Lançado originalmente em 2007 e relançado agora em 19 de junho. RAIDOU Remastered: The Mystery of the Soulless Army (título gigantesco) é a remasterização de um clássico cult de PlayStation 2, e um derivado da série Shin Megami Tensei da Atlus com o subtítulo de Devil Summoner.
A série spin-off Devil Summoner consistem em dois jogos do detetive sobrenatural Kuzunoha Raidou; Soul Hackers; e (claro), Devil Summoner que foi lançado para Sega Saturn e posteriormente para PSP apenas no Japão.

O primeiro lançamento deste derivado no Oeste foi o próprio Raidou em 2007, posteriormente Soul Hackers teve um relançamento para Nintendo 3DS, e desde então (tirando o primeiro Devil Summoner), tivemos acesso a todos os títulos, e devo dizer que eles são ótimos e são atualmente onde a Atlus busca expandir mais nos gêneros e na experimentação, e por conta disso eles são bem únicos e especiais por si só.
Pois bem, aqui temos uma remasterização do primeiro Raidou cujo subtítulo implacável e dramaticamente longo é “O Mistério do Exército Sem Alma”, e devo dizer que é uma remasterização muito competente, que mantém bastante a atmosfera do jogo original, mas que adiciona boas melhorias para deixar o jogo mais moderno e acessível, como um bom remaster deve fazer, mas até isso traz algumas mudanças questionáveis na mesa.
Um mistério instigante

A história de Raidou começa com um estudante nomeado por nós que é treinado na vila de Kuzunoha no Japão em uma realidade paralela a nossa, onde o período Taishō resistiu um pouco mais que o normal.
Aqui esse estudante treina na vila para se tornar um Devil Summoner – que possuem os poderes de ver o sobrenatural, conversar com seres mitológicos e atuar diretamente nessa parte espiritual com o suporte deles, o estudante passa por uma série de provações em um templo no meio das montanhas de Shinoda e se torna o décimo quarto Raidou, junto a esse título, ele ganha um parceiro – um gato falante chamado de Gouto que ajuda Raidou no meio de suas presepadas.
Raidou é enviado então para atuar secretamente em uma agência de investigação como um disfarce para suas investigações sobrenaturais, aqui ele atua junto de Shouhei Narumi – o dono da agência que nós vamos interagir bastante durante o jogo.
Na trama principal, o nosso detetive investiga um curioso e estranho caso sobre Kaya Daidōji, uma garota que vai em sua agência pedindo a eles matarem ela. Kaja então é sequestrada por soldados que utilizam uma armadura vermelha, e é aí que o ponto de partida do jogo começa.
Melhorias bem-vindas, mas um tanto estranhas

Graficamente, Raidou teve melhorias na resolução e algumas mudanças nos modelos entre outras coisas. A vibe insuperável do primeiro jogo continua intacta, e a câmera por sorte continua fixa, dando destaque a ângulos maravilhosos e deixando os cenários bem destacados, o visual do jogo é muito único e a sua ambientação é muito original.
Raidou me lembra bastante mangás clássicos do Osamu Tezuka, e eu não sei se isso foi intencional ou não, mas até o estilo de arte do lendário Kazuma Kaneko nesse título em especifico me lembra um pouco esses mangás do Tezuka, e sem falar que todo esse ar de detetive em um ambiente de outro século japonês é um caso muito único que se vê em outros lugares, Lupin III tem essa mesma vibe e eu não sei explicar de onde isso veio, talvez seja mesclagem da ambientação com a arte, e a trilha sonora.

Enfim, graficamente o jogo está ótimo, as melhorias no gameplay também foram ótimas, o jogo agora não nos teleporta para uma batalha aleatória no meio do mapa, mostrando todos os demônios no mesmo e surpreendentemente deixando eles sem movimentos, o que significa que o jogador precisa entrar na batalha por escolha própria.
Alguns cenários, entretanto, não ficaram bem condensados com essa mudança, não atrapalha nada em si, mas a poluição é maio por conta disso. O original deixava a sua imaginação preencher as lacunas que tinham entre o cenário e as lutas aleatórias, e as vezes isso é até uma solução melhor, mesmo com muita gente odiando esse tipo de mecânica.
A jogabilidade de combate em si também teve melhorias. Raidou original já era mais puxado para o Hack n Slash, aqui a Atlus diminuiu mais ainda o tempo que passamos dando comandos a nossos demônios companheiros, deixando tudo mais automatizado, e fazendo a gente prestar menos atenção em suas ações.
Uma diferença grande no gameplay é que no original podíamos invocar apenas um demônio nas lutas, agora temos direito a dois, o que facilita bastante o combate e a dinâmica dele.

