Esta análise foi realizada com código fornecido pela Tequila Works. Agradeço a confiança no trabalho.

Com o encerramento do Google Stadia, um dos poucos jogos que me chamavam atenção da plataforma e tinha exclusividade era justamente GYLT. Mas para a nossa alegria a Tequila Works anunciou um port do título para outras plataformas, finalmente possibilitando mais jogadores curtir essa experiência, que traz uma mensagem importante, mesmo com a simplicidade do jogo, e aqui agradeço a equipe da Tequila Works pelo envio da cópia do jogo para análise.

Lançado originalmente em novembro de 2019 para o Stadia, GYLT chegou agora em julho de 2023 para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series e PC. O jogo aborda de forma muito bem feita, temas como bullying, depressão, ansiedade e principalmente abusos, seja no ambiente escolar ou familiar, algo que infelizmente, é muito comum no mundo real, fazendo com que cada vez mais jovens, busquem ajuda profissional ou na grande maioria dos casos, tentam enfrentar todos os problemas sozinhos, e é aí que a narrativa do jogo toca.

Seu próprio ‘Upside Down’

Assumimos o controle de Sally, uma criança com cerca de 10 anos de idade, que é a única remanescente na busca pela sua prima, Emily, que desapareceu misteriosamente da pequena cidade de Bethelwood e todos já perderam as esperanças de encontrá-la, exceto nossa protagonista. O jogo se inicia com um clima de extrema melancolia, com Sally pregando cartazes de ‘Emily desaparecida’ e ao mesmo tempo questionando porque ninguém mais a procura. Em instantes, somos perseguidos por alguns ‘bullies’ e, ao fugir de bicicleta, caímos em um penhasco, e com a queda Sally, larga a bicicleta quebrada e parte a pé, encontrando um teleférico que supostamente seria seu caminho de volta, mas é teletransportada para um mundo sombrio.

O mundo sombrio, basicamente funciona como o mundo invertido em Stranger Things, onde Sally irá enfrentar todos os seus medos, monstros e entre outros desafios para resgatar Emily e encontrar uma maneira de voltar para sua realidade. E sobre os inimigos, a variedade é bem limitada, temos apenas quatro variações e podemos optar por avançar de forma stealth ou utilizando a nossa lanterna, para enfrentar os inimigos. Sim, a lanterna é nossa “arma” no jogo, já que as criaturas tem fraqueza a luz.

Intuitivo até para os ‘não’ gamers

O ponto negativo fica por conta da dificuldade, desde os inimigos aos puzzles. Tudo é muito fácil de resolver, os inimigos tem uma IA muito fraca, você consegue facilmente concluir o jogo somente no stealth, sem matar nenhum inimigo, inclusive para quem busca todas as conquistas, é um dos requisitos. Os puzzles não dão nenhuma dificuldade para solução, sempre bem simples e intuitivo de encontrar as pistas, deixando as coisas bem rápidas de se finalizar, em um conclusão que deve levar cerca de 5 horas.

O jogo conta com localização PT-BR, mas que na verdade mistura traduções PT-PT, com diversas frases confusas para nós brasileiros, o que é uma pena não ter recebido um suporte melhor nas legendas. Em contrapartida, a Tequila fez um ótimo trabalho, já que mesmo sem opções gráficas, o jogo tem um desempenho muito bom no PS5, sem apresentar quedas de FPS, nem mesmo outros problemas, por mais que o jogo possua um design que lembra bastante O Estranho Mundo de Jack.

Apesar do título seguir cenários de forma linear, em determinados momentos há locais para se explorar, onde encontramos coletáveis, que dão mais detalhes da narrativa e outro tipo que vai nos revelar o “Final Bom”. Isso mesmo, o jogo conta com três finais, sendo dois deles final ruim e um final que seria o verdadeiro, mas para isso, os usuários serão obrigados a explorar e encontrar todos os Habitantes, que são coletáveis necessários. Para os caçadores de conquistas/troféus, GYLT é muito divertido e fácil de se completar.

Simplicidade que vale a pena…

GYLT entrega uma narrativa simples, direta e sem rodeios, que se torna uma crítica necessária a realidade de nossas crianças e jovens, onde são aterrorizados pelos traumas da escola, família e entre outros ambientes tóxicos do nosso mundo real. Onde o mundo sombrio representa da melhor forma possível os nossos monstros e medos. Com visuais fofos, mas uma temática nada fofinha, o jogo é intuitivo e não apresenta dificuldade para aqueles que não estão familiarizados com videogames, se tornando uma obra interessante para um enorme público pela mensagem que traz.

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