Eternal Strands
Eternal Strands

Review | Eternal Strands é ambicioso, mas falta qualidade e orçamento

Visual maravilhoso, mas um combate decepcionante

Quando desenvolvedores de alto nível, ex-Bioware, deixam o amado estúdio e formam algo novo, seria sensato prestar atenção. Afinal, a equipe é conhecida por títulos lendários como Mass Effect, Dragon Age, Knights Of The Old Republic, Baldur’s Gate e muitos outros. Assim, a review de Eternal Strands foi construída baseada em uma boa expectativa com o jogo.

Mike Laidlaw, o designer por trás de vários jogos Mass Effect e Dragon Age, deixou a Bioware para formar a Yellow Brick Games em 2020. E agora, o trabalho de estreia de sua equipe, Eternal Strands, finalmente chegou.

Ostentando visuais deslumbrantes e uma mistura intrigante de mecânicas de jogo, o título de estreia da Yellow Brick Games pode ser considerado no mesmo nível dos trabalhos anteriores de Laidlaw? Essa é a pergunta que muitos fãs estão se fazendo. Confira a minha review de Eternal Strands e saiba se o jogo corresponde às expectativas ou decepciona.

Esta review de Eternal Strands foi realizada na versão de PlayStation 5 do jogo, com um código cedido, gentilmente, pela Yellow Brick Games.

Eternal Strands possui uma história esquecível

A história de Eternal Strands é direta em muitos aspectos, mas sua entrega complexa pode dificultar o acesso. De fato, Eternal Strands narra a jornada de Brynn e seu grupo de Weavers em uma região inexplorada do mundo. Eles buscam respostas sobre uma civilização perdida conhecida como Enclave.

Além disso, a região é o lar ancestral dos Weavers, repleta de criaturas mágicas e mistérios. No entanto, condições climáticas hostis e uma ameaça latente, que causou o conflito inicial, também marcam a região.

Em um nível superficial, o enredo é simples e compreensível. Após 10 a 15 horas de jogo, todas as peças se encaixam para o jogador. Contudo, Eternal Strands apresenta uma grande quantidade de terminologia desde o início. Sem consultar o códice do jogo, pode ser difícil acompanhar as conversas, devido à variedade de termos desconhecidos.

Ademais, a escrita densa torna a absorção da informação árdua. Consequentemente, o enredo do jogo pode ser relegado a segundo plano, devido à dificuldade de acesso.

Além disso, o jogo não facilita a vida do jogador. Em vez de reunir os principais personagens para uma conversa fluida, o jogador precisa interagir com várias pessoas para obter informações sobre um único tópico. Essa abordagem fragmentada torna a experiência menos coesa.

A jogabilidade de Eternal Strands

Eternal Strands, em muitos aspectos, é um jogo de ação e aventura bastante convencional. No entanto, vários sistemas adicionais o diferenciam. Brynn, a protagonista, utiliza três armas distintas em combate: espada e escudo, arma de duas mãos e arco e flecha. Além disso, ela domina magias conectadas a três elementos: fogo, gelo e telecinese.

Assim, o jogador viaja da base para diversos locais, enfrenta inimigos variados, coleta materiais de criação e encara oponentes “épicos” gigantescos. Esses inimigos colossais, como arcas, dragões e wyrms, exigem uma abordagem de combate diferenciada.

Diferentemente do combate padrão, que envolve atacar, atirar, bloquear e aparar, esses inimigos épicos exigem o uso da mecânica de escalada do jogo. O jogador gerencia um medidor de resistência limitado para correr, pular e escalar. Com isso, explora alturas para atacar os pontos fracos dos inimigos.

Ao escalar os inimigos, Brynn ataca partes enfraquecidas e executa manobras para expor o “Ponto de Locus” da criatura. Ao atingir esse ponto, Brynn pode derrotar a besta e coletar sua essência, fortalecendo suas habilidades mágicas.

Entretanto, alguns inimigos podem ser desafiadores devido à armadura ou design complexo. Isso significa que o jogador pode atacar partes do corpo indesejadas. Além disso, os inimigos agarram e sacodem Brynn, tornando a escalada desafiadora, no melhor estilo de Shadow of the Colossus.

Apesar disso, essa mecânica de escalada é uma adição bem-vinda e oferece uma mudança de ritmo em relação ao combate normal. Embora o combate padrão possa se tornar repetitivo devido à falta de variedade de inimigos, a escalada adiciona uma camada estratégica e emocionante.

O combate decepcionante de Eternal Strands

Primeiramente, enfatizo nesta review de Eternal Strands que o combate do jogo é o ponto mais fraco do título. Apesar de apresentar boas ideias, é muito decepcionante. Embora o jogador possa combinar elementos como gelo, fogo e telecinese para criar combos interessantes, a execução é medíocre. De fato, a sensação de impacto dos golpes é praticamente inexistente. Os inimigos parecem esponjas, absorvendo golpes sem demonstrar reação.

