Um astronauta em traje espacial, parcialmente iluminado contra um fundo preto escuro.

Review | Routine é uma homenagem aos clássicos do survival horror

Routine é um jogo que estava envolto em mistério e expectativa há mais de uma década. Desenvolvido pela Lunar Software, este título finalmente emerge das sombras, prometendo uma experiência de terror e sobrevivência que remete aos clássicos do gênero, mas com uma roupagem visual e sonora distintamente única. A longa espera só serviu para elevar a curiosidade sobre o que a tripulação da estação lunar realmente esconde.

A premissa do jogo é simples, mas profundamente inquietante, situando o jogador em uma estação espacial abandonada com um toque de ficção científica dos anos 80. Disponível para PC, Xbox One e Xbox Series X|S, e para a alegria dos assinantes, o jogo também está presente no catálogo do Game Pass. Mas será que Routine consegue entregar a tensão e o medo prometidos?

Trailer oficial de lançamento de Routine.

Legado

Routine se estabelece firmemente no nicho do survival horror em primeira pessoa, mas o que o distingue é sua notável estética retrô-futurista dos anos 80. Este estilo visual, combinado com um forte foco em exploração e tensão psicológica, evoca o legado de grandes jogos que definiram o gênero.

Títulos como Alien: Isolation, e até mesmo as raízes do gênero em clássicos como Resident Evil e Silent Hill, estabeleceram a cartilha de que o terror não reside apenas no que se vê, mas no medo do desconhecido e na escassez de recursos. A jogabilidade de Routine é construída em torno da vulnerabilidade. Não há HUD tradicional, e a maneira como o jogador interage com o ambiente é intencionalmente lenta e metódica, amplificando a sensação de perigo iminente. A trilha sonora, por sua vez, é um capítulo à parte.

Ela eleva a tensão a outro nível, utilizando sintetizadores e melodias dissonantes que se encaixam perfeitamente na estética sci-fi da época. É crucial notar que a sonoridade do ambiente também é magistral. Barulhos como água pingando, um sistema em curto ou os passos arrastados dos perseguidores conseguem te deixar constantemente tenso e em alerta máximo, transformando o som em uma arma contra a tranquilidade do jogador.

Puzzles, backtracking e ambientação única

Routine abraça as mecânicas clássicas do survival horror. Os puzzles são orgânicos e estão bem inseridos no ambiente da estação, geralmente envolvendo a manipulação de sistemas ou o acesso a áreas bloqueadas. O backtracking é uma constante e uma ferramenta de tensão; revisitar um corredor que antes estava seguro pode significar dar de cara com um novo perigo.

A ambientação e o estilo gráfico são, inegavelmente, os pontos fortes, pois as luzes de neon azul e roxo, os monitores CRT e a arquitetura modular da estação criam um visual que é simultaneamente familiar e estranho. Assim, o jogo oferece um verdadeiro deleite para os amantes de ficção científica clássica. Além disso, o game inclui legendas em PT-BR, garantindo uma imersão completa na narrativa para o público brasileiro.

O sentimento do horror pós-moderno

O sentimento que Routine evoca é o medo primordial de solidão no espaço. Em comparação com jogos de terror antigos, como a constante luta pela sobrevivência em Resident Evil (o original de 1996) ou o terror psicológico e atmosférico de Silent Hill 2, Routine se destaca por ser puro terror de perseguição.

Durante minha gameplay, fui constantemente confrontado com minha fragilidade. O jogo é implacável e sempre me lembrava que a morte poderia vir a qualquer momento, forçando-me a agir com extrema cautela. O jogo é brutalmente tenso. A ausência de um HUD ou de muitas dicas visuais força o jogador a confiar em seus instintos e na sonoridade.

Em termos de performance, o jogo está incrivelmente bem polido. Durante toda a minha gameplay, não encontrei nenhum bug agravante que comprometesse a experiência. Tudo fluiu perfeitamente, o que é crucial para um jogo que depende tanto da atmosfera. Foi, por falta de palavras melhores, uma experiência que se aproximou da perfeição em termos de execução e fidelidade à proposta.

Routine vale a pena?

Minha empolgação com Routine é inegável. A Lunar Software não apenas cumpriu a promessa de entregar um jogo de survival horror tenso, mas também o fez com um estilo visual e sonoro que o coloca entre os mais memoráveis do gênero nos últimos anos. Fui mantido preso em sua narrativa do início ao fim, ansioso por desvendar cada segredo da estação e, ao mesmo tempo, aterrorizado com o próximo passo.

Routine é mais do que um jogo; é uma viagem nostálgica e angustiante ao coração do horror retrofuturista. É um título obrigatório para qualquer fã de terror, especialmente aqueles que valorizam a ambientação e a tensão psicológica acima da ação desenfreada.

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Gamer apaixonado | Viciado em boas histórias | Explorador de mundos. Entre batalhas épicas, reviravoltas de tirar o fôlego e mundos fascinantes, estou sempre em busca da próxima grande aventura.