Review | Super Robot Wars Y traz adições interessantes ao seu legado, mas fica na mesmice

Jogo não inova, mas traz adições e melhorias interessantes para a fórmula

Lançado pela Bandai Namco e desenvolvido pela Bandai Namco Forge Digitals, Super Robot Wars Y é um novo título de uma franquia de legado grande, mas muito grande mesmo! Super Robot Wars tem um legado que existe a pelo menos seis gerações de consoles, então estamos lidando com uma franquia de um certo renome, apesar de ser um tanto nichada, suas peculiaridades se mantêm firme até os jogos mais recentes dela, e isso é algo que pode ser um tanto decepcionante, mas por um lado também é algo bom, pois quem é fã da franquia, certamente vai se sentir em casa com esse título.

Prato cheio de Fanservice

Aqui acompanhamos uma história original que tem como ponto principal unir várias franquias famosas do gênero Mecha para deter um perigo misterioso chamado de Fuse, em que eles têm o objetivo de DOMINAR A TERRA!!!

Não exatamente isso, mas algo bem próximo.

Nada tão original aqui, mas acho que ninguém espera grandes plots de uma série que celebra vários animes Mechas, temos só um pano de fundo numa escala grande para que vários animes tenham o seu momento de brilhar aqui.

Tenho que ser sincero, eu já joguei pelo menos uns 2 jogos da série no máximo e bem, a fórmula nunca mudou em si. Eu me aprofundei mais na série (que dá até para chamar de spin off da série Wars) Namco X Capcom, ou Project X Zone como foi chamada posteriormente, e a fórmula nunca muda em si, mas ela é bem funcional, pois no meio de um conflito de vários personagens originais da história, temos mesclado os personagens de franquias famosas, e a forma que eles integram a história varia de cada jogo.

Tem jogo que eles não integram bem, e outros que eles são bem inseridos, no caso de Namco X Capcom tudo foi extremamente bem-feito, temos os cenários dos jogos clássicos e aos poucos eles se integram ao cenário principal dos personagens criados para o jogo, diacho, Namco X Capcom é o único lugar em que você vai ver o Ken dando um Shin Shoryuken no Evil Ryu, então é esse tipo de fanservice que você ganha acompanhando esses jogos.

Voltando ao Super Robot Wars Y, devo dizer que ele é um dos que fizeram essa mesclagem toda muito bem-feita, os responsáveis por escreverem o roteiro do jogo tem um carinho e conhecimento enorme pelo material base dos animes e mangás, então toda interação nova dos personagens são muito bem-vindas, só aqui você vai ver o Lelouch do Code Geass interagindo com o Koji Kabuto do Mazinger Z.

Nossos protagonistas são Cross e Forte Tsukinowa, e temos a opção de escolher um deles como nosso personagem principal e dar um apelido carinhoso para o qual os personagens irão citar até o fim do jogo, eles são meio que shinobis modernos e se envolvem em todo esse ataque dos Fuse. Eles pilotam o poderoso Lunedrache, um mecha com aspecto também ninja dito como um das mechas mais poderosos já visto, e eles estão no apoio de Echika Y. Franburnett, e apesar de Cross ou Forte serem os protagonistas, é em Echika que o enredo desenrola, ela é uma garota de 14 anos que ficou em cargo do legado de seu pai Yagami, que foi um bom tutor para ela, mas os cuidados dela ficavam em cargo de suas empregadas.

Pois bem, ela descobre que sua cidade Natal é uma fortaleza de combate chamada de Mobile Fortress City. Y (Yagami!) que tem uma fonte de energia misteriosa, e que é um dos pontos que os Fuse mais buscam. Então muito do desenrolar da história vai girar em torno de Echika e seu pessoal, enquanto outros personagens clássicos se reúnem para ajudá-la.

Algo importante de mencionar é que você não precisa jogar desde o primeiro título de 1991 para acompanhar o enredo do jogo, obviamente, mas fica um alerta que vários dos momentos do jogo são compostos por “episódios” dos animes que são apresentados aqui, então em um capítulo podemos pegar um dos momentos chaves de Super Electromagnetic Robo Combattler V (eu amo muito esses nomes) e cair de paraquedas no meio do enredo deles, não temos uma introdução propriamente dita, então você que não é um “nerd fãzão” de Mecha e não conhece a história, pode boiar bastante na introdução desses personagens, mas mesmo não conhecendo eles, pode ser o bastante para atiçar sua curiosidade e ir checar esses clássicos.

