Fiquei muito feliz quando fui escolhido para realizar a review de Dispatch, pois sempre gostei de jogos narrativos, com escolhas que mudam o rumo de tudo, assim como Detroit: Become Human, The Walking Dead da Telltale, entre tantos outros. E, além disso, por ser o primeiro título da AdHoc Studio, fiquei ainda mais curioso para saber até onde eles poderiam chegar com o game.
Já começo esta minha review dizendo que poucas vezes um jogo narrativo me pegou tão de surpresa quanto Dispatch. Além de ser uma das minhas maiores surpresas do ano, o título está concorrendo no The Game Awards 2025, na categoria Melhor Jogo Indie de Estreia. É um começo de respeito.

Um retorno elegante ao formato episódico
Lá atrás, jogos no estilo Telltale transformavam cada episódio em um pequeno evento. Dispatch resgata essa sensação, mas com mais personalidade, ritmo mais firme e um protagonista que sustenta a história do começo ao fim, afinal, o título é dividido em 8 episódios com uma duração, relativamente, curta.

Você acompanha Robert Robertson, vivido por Aaron Paul (Breaking Bad), um ex-herói forçado a se aposentar depois que sua armadura de Mecha Man é destruída em combate. Sem opção, ele assume a função de operador na Superhero Dispatch Network, coordenando heróis pela cidade enquanto tenta lidar com traumas, erros e relações que nunca ficam totalmente resolvidas.

É uma narrativa direta, mas cheia de conversas interessantes, boas piadas (ri em diversos momentos) e momentos íntimos que constroem o personagem sem precisar de discursos longos.
Um elenco que levanta o jogo
Aaron Paul é o centro emocional de tudo, mas o elenco ao redor acompanha o nível. Jeffrey Wright (série The Last of Us) entrega um Chase impagável, Loira Luminar, Invisiva possuem charme e presença, e o texto flui com naturalidade. É impressionante o trabalho do estúdio aqui.

Jogabilidade que encaixa bem no ritmo…
Quem está acostumado ao gênero sabe o que esperar: decisões, diálogos e QTEs simples. A surpresa fica para os turnos como despachante, onde você combina heróis, lê estatísticas e tenta enviar a equipe certa para cada ocorrência. Parece pequeno, mas funciona como um respiro e cria um ciclo de causa e efeito que deixa os episódios mais dinâmicos.

Vale ressaltar que o título possui dois modos de quando se fala dos eventos rápidos: Cinemático e Interativo. No primeiro, o jogador só faz as escolhas e ver as consequências das mesmas, sem QTEs. No modo Interativo, recomendo não largar o controle para assistir às cenas, pois pode aparecer algum comando de repente na tela.

… Mas algumas coisas incomodam
Despachar os hérois para as mais variadas missões é muito divertido, isso não nego, mas senti muita falta de uma dublagem para o PT-Br, pois os chamados possuem tempo para o jogador aceitá-lo e, por muitas vxez, os personagens ficam conversando durante o chamado, sendo assim era quase impossível atender ao pedido da população e ler as conversar.
Além disso, outra coisa é o sistema de hacker. Por muitas vezes, você terá que lidar com minigames de hackeamento. No início estavam divertidos, mas com o tempo foram quebrando o meu ritmo e se tornando chatos, além de bem difíceis.

Atenção: spoilers sobre um ponto específico da história
Agora, a parte que mais me incomodou: a coerência das escolhas, especialmente envolvendo a Invisiva.
Na minha gameplay, fiquei ao lado dela em absolutamente tudo:
– defendi, ajudei, apoiei nas decisões difíceis
– escolhi caminhos que favoreciam seu crescimento
– libertei quando ela estava em perigo
– incentivei sempre que o jogo dava abertura
Ou seja: todas as minhas atitudes caminhavam para ela se manter do lado dos heróis e, confesso, que queria um romance.

Só que, no resumo final do episódio, o jogo afirmou que minhas escolhas fizeram dela uma vilã, como se eu tivesse tomado decisões contraditórias. No meu caso, a maior parte dessas conclusões simplesmente não refletiu o que eu vivi ao longo da jornada.
Pode ser que uma segunda gameplay, com decisões opostas, entregue um desfecho mais coerente. Mas, ainda assim, senti que faltou precisão para conectar causa e efeito. Isso importa muito em um jogo desse gênero. Quando o sistema não reconhece claramente suas escolhas, perde impacto.
É um ajuste pequeno, mas importante, que pode elevar bastante o resultado final.
Visual com alma de desenho animado
O jogo possui o estilo de série animada moderna. Cenas bem construídas, personagens expressivos e uma direção visual espetacular. Nada chamando a atenção como não deveria, o design de cada personagem, além de seus traumas e personalidades. Tudo é muito único.
Vale a pena?
Finalizo esta minha review de Dispatch dizendo que ele é espetacular! Mesmo com esse detalhe nas escolhas da Invisiva, Dispatch continua sendo uma das experiências narrativas mais legais do ano. Ele tem ritmo, tem personalidade, acerta no humor e entrega uma história que funciona. Dificilmente, o jogador não vai se importante com a Equipe-Z e seus anti-heróis malucos.
Após 7 horas para finalizar os 8 episódios do game, digo que a AdHoc Studio já garantiu minha total atenção para os seus próximos títulos e não seria demais pedir um “Dispatch 2”.
Esta review de Dispatch foi realizada na versão de PlayStation 5 base do game, com o código cedido, gentilmente, pela AdHoc Studio.
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