Hirogami foi, sem dúvida, um dos jogos independentes que mais esperei neste ano. Quando o vi pela primeira vez em um State of Play, ele imediatamente capturou minha atenção por ser um jogo de plataforma, um gênero que sempre me fascinou pela sua capacidade de combinar desafio e diversão de maneira única.
Além disso, sua arte me chamou muito a atenção, já que sempre curti a estética das dobraduras de origami, com suas formas delicadas e precisas que transmitem uma sensação de leveza e criatividade.
Uma jornada mística de proteção
Em Hirogami, acompanhamos Hiro, um mestre na arte de dobrar papel, que utiliza um leque como sua principal ferramenta e embarca em uma jornada mística para proteger seu lar de invasores digitais perigosos.
A narrativa, embora simples, serve como um pano de fundo eficaz para as ações do jogo, com diálogos apresentados por meio de textos e breves cutscenes que adicionam charme sem sobrecarregar a experiência. O enredo não tenta ser excessivamente complexo, mas consegue contextualizar a aventura de Hiro, trazendo um toque de misticismo que combina perfeitamente com o visual do jogo.
O maior destaque de Hirogami está, sem dúvida, em seu visual. Conforme mencionado, todo o mundo é construído com base na estética do origami. Cenários, personagens, inimigos e até os menores detalhes, como plantas ou objetos interativos, possuem o aspecto característico da arte de dobradura japonesa, conferindo ao jogo uma identidade visual singular e memorável.sa temática, criando uma imersão que faz o jogador se sentir dentro de um mundo de papel vivo e vibrante.
A movimentação em Hirogami é outro ponto alto, lembrando as animações fluidas vistas em “Homem-Aranha: No Aranhaverso”. Esse estilo, que também apareceu este ano em “South of Midnight”, dá aos movimentos uma suavidade que os faz parecerem quase como um desenho animado interativo. É como se estivéssemos controlando uma animação stop-motion, mas com uma fluidez que torna cada salto, ataque ou planar incrivelmente satisfatório. Essa abordagem visual e mecânica adiciona um charme único, fazendo com que cada ação no jogo pareça uma extensão natural da estética de origami.
A essência dos plataformas 3D
O gameplay segue a fórmula clássica dos jogos de plataforma 3D, mas com toques que o tornam especial. Nosso protagonista pode atacar, pular, planar e resolver quebra-cabeças, que variam entre desafios de plataforma e enigmas ambientais. À medida que avançamos, novas habilidades são desbloqueadas, permitindo progredir na história ou acessar áreas antes inalcançáveis. Essas habilidades não apenas expandem as possibilidades de exploração, mas também incentivam o jogador a revisitar fases anteriores para descobrir segredos ou coletáveis escondidos, o que adiciona uma camada de rejogabilidade ao título.
Hirogami é dividido em 10 capítulos, mas alguns deles contêm entre uma e três fases, o que proporciona uma boa variedade de ritmo. Certas fases exigem a coleta de origamis para serem liberadas, obtidos ao completar objetivos específicos em cada fase. Geralmente, cada fase apresenta três objetivos, como restaurar um santuário (meta principal), concluir a fase dentro de um tempo limite ou manter a vida acima de um determinado nível, entre outros. Esses objetivos adicionam um desafio extra ao jogo, mas são bem equilibrados, nunca parecendo injustos ou desnecessariamente difíceis.
Ao longo da jornada, enfrentamos animais corrompidos que, ao serem derrotados, são purificados. Esses confrontos são momentos marcantes, pois cada animal derrotado desbloqueia uma habilidade especial, permitindo que Hiro se transforme em três formas distintas:
- Tatú: permite rolar rapidamente pelo cenário, destruindo caixas e obstáculos no caminho com uma agilidade que lembra um jogo de corrida.
- Sapo: possibilita saltos mais altos, ataques com salto carregado e o uso de uma gosma pegajosa para atordoar inimigos, perfeita para estratégias mais táticas.
- Gorila: capaz de quebrar blocos vermelhos mais resistentes, causar maior dano e escalar superfícies com cipós ou correntes, ideal para superar barreiras físicas.
Cada uma dessas formas pode ser aprimorada com novas habilidades, liberadas ao derrotar chefes. O jogo conta com quatro confrontos contra chefes, sendo os três primeiros responsáveis por desbloquear essas melhorias e o último como o clímax da narrativa. As lutas contra chefes são bem projetadas, exigindo que o jogador combine as habilidades de Hiro e suas transformações de maneira criativa, o que mantém os combates dinâmicos e envolventes.
Pequenos problemas técnicos
Em termos técnicos, Hirogami roda de forma fluida na maior parte do tempo, com raros problemas de desempenho. Contudo, no final do jogo, enfrentei uma queda brusca na performance, acompanhada de uma redução significativa na resolução, semelhante a quando um vídeo no YouTube passa de Full HD para uma qualidade muito inferior. Esse problema, embora pontual, quebrou um pouco a imersão no momento mais crucial da história.
Outro problema, embora menos frequente, foi a impossibilidade de me transformar em animais ou coletar pergaminhos durante uma luta contra um chefe, o que só consegui resolver reiniciando a fase. Felizmente, estes problemas não ofuscam a experiência geral, mas os desenvolvedores podem ajustar estes pontos em uma atualização futura.
Vale a pena?
Hirogami atendeu plenamente às minhas expectativas e foi além em muitos aspectos. É um jogo leve, acessível e prazeroso, especialmente para quem aprecia plataformas. A combinação de uma estética visual diferente, mecânicas sólidas e uma duração que não se estende além do necessário faz dele uma experiência encantadora.
Para aqueles que buscam algo artisticamente marcante, com jogabilidade funcional e uma aventura de curta duração, este título é, sem dúvida, uma escolha ideal.
Agradecimento a Kakehashi Games por nos fornecer uma cópia para review.
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