Desenvolvido pela 11 bit studios também responsável pelo primeiro “Frostpunk” e por “The Alters” (que foi uma das maiores surpresas que tive esse ano). Frostpunk 2 é uma continuação que busca expandir e simplificar ideias do primeiro jogo. Ele é um RTS (Estratégia em Tempo Real) focado na sobrevivência da humanidade perante o fim do mundo numa nevasca pior que a tivemos na era do gelo, a ambientação do jogo também é bem semelhante à série “Expresso do Amanhã”, que a humanidade também enfrenta um pós-apocalipse gélido, e precisa sobreviver com poucos recursos e máquinas que aumentam a temperatura ambiente.
Não tive muita experiencia com o primeiro jogo, mas tenho bastante admiração pelas ideias que a 11 Bit explora, e principalmente como eles executam essas ideias, mas também estou ciente que Frostpunk 2 não agradou uma parcela de fãs.
O jogo foi enviado pela 11 bit studios para a produção dessa review!
Politicamente cruel

Frostpunk 2 é dividido em cinco segmentos, começamos no prólogo onde somos introduzidos ao que vai passar a ser futuramente a metrópole que precisamos gerenciar, cuidar, e comandar e aqui vemos o nascimento dos ideais das facções que vão se tornar parte central do jogo.
Em comparação ao primeiro jogo, aqui é mais sobre política que a sobrevivência de certo modo, mas ainda focado nesse ambiente hostil e terrível que envolveu o mundo, contudo o jogo se foca bastante nesse conflito entre facções e como você lida com elas, o que é interessante em certo modo, é legal ver como as coisas se desenrolam.
Claro que ser o líder de uma cidade a mercê do apocalipse também é uma forma de sobrevivência, mas aqui o conflito politico é bem mais central e muito bem-feito.
Os elementos políticos do jogo também são essenciais para criar a atmosfera dele, e você como líder precisa gerenciar várias pessoas que também tem diversos tipos de visões políticas, entre trabalhadores, naturalistas, religiosos, extremistas, e por aí vai.

Eu tenho uma teoria que a 11 bit ama nos mostrar como é horrível ser um líder, mas eles mostram isso da forma mais crua possível, nos encontramos nas situações mais extremas e bizarras que precisam de medidas extremas para garantir a nossa sobrevivência, eles levam nossa moral de escolha ao extremo, e Frostpunk 2 continua fazendo isso muito bem, nos forçando a tomar decisões que às vezes não podem ser agradáveis (ninguém quer forçar crianças a trabalhar para sobreviver, imagino) mas que possam nos ajudar em prol da nossa sobrevivência. Às vezes situações extremas requer medidas extremas, e não temos muita escolha.
A forma que eles integram a narrativa ao jogo é muito interessante, e toda a apresentação visual com o complemento do enredo também deixa tudo em um nível acima da média.
Visualmente intrigante e bem criativo

Frostpunk 2 tem um salto interessante em relação ao primeiro, ele não foi tão longe visualmente, mas artisticamente a evolução foi mais interessante.
Temos ótimas sacadas visuais quando ocorrem eventos importantes que podem mudar o rumo da história, além da apresentação visual de toda a estrutura construída que continua excelente.

Sendo um RTS ele tem essa câmera voadora que é marca do gênero, mas você pode dar um zoom nas construções e observar vários NPCs interagindo e agindo em certas situações, e isso é bem maneiro.

Os concelhos políticos que acontecem também possuem um tipo de custcene especial, onde eles conversam e às vezes podem rolar até alguns atritos a mais.
Não tive problemas com a otimização na plataforma PS5, mas eu vi algumas pessoas reclamando a respeito, porém, o jogo é bem otimizado, e não engasgou em nenhum momento comigo, apenas alguns bugs visuais ocorreram, como na tradução em PT-BR do jogo, onde ainda aparecia algumas legendas em inglês, mas nada que incomode tanto, e é um tipo de coisa que ocorre bastante nas localizações para cá. Não deveria ocorrer, mas ocorre com bastante frequência.
Os efeitos sonoros do jogo também complementam bem a experiência, trazendo bastante emoção nas situações, desespero, e alivio em momentos chaves, a narração também é bastante boa, apesar de passarmos maior parte do nosso tempo lendo aqui.
Complicado, mas bem ajustado para consoles

