God of Weapons é um roguelike que transforma o simples ato de organizar o inventário em uma poderosa ferramenta tática. Embora à primeira vista possa parecer simples, o jogo rapidamente revela uma profundidade surpreendente. A grande quantidade de conteúdo compensa qualquer possível incômodo inicial com a curva de aprendizado ou repetição.
Há dezenas de personagens para desbloquear, cada um com estatísticas e estilos de jogo próprios – sem contar os critérios únicos para liberá-los. Um exemplo: concluir uma partida com 60% de velocidade de ataque. Além disso, a variedade de armas, acessórios e os bônus de sinergia tornam cada tentativa uma experiência diferente.
A busca por novas combinações de itens e por um build overpowered (quebrado) é o principal motor da rejogabilidade. Essa dinâmica mantém a jogabilidade interessante e desafiadora por muitas horas — joguei, por exemplo, cerca de 36 horas até aqui, sempre descobrindo novas formas de otimizar meu inventário e superar os inimigos.

A jogabilidade de God of Weapons será familiar para quem acompanha o gênero: você controla um herói solitário que precisa sobreviver a sucessivas ondas de inimigos em uma arena. Os ataques são automáticos, cabendo ao jogador apenas se mover para evitar projéteis e coletar experiência e ouro. No entanto, é nos intervalos entre as ondas que o diferencial do jogo se revela.

Inspirado por clássicos como “Resident Evil” e “Diablo”, o sistema de inventário em grade transforma o gerenciamento de itens em um quebra-cabeça dinâmico. Cada arma e acessório possui um formato único – semelhante a peças de tetromino – e deve ser encaixado com precisão no espaço limitado disponível. Itens colocados lado a lado podem gerar sinergias, o que exige organização cuidadosa para maximizar atributos e criar builds verdadeiramente poderosas. É essa camada estratégica que impede a repetição e incentiva o planejamento constante.
A transição para os consoles foi, de modo geral, bem realizada. O jogo roda de forma fluida, mesmo com dezenas de inimigos e efeitos simultâneos em tela. Os tempos de carregamento são curtos, e a movimentação com o analógico responde com precisão. O ponto de maior atenção, no entanto, é a adaptação do inventário ao controle: manipular e posicionar os itens na grade é visivelmente mais lento e menos intuitivo do que no PC com mouse, o que compromete um pouco o ritmo entre as ondas. Apesar disso, a funcionalidade permanece intacta, e com um pouco de prática, é fácil se adaptar — embora usuários acostumados à agilidade do mouse possam sentir certa frustração no início.

A trilha sonora e os efeitos sonoros, embora discretos e pouco marcantes, cumprem sua função de ambientação. Já a direção de arte, com visual isométrico limpo e bem definido, se destaca por manter a leitura da ação clara mesmo nos momentos mais caóticos.
God of Weapons não é apenas mais um clone de “Vampire Survivors”. Ele pega a fórmula básica do roguelike de sobrevivência e injeta uma dose inteligente de estratégia, tornando-se um título diferenciado e cativante. A leve curva de aprendizado no controle do inventário nos consoles não compromete a experiência geral, que é sólida, viciante e recompensadora. Para os fãs do gênero que buscam algo além do mero desvio de projéteis, este é um jogo que definitivamente merece atenção.
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