O EA Sports FC 26 já está disponível e promete mais uma vez balançar o mercado dos simuladores de futebol. Depois de um EA FC 25 que trouxe lampejos de evolução, a expectativa era de que a EA Sports pudesse consolidar as mudanças e finalmente entregar uma experiência mais completa, principalmente para quem prefere os modos offline.
Vale destacar que esta análise foi feita após as 10 primeiras horas de gameplay através do EA Play, em sua versão de nova geração (mais especificamente PC). Como sempre, o foco no Conecta Geek é o Modo Carreira – espaço, inclusive, onde realmente é possível sentir as mudanças desta edição.
Jogabilidade Autêntica: o respiro que a franquia precisava
Sem rodeios: a maior adição de EA FC 26 é a separação clara entre a Jogabilidade Autêntica e a Competitiva. Essa decisão, que parece simples, muda completamente a forma de jogar e faz com que, enfim, grande parte da comunidade seja ouvida.
Na Autêntica, o jogo finalmente volta a entregar algo ao menos mais próximo de uma simulação de futebol real. Partidas mais cadenciadas, ritmo mais lento, desgaste físico perceptível e um peso maior para cada passe e finalização. Para quem sonhava em voltar a ter um modo offline decente sem precisar perder horas ajustando sliders (e se decepcionando a cada atualização do jogo onde esse trabalho era jogado no lixo), é um verdadeiro alívio. Ainda há espaço para melhorias em busca de maior realismo, e há de se ter medo das mudanças que futuras atualizações mensais trarão. Ainda assim, pela primeira vez em anos temos uma base sólida para acreditar no futuro da franquia em questão de jogabilidade.
Já a Jogabilidade Competitiva segue como a velha conhecida dos modos online. Mais velocidade, mais gols, mais chances a cada jogo. Ela cumpre seu papel, mas dificilmente agradará aos que buscam uma experiência autêntica e, como sempre, dividirá opiniões até mesmo dos adeptos do online.
O importante aqui é que, pela primeira vez, cada jogador pode escolher o que prefere sem precisar passar horas arrumando gambiarras. Vale destacar também que é impossível jogar os modos online com a jogabilidade autêntica, o que pode ser um pouco chato para quem curtir o estilo e gostaria de utilizá-lo em amistosos ou torneios com amigos que pensam igual.

Modo Carreira: novidades muito bem-vindas, mas podia ser melhor
A Carreira de Treinador segue com um dos principais destaques, mas ainda carrega frustrações presentes nos últimos anos. Ainda temos menus confusos, sistema de olheiros para base limitado (continua sendo apenas um por país, algo inexplicavelmente ultrapassado), dentre outros probleminhas chatos que os jogadores, infelizmente, estão acostumados a lidar.
Por outro lado, há novidades interessantes. Os “Eventos Inesperados” — como um jogador com mal-estar antes de uma partida, problemas financeiros de última hora ou crises de vestiário — adicionam dinamismo e trazem doses extras de realismo às partidas. Verdade seja dita, essa é daquelas atualizações que podem causar discórdia: em alguns momentos, elas quebram o ritmo de jogo, mas em outros trazem exatamente o tempero que faltava.
A EA também incluiu cenários pré-definidos para cada save, com objetivos e restrições próprias. Pessoalmente, não me agradou. Os desafios disponíveis no lançamento pareceram artificiais e pouco atraentes. Ainda assim, a ideia pode ser promissora em futuras atualizações.
Pequenos ajustes, como a possibilidade de liberar jogadores antes de iniciar uma carreira e um mercado interessante de técnicos, são detalhes simples, mas bem-vindos. Já a possibilidade de incluir ídolos aposentados nos elencos soa estranha — desnecessária até — mas é inofensiva, podendo agradar jogadores mais saudosistas ou criadores de conteúdo.

Modo Jogador: ainda um placebo
Assim como no FC 25, a Carreira de Jogador pouco evolui. A principal novidade é a melhoria do “Modo Goleiro”, que adiciona alguma variedade de movimentos e objetivos, mas não é suficiente para mudar a percepção geral de estagnação.
Os arquétipos seguem a mesma lógica do ano passado, com algumas classes extras, mas ainda falta profundidade para realmente transformar a experiência.

