Review | Dragon Quest III HD-2D é um remake exemplar de JRPG
Divulgação: Square Enix

Review | Dragon Quest III HD-2D é um remake exemplar de JRPG

Olá, caros leitores! Como estão?

Já faz um bom tempo que eu não escrevo, e definitivamente faz um bom tempo que eu estou segurando essa review de Dragon Quest III HD-2D, mas como diz o sábio:

“Antes tarde do que nunca!”

Dragon Quest é um jogo longo que requer bastante do seu tempo, e como muita coisa é turbulenta nessa vida, as vezes você não consegue encontrar um jeito de focar no jogo. Por sorte, Dragon Quest é aquele tipo de jogo que apesar de tudo, não requer sua atenção aprofundada nele, é o tipo de jogo que você pode simplesmente pegar aleatoriamente num dia, jogar uma horinha, (ou farmar uma horinha para ser mais exato) e então continuar no próximo dia.

Não é atoa que Dragon Quest é espetacularmente popular no Japão, e faz o dobro de número de vendas em consoles portáteis, porque ele é esse tipo de jogo, logo é ideal para se jogar em pequenas frações de horas, diabos! Esse jogo que estou analisando teve um grande número de vendas no Nintendo Switch justamente por isso!

Pois bem, aqui estamos, não com a versão de Nintendo Switch (infelizmente ainda não possuo um) mas com a versão do PlayStation 5, que é tremendamente bonita e bem-feita, mas imagino que a do Switch não esteja muito atrás.

A Era do HD-2D

Lançado em 14 de Novembro, Remake do clássico Dragon Quest III é parte de um movimento na Square Enix que visiona testar o mercado e os consumidores para dar um cheque em um interesse por JRPGs clássicos com um tipo de cara nova, uma mesclagem de gráficos em HD mas usando como base a sprite, fazendo apenas leves alterações nas mesmas, mais ou menos parecido com o que rolou na Quinta Geração de consoles, onde vimos uma onda experimental de jogos que mesclavam sprites 2D e cenários 3D, ótimos exemplos de jogos assim são Xenogears, Breath of Fire III e IV, Star Ocean: The Second Story (que também teve um ótimo Remaster HD-2D) e claro, o próprio Dragon Quest, que fez essa experimentação com o Sétimo jogo da franquia.

Então o que temos aqui é um tipo de “melhoria” desse estilo, onde vemos a modelagem 3D tendo uma refinada para o HD. Mas apesar de tudo, muitos desses jogos saem visualmente esquisitos, um dos primeiros exemplos disso é o Octopath Traveler, que apesar de ter pegado muita gente de surpresa, é um jogo visualmente bem esquisito e que mostra os primeiros passos desse estilo, e que teve uma melhoria significativa no segundo jogo.

Dragon Quest III HD-2D da pra considerar um dos melhores do estilo, utilizando bom as técnicas HDs mas sem exagerar nos seus efeitos, trazendo uma beleza clássica mas atualizada, mesclando perfeitamente bem tudo isso e ainda sendo bastante fiel ao sentimento que o jogo original passava. Em outras palavras ele atualiza o clássico, mas continua um clássico!

Simplicidade é seu nome

Dragon Quest é possivelmente a série de JRPGs mais acessíveis de todos os tempos, todo jogo da série tem um enredo bem fácil de acompanhar e sem muita complexidade em seus temas e na forma que ele as apresenta, mas isso não é tirar nenhum mérito dele, ele faz isso excepcionalmente bem e não quer encher muito a cabeça do jogador com diferentes temas, é uma linha reta fácil e confortável de seguir, mesmo que eles têm que brincar com ela para se renovarem.

Aqui temos um Dragon Quest de uma das primeiras gerações de videogames, então temos um simples enredo de um herói destinado a uma jornada aos seus 16 anos para derrotar o monstro Baramos. O jogo é simples assim, com algumas nuances em sua árdua jornada que dá margem a um tipo de world-building interessante a série.

Temos boas interações com os NPCs do jogo e adições novas no enredo dele, que apesar de não fugir de sua simplicidade, nos mostra uma certa profundidade digna de atenção.

Por exemplo: o pai do herói anteriormente fez a mesma jornada que estamos destinados a trilhar, e ele simplesmente desapareceu sem deixar rastros, e claro que esse mistério de seu paradeiro vai desenrolando no decorrer do jogo, temos flashback e cenas novas com o pai do herói como adicionais nesse remake, e suas interações com a mãe do Herói é de longe a melhor coisa do jogo em que se diz respeito a diálogos, e a do herói com a sua mãe idem.

