II vai se revelado pouco a pouco quanto mais o jogador avança (ou quanto mais ele morre e retorna) é um tipo de narrativa bem interessante e peculiar, mas que também pode deixar muitos um pouco confusos em geral, mas ainda assim, eu não consigo deixar de admirar essa forma de contar história junto de um jogo em que você vai repetir várias e várias vezes.

O Visual do fim do mundo

O visual de Darkest Dungeon II é lindo e muito estiloso, ainda melhor que o seu antecessor, tem aquela pegada “dark” típico de fantasias de horror que me lembra bastante o estilo de arte de Mike Mignola de Hellboy por exemplo. 

O game é feito na engine Unity, e utiliza modelos 3D para muitas coisas como a carroça – que é basicamente o que locomovemos nos mapas, e nos protagonistas e inimigos, aqui a animação de cada um é extremamente bem-feita, seus movimentos são únicos e cheios de vida, a silhueta dos heróis e inimigos são fáceis de identificar, os ataques são cheios de peso e movimento, enfim, apesar de ter alguns problemas típicos da Unity, o jogo não é insuficiente nesses aspectos. 

Que rolem os dados

Aqui nós comandamos a carroça que eu citei acima, temos o objetivo de chegar nas montanhas, uma das primeiras coisas que fazemos é montar a nossa party, é importante conhecer cada personagem e faze uma formação com uma boa sinergia (que querendo ou não, varia dependendo do cenário ou o que o jogo decidir jogar para cima de você). 

Além disso, temos também paradas em pousadas para descansar e nelas podemos escolher que estrada vamos seguir primeiro, além de otimizar a nossa party, podemos comprar itens, melhorar habilidades, e equipar itens em nossa carroça, o que você decide nas pousadas pode ser crucial para as estradas que vem a seguir. 

Durante as estradas, podemos escolher diferentes caminhos com diferentes recompensas, e como todo bom roguelike, elas são aleatórias, a sorte também é um fator importante aqui, podemos encontrar no caminho armadilhas que diminuem a durabilidade da carroça (e se ela parar, precisamos lutar contra inimigos enquanto reparamos ela) encontramos caminhos bloqueados com inimigos (já falo sobre o sistema de combate), hospitais para nos curar, lugares estranhos onde precisamos fazer decisões que variam de personagem pra personagem, um personagem pode falar que ele está curioso e quer ver o que pode ter no local, enquanto outros também podem te dar a opção de dar o pé dali, as recompensas como sempre variam, você pode ganhar itens, ou simplesmente entrar em um combate repentino, então é sempre bom pensar duas vezes antes de fazer uma decisão, e elas podem afetar negativamente ou positivamente um personagem. 

Nós temos aqui um combate “Turn based” ou seja, ele é o típico game onde cada personagem e inimigo tem um turno para realizar uma ação, como os bons e velhos JRPGs, mas aqui temos uma fila de alcance onde personagens que estão na linha de frente não vão alcançar, mas os de longo alcance podem atirar ou arremessar facas para acertar os inimigos mais distantes, por isso é sempre bom montar uma party variada, e claro, não se esqueça de colocar seu healer no fim da linha. 

Uma barra no canto direito da tela mostra o turno dos personagens e inimigos, e o jogador precisa ficar atento e fazer as melhores estratégias com essas informações, o combate, entretanto é bem dinâmico, o visual dos modelos de cada herói e inimigo são um deleite, e as animações contribuem bastante para o jogador sentir o peso dos ataques, não só as animações como também as vibrações no dual sense, que colocam um Q a mais nesse sentido. 

Darkest Dungeon II tem um sistema de “Estresse” que afeta as batalhas onde se o jogador acumula bastante, o personagem entra em estado de resolução, onde ele pode ter um “colapso” ou (se você der muita sorte) uma resolução positiva, um colapso tira o HP do personagem e abaixa a afinidade dos outros membros da party, que pode te prejudicar bastante em expedições futuras, além de tudo isso, personagens com bastante pontos de afinidade podem garantir mais efeitos positivos ao longo da jornada, mas como eu disse, ao contrário também pode ocorrer. 

Uma das coisas que mais me surpreenderam nessa jornada cruel, com certeza foram os pontos de “historia” chamados de Santuários da Reflexão, onde aqui selecionamos um dos nossos personagens da party e acompanhamos a história do seu passado de (as vezes) uma forma interativa muito impressionante, que utiliza o sistema combate para nos contar a lembrança do personagem selecionado, foi incrível escolher a Audrey e em uma das sessões onde você entra em “combate” com o ex marido dela, e aqui precisamos envenenar ele sem que ele descubra, e ele utiliza ataques como gritar com ela que aumenta a barra de estresse dela, se a barra preencher por completo, falhamos e não prosseguimos com a memória, essa foi de longe a coisa que eu mais gostei aqui.

E eu não posso deixar de elogiar a narração, o Wayne June volta no II e é sensacional ouvir ele narrando cada ação e cada acontecimento em batalha, adiciona muito ao gameplay. 

Os sons do colapso

Os efeitos sonoros são bem decentes, a trilha sonora consegue passar o clima denso e desolador do mundo, enquanto os efeitos sonoros contribuem com isso, dando um som a mais nos ataques e na movimentação em geral, além de que se você estiver jogando no PS5, temos algumas features para o Dual Sense, o som da resolução do colapso mental dos heróis por exemplo, sai direto do controle, para aumentar a imersão e nos fazer entrar na cabeça dos personagens. Então em efeitos sonoros, o jogo definitivamente está muito bem servido. 

Qualidade técnica do port para consoles

Uma simples e básica listagem do que cada icone de efeito significa

Infelizmente Darkest Dungeon II tem lá seus problemas de otimização nos consoles, e são erros que sinceramente, eu acredito que sejam especificamente da engine Unity, onde algumas das opções de diálogos e alguns menus não tem uma navegação certa pelos direcionais e analógicos, alguns menus se sobressaem a outros e acaba atrapalhando a organização em geral, além disso, me ocorreu um bug em que eu fiquei preso numa tela para apertar Ok e prosseguir, o jogo travou a opção e foi necessário sair e fechar o game para que voltasse ao normal, por sorte a progressão não foi perdida, mas é algo a se alarmar. 

É possível que esses bugs e o menu em geral seja otimizado com atualizações futuras. 

Considerações Finais

Darkest Dungeon II é brutal, mas extremamente viciante e satisfatório, principalmente quando as coisas começam a funcionar, seu estilo visual é muito elegante, trevoso e bonito, um deleite apesar de ser tão “simples” (ele basicamente consiste só de menus), e a forma em que ele apresenta o mundo é de longe a parada que mais me cativou dele, todos os personagens são bem únicos e interessantes, e a história dessa busca de redenção de cada um é muito boa, é um jogo que quem tem paciência com roguelikes, e gosta de um dungeon crawler RPG de turno, com certeza vai curtir vários momentos do game. 

Entretanto, é impossível recomendar para todos, em geral teve muitas melhorias e mais acessibilidade comparado ao seu antecessor, mas ainda é um jogo bem específico de um nicho muito específico, e esse nicho específico com certeza vai passar bons momentos com ele.

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Escritor Freelancer, tenho como paixão primária em videogames e principalmente em JRPGs, apesar de amar cultura pop em geral.