Review | Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven – Cada escolha conta uma história

Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven é o remake do clássico JRPG de 1993, originalmente lançado para o Super Famicom sendo o quinto título da franquia e foi desenvolvido pela Xeen Inc., mesma equipe responsável pelo remake de “Trials of Mana”. O jogo resgata a essência do original com um visual moderno, jogabilidade aprimorada e novos conteúdos que prometem agradar tanto aos fãs veteranos quanto aos novatos.

De cara é preciso dizer que o jogo não é cansativo do mesmo jeito que SaGa Frontier, outro título da mesma franquia. Portanto, vale a pena deixar o preconceito de lado em relação à série, e suas falhas visíveis – especialmente a narrativa confusa e  pouco linear que impedem um envolvimento completo do jogador –  e dar uma chance ao título.

O fato é que, após as primeiras três horas de jogo, Revenge Of The Seven surpreendeu. O que antes era visto como um ponto fraco – a já citada falta de linearidade – se revelou o maior trunfo do título. A Xeen Inc., em parceria com a Square Enix, o jogo coloca o jogador no papel do governante do Império Varennes, desafiando-o a expandir suas fronteiras ao longo de múltiplas gerações.

Use e abuse das estratégias

Este remake eleva o clássico JRPG ao aperfeiçoar seu sistema de combate estratégico em turnos, que conta com diversas formações capazes de tornar sua equipe mais forte ou mais vulnerável diante de determinados inimigos.

Essas formações podem ser desbloqueadas à medida que novos reis ascendem ao trono — e vale destacar que cada escolha de sucessor oferece uma configuração de combate totalmente diferente. É justamente aí que a história ganha força, proporcionando ao jogador uma notável liberdade de decisão dentro de uma narrativa completamente não linear, em que cada jornada se desenrola de forma única.

Gameplay obtiada pelo Autor

Como em todo bom RPG, é possível trocar armas, armaduras e equipamentos. Algumas armas únicas, porém, liberam ataques extremamente poderosos — capazes até de destruí-las após o uso, portanto, é preciso usá-las com sabedoria. Além disso, todos os personagens podem empunhar qualquer tipo de arma, o que permite desbloquear novas habilidades conhecidas como Glimmers.

Mesmo assim, é essencial pensar de forma estratégica. Não faz sentido colocar uma espada gigante nas mãos de um mago, já que ele não tem força física suficiente para causar grandes danos. Para esses personagens, o ideal é apostar em magias e armas leves.

Se em algum momento você ficar em dúvida sobre quais itens ou habilidades equipar, o próprio jogo oferece opções automáticas que ajudam a otimizar a sua equipe. Além disso, tente aprender o máximo possível de Glimmers antes de coroar um novo rei. Saber dominar essas habilidades é um dos segredos para garantir o sucesso da sua campanha.

Muita história, pouco aprofundamento

Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven revisita a lenda de sete heróis que, em um passado distante, salvaram o mundo da destruição e prometeram retornar caso a escuridão voltasse a ameaçá-lo. No entanto, quando esse retorno finalmente acontece, algo sai do esperado: em vez de proteger o mundo, os heróis passam a conquistá-lo. O que teria levado essas figuras lendárias a se voltarem para o mal é o grande mistério que permeia a narrativa.

Uma das novidades deste remake são as “Memórias dos Sete Heróis”, fragmentos espalhados pelo jogo que revelam cenas do passado e oferecem pistas sobre a queda dos lendários salvadores. Elas não contam a história completa, mas mostram o suficiente para instigar a curiosidade e aprofundar o mistério em torno desse mundo repleto de segredos.

Quando se fala em falta de aprofundamento, isso vale especificamente para a história de cada um dos personagens que acompanham o rei para derrotar os sete heróis. O jogo não é sobre isso. O jogo é, na verdade, uma jornada sobre restauração, conexão, compreensão e descobertas.

O título se diferencia bastante do seu “irmão mais velho”, Final Fantasy, especialmente por um detalhe marcante: a passagem do tempo. Sempre que há um avanço de anos ou séculos na história, os personagens são substituídos por seus descendentes, que em muitos casos guardam semelhanças com seus antepassados.