Táticas que afastam ao invés de aproximar
A EA insiste em seu novo formato tático, implementado no FC 25, e a frustração só aumenta. O que parecia promissor na teoria se tornou mais confuso na prática. Após duas edições e centenas de partidas, é impossível não sentir falta do antigo sistema de organização tática, que era mais intuitivo e funcional.
O FC IQ, prometido para refinar a inteligência artificial, traz alguns avanços nos movimentos ofensivos para o EA FC 26 – companheiros se movimentam melhor e oferecem mais opções de passe -, mas defensivamente a IA segue vulnerável, abrindo espaços de forma irreal em diversos momentos.
Assim, muitos jogadores podem ter a percepção do jogo estar “fácil demais”, algo recorrente dos últimos anos – a propósito, fica a dica: fujam da dificuldade Ultimate, ela segue como uma grande farsa, dando a impressão de apenas aleatorizar a jogabilidade e as habilidades dos jogadores durante as partidas para parecer mais desafiador.

Licenças continuam sendo o calcanhar de Aquiles da EA Sports
O problema das licenças persiste e incomoda bastante. A Liga Italiana continua com gigantes genéricos e sem qualquer esforço para disfarçar, algo que quebra a imersão de qualquer Modo Carreira.
O futebol brasileiro, como o esperado, segue abandonado: elencos genéricos, ausência da Seleção Brasileira e uniformes limitados ao Ultimate Team. Para um público que consome tanto a franquia, a falta de atenção da EA chega a ser constrangedora, principalmente após fortes rumores da chegada de novas ligas, incluindo o retorno do Brasileirão. Não sabe do que estou falando? Se ambiente abaixo:
- Brasileirão licenciado? Veja como estão os times brasileiros no EA FC 26
- Novas ligas? Confira todos os times do EA FC 26 e entenda a polêmica que irritou parte da comunidade

RUSH e outros modos: esquecíveis
O RUSH, apresentado como alternativa ao “falecido” VOLTA, continua irrelevante. Até diverte em algumas partidas, mas rapidamente cai na mesmice. É difícil imaginar que a EA ainda invista nele e em qualquer novo modo offline em futuras edições. E pensando bem, melhor que seja assim…
Clubs e Ultimate Team seguem com as mesmas fórmulas. No caso do UT, as cartas especiais parecem estar melhor distribuídas, mas ainda estamos falando do mesmo “cassino” de sempre. Já o Clubs permanece como o mais divertido modo online da franquia, mas sem grandes novidades nesta edição.

Gráficos e atmosfera estão ótimos, mas são mais do mesmo
Visualmente, EA FC 26 não traz nenhuma revolução. Rostos de craques continuam impressionantes, enquanto atletas menos famosos seguem com modelos genéricos que destoam da realidade – a tecnologia CRANIUM encantou à primeira vista no FC 25, mas aqui já não é suficiente e perdeu o fator inovação. Os efeitos climáticos tiveram melhorias pontuais: partidas na chuva, por exemplo, estão mais convincentes, mas no geral, a sensação é de que se está diante do mesmo jogo há três anos no quesito visual.

A trilha sonora e a narração seguem competentes, mas sem grandes destaques. A falta de novidades nesse aspecto reforça a sensação de que a EA foca quase exclusivamente na jogabilidade. A opção de montar sua própria playlist com músicas icônicas de edições passadas seria sensacional. Infelizmente, sabemos tratar-se de um sonho praticamente impossível de se realizar, espeialmente pelas questões de direitos autorais.

Vale a pena investir no EA FC 26?
EA FC 26 acerta no ponto mais importante: a jogabilidade. A separação entre Autêntica e Competitiva é um divisor de águas e deve permanecer como pilar central da franquia para atingir todo o tipo de usuários daqui em diante.
Por outro lado, o Modo Carreira continua preso entre boas ideias e velhos problemas. As novidades são bem-vindas, mas insuficientes para revolucionar a experiência. Já os demais modos, incluindo UT e RUSH, pouco evoluíram.
Se comparado ao FC 25, há sim avanços perceptíveis, principalmente para os que buscam realismo no offline. Mas a sensação ainda é de uma franquia que caminha a passos curtos e cobra cada vez mais caro de sua comunidade.
No fim das contas, a recomendação segue a mesma dos últimos anos: espere por uma promoção. EA FC 26 entrega uma evolução importante na jogabilidade, mas ainda não justifica o preço cheio de lançamento.

Leia também:
- EA FC 26 | 7 times para o seu primeiro Modo Carreira no lançamento
- EA FC 26 | 15 promessas para começar bem no Modo Carreira
- EA FC | Como melhorar seus cobradores de falta no Modo Carreira
- EA FC | Como um Modo Carreira realista pode te ensinar além dos games
- EA FC 26 promete corrigir problema recorrente do Ultimate Team; saiba o que muda
Deixe uma resposta