E aproveitando esse gancho, assim como um bom título Shin Megami Tensei, os companheiros de batalha de Raidou Kuzunoha são os demônios que nós enfrentamos nas batalhas, o nosso detetive pode conversar com eles e recrutá-los para o nosso lado depois de enfraquecer eles.
A negociação de demônios é mais simples que a da série principal, aqui precisamos também fazer uma sessão de “buttom smash” para capturar os demônios como pokémons, alguns mais fáceis que os outros, mas não deixa de ser uma mecânica um tanto divertida, e claro, temos um número grande de demônios recrutáveis também.
Por falar nos demônios, o jogo também utiliza as funções deles fora do combate, apesar de ter esse combate mais frenético, RAIDOU também é um jogo onde investigamos a situação atual, então além de meter a porrada em criaturas do além, nós também passamos tempo investigando o caso de Kaya, os demônios nos auxiliam nesses momentos, onde eles podem acessar áreas que o Raidou não conseguiria sozinho, e até mesmo ler a mente de alguns dos civis que estão pelo mapa.

Isso se aplica também as missões opcionais que vamos encontrando durante a jornada.
Trilha Sonora Impecável
A trilha sonora foi composta pelo famoso Shoji Meguro, responsável pela trilha sonora de muitos jogos da série SMT, mas que ficou mais predominante no PS2, compondo inicialmente para Shin Megami Tensei III: Nocturne, mas que começou mesmo no primeiro Persona, e já compôs para a série Devil Summoner no primeiro Soul Hackers.
RAIDOU foi um dos jogos em que ele participou numa leva de eras do PS2, e como todas as suas composições, ele mandou muito bem.
Diferente das trilhas que ouvimos diariamente nos Shin Megami Tensei, ele optou por seguir uma coisa mais estilosa e clássica, casando-se perfeitamente bem com a ambientação do jogo.
Inclusive o jogo também tem dublagem agora, tanto japonês quanto em inglês, algo que não tínhamos na release original de PS2, que também era um padrão dos jogos dessa época, o remaster de Shin Megami Tensei III também ganhou uma dublagem, e uma muito boa por sinal.
Considerações Finais

RAIDOU Remastered: The Mystery of the Soulless Army é uma revitalização muito bem-vinda da série Devil Summoner, um jogo um tanto deixado de lado no PS2 que chegou em seus últimos momentos. Chegou no fim da festa, mas chegou com estilo, e não é diferente com a remasterização, o jogo mantém muito do que fazia ele especial, e as mudanças o modernizaram o suficiente para ser bem aceito por um público mais novo – apesar de que provavelmente um pessoal vai estranhar suas mecânicas um pouco antigas, e a sua estrutura de jogo em geral.
É importante lembrar que na essência, esse é um jogo de PS2, então sua estrutura é de um jogo de PS2. O combate pode ficar um pouco repetitivo com o tempo pois ele não tem a fluidez de um combate mais elaborado como um Devil May Cry por exemplo, então é necessário ter isso em mente ao aproximar de RAIDOU.
Mas recomendo muito o jogo para quem tem interesse na série Shin Megami Tensei, pode ser um bom ponto de partida para a série principal, também recomendo para quem gosta de um jogo com uma vibe Japão clássico e de histórias de detetive, Raidou é sem dúvidas um prato cheio para quem gosta desse tipo muito específico.
No aguardo agora da Atlus decidir remasterizar o segundo jogo de RAIDOU, e quem sabe um dia, trazer Souls Hackers 1 e o primeiro Devil Summoner para nós de alguma forma, seja uma coletânea ou relançamento mais básico mesmo, de qualquer forma são grandes jogos que merecem mais reconhecimento.
Um agradecimento a Sega por terem disponibilizado o jogo para análise!
RAIDOU Remastered: The Mystery of the Soulless Army está disponivel para PlayStation 4 e 5, Nintendo Switch e Nintendo Switch 2, Xbox Series e PC.
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