Time skips são bons até um certo ponto

O time skip (passagem de tempo) é uma mecânica muito interessante, porém, apresenta algumas falhas. Elas certamente poderiam ser corrigidas com um enredo mais elaborado e coerente. Certas missões iniciadas por um protagonista são consideradas falhas caso não sejam concluídas pelo mesmo personagem que a iniciou – o que faz sentido, já que pode gerar consequências na narrativa. No entanto, há outras missões que permanecem ativas mesmo após séculos de salto temporal, Isso compromete a lógica temporal e o enredo.

Imagine, por exemplo, resgatar uma criança em uma caverna 255 anos depois que iniciar a missão e encontrá-la exatamente como estava, sem envelhecer um único dia. Essa falta de coerência acaba quebrando parte da imersão e gera uma desconexão temporal perceptível no game.

O jogo pode ser concluído em cerca de 50 horas, caso o jogador opte por seguir apenas a história principal e ignore as missões secundárias. No entanto, para os fãs mais dedicados de RPGs – como deste resenhista –, a jornada pode facilmente se estender para algo entre 90 e 100 horas de gameplay.

Trilha sonora original e clássica

A trilha sonora, composta por Kenji Ito – o mesmo responsável pelas músicas originais da série – merece ser mencionada. O renomado compositor também assinou trilhas de jogos como “Legend of Mana”, “Final Fantasy Legend II”, “Final Fantasy Adventure” e títulos da franquia “Culdcept”. Um dos destaques é a possibilidade de alternar, no menu de opções, entre a trilha original e a versão rearranjada. O recurso permite ao jogador personalizar a experiência sonora de acordo com seu gosto.

Prós e contras

Prós

  • Muito conteúdo para apreciar: Essa mecânica de escolhas livres e história não linear vai oferecer ao jogador muitas horas de jogabilidade e repetição pós-endgame.
  • Jogo livre de bugs ou queda de FPS: Já é autoexplicativo e é algo que faz muita diferença em qualquer game.
  • Sistema de batalha em turnos: O bom e velho sistema de batalhas em turno não decepciona, pois a mecânica dos “Glimmers” vai forçar o jogador a escolher sempre a melhor habilidade para vencer as batalhas.
  • Repetitividade alta: Este é um game para se apreciar novamente após concluir a história pela primeira vez e ter a oportunidade de ver novos diálogos e novas consequências das suas ações.
  • Timeskip: A mecânica de timeskip funciona bem até um certo ponto. É perceptível a necessidade da mecânica em muitas partes do game como em missões onde o protagonista some ou apenas toma uma decisão muito importante com impacto muito profundo no enredo. Porém…

Contras

  • Time skip: …a mecânica é confusa, pois após o timeskip muitas decisões importantes acabam se tornando sem relevância. Além disso, ela quebra a imersão do game quando NPC’s não evelhecem e cidades não mudam nada em séculos de salto temporal.
  • Falta de legenda localizada: A falta de legendas localizadas na língua portuguesa brasileira é o principal fator pelo qual a maioria dos jogadores brasileiros perde o interesse em JRPGs. E isso sempre rpecisa ser reforçado.

Conclusão

Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven surpreende positivamente e entrega uma experiência que cresce a cada hora jogada. Depois de um início mais introdutório, o game revela todo o seu potencial, oferecendo uma aventura envolvente e repleta de possibilidades.

A enorme variedade de escolhas e decisões torna cada jornada única, ideal para quem gosta de revisitar o jogo e descobrir novos caminhos, histórias e segredos. As batalhas em turnos são intensas, com confrontos estratégicos contra monstros e chefes desafiadores, enquanto a performance técnica se mantém sólida do início ao fim. Bugs ou travamentos que atrapalhem a diversão não aconteceram.

Versão testada no Xbox Série X: Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven também está disponível para Nintendo Switch, PlayStation 4 e PC.

Agradecimento aos desenvolvedores do game pela cópia deste jogo e fornecida ao autor pelo site ConectaGeek

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