RTS e console tem um repertório que não casam muito bem, diferente de FPSs (tiro em primeira pessoa) que são bem ajustados em controles (hoje em dia), RTSs ainda tem bastante limitação nos controles, principalmente devido ao número de informações que você precisa gerenciar, o que facilita muito com a velocidade do cursor de um mouse, e com a facilidade de poder controlar uma cabine de comando que é um teclado.
Em consoles esses jogos precisam mapear bem as funções dos botões e se virarem para colocar todas as funções de alguma forma nas opções dos jogos, e mesmo com toda dedicação, ainda não teremos a mesma precisão de controle, mas ao menos teremos uma experiência boa o suficiente para curtirmos o jogo, e devo dizer que Frostpunk 2 ficou muito bem-adaptado para os controles.
Claro que demora um bom tempo até você entender todas as funções de todos os botões e opções que o jogo proporciona, o nosso cursor agora é um analógico que não tem a mesma velocidade de um cursor, mas o jogo dá bastante facilidade para essas funções colocando uma espécie de “pause” e “fast-foward” onde o jogo dá uma pausa no seu tempo real para movermos o cursor e pensamos bem na nossa próxima ação, e tem essa função de dar uma acelerada no tempo, para que as coisas se construam rapidamente e o jogador não fica horas esperando uma construção acontecer, mas se você não se atentar, o tempo pode passar rápido demais e pode perder o controle do tempo que você gerencia, e os dias, os meses e os anos aqui em Frostpunk 2 são muito importantes.

Precisamos nos proteger das ondas glaciais bruscas, e outros acontecimentos que irão ser introduzidos nos próximos capítulos ao longo do jogo, que acontecem nesse mundo, e temos dias contados até ela chegar (mais ou menos como funciona a chuva solar de The Alters), então temos que conseguir recursos e mantimentos o suficiente até ela chegar, e ninguém passar um perrengue tremendo até avançarmos mais no jogo, feito isso o ciclo se repete até migrarmos para nossa próxima evolução junto aos residentes da nossa cidade.
Guardar recursos também é muito importante para o jogo, e é uma das chaves do sucesso, mas, além disso, você precisa lidar com escolhas políticas, a temperatura ambiente de várias localizações, racionar bem os alimentos e até mesmo ter uma boa relação com andarilhos e outras populações que ocupam os cenários que nos encontramos, é bastante coisa para gerenciar, e bastante coisa para se preocupar, mas isso é do perfil do gênero, e com o tempo você acaba pegando o jeito, mesmo se estiver com um controle, e não um Teclado e Mouse.
Considerações finais

A 11 Bit Studios ficou bastante popular com o primeiro Frostpunk, trazendo um RTS de sobrevivência diferente, bastante corajoso, difícil e um tanto cruel com a forma que precisamos interagir com o mundo ao nosso redor, e Frostpunk 2 não fica muito na sombra dele, mas me parece um pouco menos punk que o primeiro jogo, porém, em uma direção que faz um certo sentido para um título continuação.
Se o primeiro jogo focava em sobrevivência, o segundo tenta expandir mais e nos mostrar outras situações políticas em uma humanidade que se encontra mais firme em sua existência, mas que ainda é bastante extrema para garantir que a humanidade vai prevalecer em uma utopia futura, nem que seja preciso forçar crianças a trabalharem por isso!
No mais, o lançamento nos consoles foi bastante bom, os controles são um pouco difíceis de decorar, mas ainda assim tem uma adaptação bastante satisfatória e que com o tempo, faz o jogador se sentir bem à vontade, e não deve muita coisa do teclado e mouse.
Fico bastante feliz que hoje em dia temos mais RTS nos consoles. Eu sempre fui uma pessoa que prefere jogar em consoles, mas amava bastante o gênero, e sempre me senti excluído por não poder experimentar um Civilization ou Age of Empires no console, e ainda bem que isso mudou bastante desde a oitava geração.
Finalmente as desenvolvedoras aprenderam a adaptar o gênero para os controles de consoles, e é difícil não termos mais um jogo RTS de fora dos consoles, isso se deve bastante ao avanço tecnológico e nos estudos que tivemos ao longo das gerações, e claro, a importância do lançamento multi-plataforma, que é extremamente comum hoje em dia.
A 11 bit fez um trabalho muito competente (novamente) com o lançamento de Frostpunk 2 nos consoles, e é sempre uma adição e tanto ter esses jogos na biblioteca!
Um agradecimento a 11 bit studios por essa review!
Frostpunk 2 está disponível para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.
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