Além disso, falta qualidade no combate. A experiência se torna repetitiva e frustrante, chegando a momentos em que o jogador deseja evitar confrontos. A falta de desafio e variedade nos inimigos contribui para essa sensação de desânimo. Em suma, o combate de Eternal Strands é decepcionante e prejudica a experiência geral do jogo.

O dinamismo do ambiente

Assim como os elementos mágicos à disposição do jogador, os ambientes de Eternal Strands também se transformam devido às mudanças climáticas extremas que afetam a região. Em algumas visitas a um local, o jogador desfrutará de céus limpos. Em outras ocasiões, a região estará sob calor, nevascas ou altos níveis de miasma.

Para combater essas condições climáticas adversas, de forma semelhante ao que se vê em The Witcher, Brynn pode consumir poções que conferem imunidade temporária ao calor ou frio extremos. Além disso, os inimigos na região também se adaptam ao ambiente.

Ao enfrentar inimigos, incluindo as criaturas épicas, o jogador pode usar o clima a seu favor, fortalecendo suas magias e causando mais dano. Por exemplo, em um dia de calor intenso, o jogador pode usar magias de fogo para incendiar a grama, prendendo e derrotando um inimigo. Outra opção é explorar a fraqueza de uma fera épica, utilizando o ambiente para causar mais dano.

Cada mudança ambiental apresenta vantagens e desvantagens (com exceção do miasma, que é sempre prejudicial). Portanto, cabe ao jogador adaptar sua estratégia e tirar o máximo proveito das condições climáticas.

Criação e utilização dos recursos

Anteriormente, mencionei os recursos de criação, abundantes em cada ambiente. O jogador os encontra ao derrotar inimigos, destruir elementos da natureza ou construções e vencer inimigos épicos. Ao retornar ao acampamento, Brynn utiliza esses recursos para criar novas armas e armaduras, aprimorar equipamentos existentes e até mesmo trocar materiais para reconstruir o equipamento com diferentes resistências elementais e atributos aprimorados.

De fato, o jogo oferece um nível impressionante de profundidade no sistema de criação, sem ser difícil de acessar. Além disso, o jogador pode interagir com os outros Weavers para aceitar missões de companheiros ou aprender mais sobre o mundo.

Ademais, o número de missões secundárias é limitado, o que é positivo. Essas missões, semelhantes às missões de lealdade de Mass Effect, aprofundam a história dos personagens e oferecem uma excelente oportunidade para conhecer o grupo de Brynn.

O visual é o ponto forte de Eternal Strands

A apresentação de Eternal Strands é um dos seus grandes destaques. Os ambientes são únicos, excelentemente projetados e cheios de vida e cor. Além disso, os personagens transbordam personalidade, tanto na escrita quanto no design visual. A dublagem de alta qualidade eleva ainda mais a imersão.

Bem como, a trilha sonora do jogo é sutil, mas eficaz. O efeito sonoro de uma fera épica, por exemplo, é de arrepiar. No entanto, a apresentação peca na animação durante os diálogos. Os personagens mal se movem enquanto falam, apenas um destaque indica quem está falando.

Além disso, as cutscenes não se integram bem com os visuais do jogo. Cutscenes em computação gráfica ou no próprio motor do jogo teriam sido mais eficazes. Em suma, a apresentação de Eternal Strands é um misto de qualidades e alguns pontos fracos.

Considerações Finais

Como resultado desta Review de Eternal Strands, apesar de ter áreas que precisam de melhorias, o título oferece muitos elementos positivos. Caso a equipe continue a desenvolver a franquia, eles estabeleceram uma base de jogabilidade envolvente. Essa base, com algumas melhorias de qualidade de vida, pode atingir níveis incríveis.

Além disso, um pouco mais de qualidade nos diálogos e na exposição da história fortalecerá o jogo. Atualmente, essa parte deixa um pouco a desejar, e alguns jogadores podem até pular as conversas para voltar à ação, assim como eu fiz algumas vezes.

No entanto, há muito o que aproveitar em Eternal Strands. O jogo proporciona uma experiência de 20 a 25 horas que vale a pena conferir. Resumindo, Eternal Strands é um jogo promissor que, com alguns ajustes, pode se tornar ainda melhor, mas essa foi a minha experiência com o título. Cada jogador possui sua maneira de ver e sentir uma obra, portanto, jogue e tenha suas próprias conclusões.

Eternal Strands está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X e Series S, Xbox Cloud Gaming e PC. Vale ressaltar que o título chegou no dia do lançamento ao serviço Game Pass.

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Apaixonado por games, filmes, séries, músicas, HQ's e por cachorros. Jogos desafiadores são meus preferidos. Jogo, assisto, ouço, leio e, às vezes, exerço minha profissão de professor.