Sea Of Stars é o tipo de jogo que após ser divulgado cria grandes expectativas entre o universo gamer. Pior quando ele é adiado. A apreensão toma conta de vez. O jogo da empresa Sabotage Studio (de Quebec, Canadá) seria lançado em 2020, entretanto foi adiado para Agosto de 2023. A espera valeu e o jogo cumpre o que prometeu.
O jogo se passa no mesmo universo de The Messenger, outro jogo de sucesso da empresa canadense. Entretanto, Sea Of Stars ocorre anos antes e, não se preocupe, você não precisa ter jogado The Messenger para desfrutar por completo desse RPG de Turno tão gracioso.
Heranças, inspirações e influências
Para quem joga há muito tempo o gênero, fácil ligar Sea of Stars com muita coisa do passado. Breath Of Fire e Chrono Trigger são algumas delas. A arte pixelizada, um vasto mapa, detalhes dos cenários, personagens carismáticos, batalhas sem complexidade que se aprende nos primeiros minutos.
A trilha sonora também resgata grandes clássicos, tanto que teve como um dos compositores o exímio e veterano Yasunori Mitsuda cuja carreira é preenchida com trabalhos musicais de respeito feitos em Chrono Trigger, Xenogears e Mario Party.
Não apenas brigar, mas também explorar e realizar outras atividades
O universo do jogo também terá muito mais que batalhas. Ao passar por dungeons para avançar na história, o jogo assume um pouco a identidade Metroidvania. Explorar cada canto, subir por escadas, pular plataformas, encontrar passagens escondidas e grutas que contém aquele valioso item.
Quebra-cabeças estão presentes. Mas os produtores não pegaram pesado e muitos são tranquilos, não desgastando a paciência do jogador. Muitos puzzles que utilizarão as habilidades e acessórios que iremos adquirir com o avanço da história requerem empurrar blocos e ajustar espelhos para a passagem de feixes de laser.
Existe um minigame muito divertido chamado Rodas. Assim como foi em Horizon Forbidden West, aqui o jogador adquire bonecos para jogar em tabuleiros pelos cenários, desafiando NPC’s. Porém, em Sea Of Stars, o sistema é bem menos complexo, muito divertido, fácil de entender e de jogar. Pode ter certeza que você gastará algumas horas e não ficará chateado com isso.
Tem pescaria também. Essa atividade é importante para adquirir ingredientes que serão necessários na preparação de alimentos. Cozinhados em fogueiras espalhadas pelos cenários após a obtenção de receitas, podemos armazenar pratos e iguarias em nosso inventário para batalhas cruciais. Esses itens garantem desde cura adicional até ressuscitação.
Combates com novidades
RPG de turno não muda o bastante, convenhamos. Porém, a tradicional barra de ações aqui não conta com defesa. Como assim? Temos Ataque, Habilidade, Combo, Itens e Troca de Personagem. A defesa existe, porém exige do jogador um bloqueio por conta própria após o inimigo desferir um golpe.
O ataque também pode ser conectado. Ao acertar o primeiro golpe no adversário, podemos apertar novamente o botão de ação. Caso o timing esteja correto, conseguimos causar mais danos no inimigo. Tanto esse sistema da defesa como do ataque fornecem uma jogabilidade mais dinâmica e menos automática.
Sabemos que sempre tem alguém abatido em jogo de RPG. Fato. Aqui, caso seu companheiro de equipe (party) seja abatido, ela fica inconsciente e só voltará após alguns turnos. Mas, conforme seja mais abatido, o tempo demora cada vez mais. É outro ponto estratégico pois, caso você não leve itens de cura/ressuscitação, pode ficar protegendo os outros personagens até que o membro caído se levante.
Não tenha medo de navegar
Característica típica do gênero, temos sim um amplo mapa oceânico apto a ser navegado com muitas ilhas para conhecer, visitar e realizar tarefas. O que muitos podem estranhar são duas ausências. Não existe um mapa interno de dungeons e vilas. Também não temos um Quest Log, que é aquela ferramenta que, assim como um diário, nos aponta sobre a próxima missão principal ou mesmo as secundárias que precisam ser cumpridas ou que já foram realizadas.
Não se afobe. O jogo conecta os cenários de forma criativa e tudo se interliga, sem deixar o jogador perdido. A próxima missão sempre está com uma estrela amarela e, para saber se você pegou tudo naquela ilha, uma estrela branca serve como guia. Mas é um jogo para avançar sem pressa, é necessário revisitar muitos lugares, em contrapartida é preciso um pouco de paciência e o indicado é fazer isso após o avanço da história com habilidades melhores.
Lembrando que nada é perdível, sobretudo se você é um Trophy Hunter. O jogo te possibilita fazer tudo sem se preocupar numa ordem certa (fora da história principal). Mesmo com 2 finais distintos, nunca confunde a cabeça do jogador.
Praticamente sem falhas
Jogar um RPG com bugs e falhas não é nada legal. Imagina você perder um tempo de jogo sem salvar porque o aplicativo deu problema? Frustrante. Fique tranquilo. Em 50 horas de jogo, jogando a versão de PS4, o aplicativo nunca travou ou fechou.
A taxa de frame rate se manteve estável, inclusive durante as batalhas. Também não ocorreu problema com os saves (outra coisa que irrita). Então, inicie o jogo e siga confiante.
Passado e presente em prol de um interessante RPG de Turno
Mesclando passado e presente, indicado tanto para fãs do gênero como para quem deseja conhecer esse universo, Sea Of Stars é um jogo independente que fica pareado com um jogo Triple A de qualidade. Pega as velhas e ainda louváveis mecânicas de jogos clássicos, adiciona algumas diferenças que podem ser copiadas no futuro, tudo a favor de um jogo onde fazer tudo será prazeroso, nunca desanimador.
O jogo saiu para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S, Nintendo Switch. Para quem é assinante da PSN Plus Extra ou Deluxe, o jogo é gratuito.
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