Mas o jogo não foge muito disso. Seu grupo de personagens inclusive são todos mudos como o protagonista, aqui eles são apenas aventureiros contratados que buscam desafios pelo mundo, e te seguem sem dar um piu sequer, personagens da party com personalidade só vão ser introduzidos nessa série um pouco depois desse título.

Mas isso definitivamente não é um contra do jogo, claro que vai depender de você gostar disso ou não, mas não é algo que atrapalha a experiencia do jogo que é explorar esse vasto mundo cheio de maravilhas e perigos.

Clássico refinado

Cada personagem possui classes definidas ou por você ou pelo jogo, entre elas temos os clássicos como Guerreiro, Mago, Ladrão, Clérigo etc. E temos umas mais doideras como Mercador e o Gadabout – que é a classe mais difícil de lidar, mas uma das que mais vale a pena investir, como o Magikarp nos Pokémons clássicos!

Além disso temos uma junção de outras escolhas como personalidades, que combinadas com a classe certa podem trazer vantagens para os jogadores, mas somos livres para escolhermos como queremos moldar a nossa party, é um sistema de Jobs bem simples, mas extremamente funcional e divertido de brincar, mais pra frente no jogo temos mais Jobs disponíveis e a possibilidade de trocar as classes, o que nos da margem de fazer combinações de classes e habilidades.

Akira sempre foi um dos maiores responsáveis por Dragon Quest e a sua identidade, eu quase não consigo imaginar como a série vai se virar sem ele para fazer novos designs de personagens

Mas por sorte, a arte desse remake não fica pra trás, ela definitivamente manteve o charme da arte do Akira intacto.

Voltando a falar do jogo, o sistema de batalha dele é simples como um jogo de turno clássico deve ser, cada um esperando a vez do outro, em uma ordem definida pelo jogo, com opções de Ataque, Defesa, Magia, etc.

O remake adiciona melhorias como aumentar a velocidade do combate (que é extremamente necessário em toda versão nova de Dragon Quests); As armas dos personagens é mostrada em batalha; HP e MP é restaurado quando os personagens evoluem, e temos uma série de novas magias e itens ao nosso dispor, que faz as lutas serem ainda mais engajadas.

A exploração do mundo também foi melhorada consideravelmente, os mapas são maiores que no jogo original, temos itens novos para instigar a exploração dos mesmos, podemos sair das dugeons com a magia Zoom, temos mapa e mini-mapas, além de marcadores para nos ajudar a nos encontrar o nosso objetivo com mais facilidade (que podem ser desativados por sinal), novas áreas, e por aí vai.

Sem contar que a trilha sonora maravilhosa ajuda muito a você ficar engajado na aventura, ela adiciona essa pitada mágica e clássica que virou uma das marcas de Dragon Quest durante os anos, e é algo que eles provavelmente nunca vão mudar.

Essa nova versão de Dragon Quest III foi uma boa pedida numa época em que a minha vida se encontrava com uma agenda muito cheia, encontrar um tempinho para explorar o seu mundo e bater nos bixos mais carismáticos dos JRPGs foi um bom alívio de um dia cheio, infelizmente foi aos passos de tartaruga, mas foi indo.

Esse remake me fez ficar bastante empolgado com os remakes do primeiro e segundo jogo, é definitivamente uma das melhores formas de jogar esses clássicos, mas ainda assim, eu gostaria que a Square nos desse alguma forma de jogar a versão clássica 8-BIT desses DQs, essa inclusive era uma ótima feature do Dragon Quest XI S onde podíamos alternar de gráficos 3D para algo mais clássico em 8-BITs, e era uma feature e tanto, infelizmente não ocorreu aqui.

Mas definitivamente não vejo como a Square poderia ter melhorado mais esse terceiro título, que já era em sua época um dos jogos mais influentes de sua geração.

Apenas uma melhoria na qualidade de vida era suficiente, a única forma de passar disso é fazendo um remake do 0 completamente em 3D, que sinceramente, não faz sentido nenhum para esses Dragon Quests mais clássicos, somente se por algum motivo insano a Square decidir rebootar a franquia completamente, e sabemos que isso nunca irá acontecer.

Um agradecimento a Nuuvem por ter disponibilizado a chave do jogo para realização dessa review.

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Escritor Freelancer, tenho como paixão primária em videogames e principalmente em JRPGs, apesar de amar cultura pop em geral.