Review | Ghost of Yotei: uma história sobre vingança e reflexões sobre o tema

Ghost of Yotei chega com uma proposta simples, mas que funciona perfeitamente.

“Ghost of Tsushima” foi uma grata surpresa quando chegou em 2020, conquistando fãs que há tempos sonhavam com um “Assassin’s Creed” ambientado no Japão. A jornada de Jin Sakai reacendeu o interesse pela temática samurai e, desde então, muitos esperavam uma continuação. É aí que surge Ghost of Yotei, uma sequência que surpreende justamente por não seguir o caminho mais óbvio.

Uma história de vingança

Logo de início, conhecemos Atsu, a nova protagonista. A história se passa cerca de 300 anos após os eventos de Tsushima, o que torna o jogo uma sequência independente: você pode jogá-lo tranquilamente sem ter conhecido o título anterior.

Em Ghost of Yotei, acompanhamos Atsu, uma guerreira marcada pelo trauma de ter visto sua família ser assassinada diante de seus olhos, há 16 anos, pelos chamados Seis Yoteis. A trama gira em torno de sua busca por vingança, onde ela persegue cada um dos responsáveis para matar eles.

O combate contra o primeiro Yotei acontece logo no início. (Reprodução: Paulo Vitor)

Apesar de seguir o clássico clichê de histórias de samurais, o enredo surpreende com arcos bem construídos, oferecendo contexto sobre o que cada assassino fez na noite do massacre, além de um desenvolvimento sólido de personagens secundários que prendem o jogador.

A cada novo arco, conhecemos figuras que ajudam Atsu a reunir informações sobre seus alvos, enquanto realizamos missões secundárias que concedem itens cosméticos, armas ou melhorias.

Parece uma obra de arte

Desde os primeiros minutos, o que mais impressiona é a beleza dos cenários. Montanhas cobertas de neve e árvores floridas compõem uma paisagem que enche os olhos. Além disso, o jogo acerta no enquadramento da imagem durante as cavalgadas, com o uso das tarjas pretas que lembram proporções cinematográficas, valorizando ainda mais o visual.

Outro ponto de destaque é a trilha sonora, que mergulha o jogador em um verdadeiro universo samurai. Totalmente orquestrada com instrumentos tradicionais, como o Shamisen e flautas da época, a música transmite calma e imersão enquanto exploramos o mundo.

Mundo aberto equilibrado

O mapa de Ghost of Yotei é um exemplo de design bem equilibrado para um jogo de mundo aberto. O mundo não é enorme, mas cada canto reserva alguma atividade, desde caçadas, desafios de bambu, fontes termais e outras tarefas. Tudo rende recompensas, o que faz o jogador querer explorar sem cair na sensação de repetição.

O ritmo é bem dosado. Mesmo com várias missões secundárias, o jogo nunca cansa. Cada objetivo cumprido gera alguma recompensa, como moeda, trajes, armas ou pistas sobre os próximos alvos na história principal.

Para quem prefere agilidade, o sistema de viagem rápida é impressionante. Basta selecionar o destino, e em menos de dois segundos o carregamento termina. É algo que realmente facilita para quem deseja explorar o máximo possível.

Combate de primeira

No início da jornada, Atsu dispõe apenas de uma Katana, mas conforme a campanha avança, novas armas e técnicas são desbloqueadas. Essa progressão evita que o combate se torne repetitivo. Uma das habilidades mais marcantes, por exemplo, permite o uso de duas katanas ao mesmo tempo, onde é eficaz contra inimigos que usam bastões, já que eles bloqueiam melhor ataques individuais.

Além do corpo a corpo, há também combates à distância, com kunais, bombas de fumaça, arcos e flechas de diversos tipos, incluindo as incendiárias. Em alguns momentos, até o uso de armas de fogo se faz presente, ampliando as possibilidades táticas.

Assim como Jin Sakai em Ghost of Tsushima, Atsu também conta com uma técnica especial: o uivo do Ornyo, uma habilidade que causa medo nos inimigos, permitindo finalizações instantâneas, semelhante ao “espírito de fantasma” do jogo anterior.

Algumas observações

Concluí a campanha principal em cerca de 30 horas, fazendo algumas missões paralelas. O jogo não obriga a cumpri-las para prosseguir, mas é altamente recomendável, pois muitas delas garantem armas e melhorias úteis no combate.

Ghost of Yotei está totalmente localizado em português, tanto nas legendas quanto na dublagem, mantendo o padrão de qualidade da PlayStation. Para quem busca mais autenticidade, há também a opção de jogar em japonês, o que deixa a experiência ainda mais próxima dos filmes clássicos de samurai.

Vale a pena?

Ghost of Yotei me surpreendeu positivamente. Mesmo mantendo a essência de seu antecessor, ele aprimora tudo o que se propõe desde o combate, até a ambientação. É um título que entende perfeitamente o que um jogo de mundo aberto deve ser: não o maior possível, mas o mais rico em conteúdo, capaz de entreter do começo ao fim sem cair naquela repetição cansativa e chata.

Agradecimento a PlayStation Brasil por nos enviar uma cópia para a realização do review.

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