Ninja Gaiden: Ragebound é um jogo de ação e plataforma em 2D que se passa na vila Hayabusa, paralelamente aos eventos do clássico do NES, enquanto Ryu Hayabusa está nos Estados Unidos para cumprir o testamento de seu pai. Durante sua ausência, a vila é invadida por forças demoníacas, e cabe ao jovem ninja Kenji Mozu proteger seu lar. Discípulo de Ryu, Kenji une forças com a misteriosa kunoichi Kumori, do Clã Aranha Negra. Quando seus espíritos se fundem, ele adquire habilidades únicas, ampliando sua capacidade de combate. O objetivo do protagonista é salvar sua vila, impedir o retorno de um antigo Senhor Demônio e provar-se digno do legado dos Hayabusa. O jogo foi desenvolvido pela The Game Kitchen e publicado pela Dotemu sob licença da Koei Tecmo.
Evolução do estilo 2D
Ragebound impressiona pela fluidez e precisão de seu combate. Kenji executa saltos acrobáticos, ataques rápidos e pode usar o Guillotine Boost para se manter em movimento constante contra inimigos ageis ou fortes. Além disso, a fusão com Kumori introduz armas como kunais, chakram e kama, adicionando variedade ao combate e incentivando o domínio das mecânicas.

A trilha sonora, composta por Carlos Viola (também compositor de “Blasphemous”), reforça o clima retrô com sintetizadores sombrios, batidas intensas e instrumentos tradicionais japoneses (wagakki). Ainda que seja discreta em alguns momentos, ela contribui fortemente para a atmosfera do game. Comparada aos temas icônicos da série original da Tecmo, a música aqui assume um tom mais dramático e menos arcade, porém combina perfeitamente com a proposta moderna do jogo.
Visualmente, o estilo em pixel art evoca os jogos de 16-bits, mas com animações extremamente fluidas e refinadas. A direção de arte lembra obras como “The Messenger” ou “Cyber Shadow”, mas com uma identidade própria. Ao comparar Ragebound com os clássicos Ninja Gaiden de NES, é possível observar a evolução técnica, porém sem abandonar o espírito da série.

Diferente dos jogos 3D da Era Xbox (como “Ninja Gaiden Black” e “Ninja Gaiden II”), que enfatizavam combates brutais e gráficos realistas, Ragebound por outro lado, opta por um design mais retro mantendo a mesma essência dos reflexos rápidos, precisão do combate. Portanto, pode-se dizer que ele é um elo entre o passado 2D e a modernidade dos jogos indie.
A narrativa deixa a desejar, apesar da premissa promissora, o desenvolvimento dos personagens Kenji e Kumori é raso e sem perspectiva. Além disso, algumas habilidades como o Guillotine Boost não são bem explicadas no início, o que pode gerar frustração em jogadores menos experientes.
Comparativo com outros títulos da série
Enquanto os clássicos da série Ninja Gaiden dos anos 80-90 priorizavam a dificuldade extrema e uma estética arcade vibrante, Ragebound moderniza essa fórmula com checkpoints acessíveis e combate mais fluido. Em contraste, os jogos da era Xbox focavam em combate 3D profundo e visuais realistas, algo que Ragebound evita, preferindo uma abordagem mais artística e minimalista.
Ainda assim, o jogo consegue capturar a alma da franquia: a sensação de ser um ninja em constante movimento, dominando o espaço e os inimigos com agilidade e precisão. Portanto, mesmo sendo uma reinterpretação indie, Ragebound honra as origens da série — e, para alguns fãs, pode até ser o melhor capítulo 2D desde os anos 80.
Conclusão
Em suma, Ninja Gaiden: Ragebound é uma obra que respeita o passado, mas caminha com firmeza rumo ao futuro. Desenvolvido por The Game Kitchen, o jogo entrega uma experiência intensa, visualmente encantadora e com mecânicas bem ajustadas. Ainda que peque na profundidade narrativa e na duração, sua jogabilidade e trilha sonora o tornam uma adição marcante à série. Se você é fã de ação precisa, plataformas desafiadoras e quer reviver o espírito ninja em sua forma mais estilizada, Ragebound é imperdível.
Ninja Gaiden: Ragebound está disponível para Nintendo Switch, Xbox Serie S|X, Playstation 5 e Pc.
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