Se você tem interesse em saber quais são os animes de Mecha que estão disponíveis no jogo, segue uma lista:

  • Super Electromagnetic Combattler V
  • Brave Raideen
  • Aura Battler Dunbine
  • New Story of Aura Battler Dunbine
  • Heavy Metal L-Gaim
  • Mobile Suit Zeta Gundam
  • Mobile Suit Gundam: Char’s Counterattack
  • M-MSV
  • Mobile Fighter G Gundam
  • Gundam Wing: Endless Waltz
  • Mobile Suit Gundam SEED Destiny
  • Mobile Suit Gundam: The Witch From Mercury
  • Mazinkaiser vs. The Great General of Darkness
  • Majestic Prince
  • Macross Delta
  • Macross Delta the Movie: Passionate Walkure
  • Code Geass: Lelouch of the Rebellion III: Glorification
  • Code Geass: Lelouch of the Re;surrection
  • Getter Robo Arc
  • SSSS.Dynazenon 
  • Godzilla Singular Point

Se vocês sacaram, essa é a primeira vez que o Rei de todos os monstros – Godzilla entra no roster de personagens da franquia, e demorou bastante para isso ocorrer, além disso, temos vários outros personagens como DLCs, entre eles estão mechas do anime/mangá Getter Robo, The Big O, Galaxy Cyclone Braiger e o debut da franquia Kamen Rider com o anime Fuuto PI: The Portrait of Kamen Rider Skull, e faz todo o sentido, pois tokusatsu, kaiju e mecha são gêneros que se complementam bastante, então até que demorou um tempo considerável para esse crossover, e infelizmente tudo isso apenas em DLCs, mas pelo menos temos o Godzilla no jogo base.

Melhorias no gameplay, mas ainda bastante repetitivo

Super Robot Wars Y é o que eu chamo de JRPG Tático na base de grid. O jogo é todo na base de diálogos que lembram bastante a estrutura de um visual novel, onde os personagens conversam e conversam com seus portraits, um pano de fundo e muito texto. Temos a base onde iremos arranjar as melhorias e upgrades dos nossos personagens, além de selecionar as missões e volta ou outra dar uma olhada na database com as informações dos personagens, e temos por último o tabuleiro que ocorre os combates e avança no jogo, onde temos um mapa, os inimigos, e os cenários, e o jogo funciona mais ou menos como um jogo de xadrez ou damas, onde em turnos controlamos nossas peças (a peça da vez é um Gundam Wing boladão) e no outro é a IA que comanda os inimigos.

Um jogo desse gênero que é muito famoso é Final Fantasy Tactics, que teve um relançamento recentemente e você pode ler nossa review no link abaixo

Pois bem, o jogo funciona dessa forma em combate, mas um grande diferencial dele é quando comandamos os ataques nos inimigos, o jogo entra em uma espécie de cutscene e nos mostra uma animação animal (!!!) do ataque que os mechas e os monstros fazem, em belas cutscenes.

Entretanto, apesar de suas várias melhorias no gameplay em relação a títulos anteriores e suas particularidades nessa fórmula, Super Robot Wars Y consegue ser bastante repetitivo, as animações de combate são certamente ótimas e ótimas de se deslumbrar, mas ainda assim fazemos elas tantas e tantas vezes que acaba perdendo bastante a graça no decorrer do jogo. Mas por sorte o jogo tem um roster bem grande de personagens que preenchem bem essa lacuna repetitiva.

Uma coisa que eu gostaria de ressaltar aqui é em sua dificuldade, e o jogo no modo normal é um passeio no parque, onde eu tinha que prestar atenção na estratégia apenas volta ou outra. Mas (conforme a pesquisa de campo que realizei) o jogo melhora bastante nas dificuldades mais altas, onde você precisa pensar bem no posicionamento dos personagens, em quais personagens você irá enviar no campo, os ataques que irá realizar, e ainda realizar um pouco de grid nas missões opcionais para poder peitar inimigos mais poderosos.

Ainda assim, é um passeio no parque no normal, e vale ressaltar que o jogo tem um “modo automático” onde ele basicamente se joga sozinho, realizando as ações para os jogadores enquanto você só assiste, como um episódio de anime mesmo.

Trilha sonora que marcou os animes

Não tem muito o que dizer sobre a parte sonora do jogo em si. Se você é fã de mecha, todas as trilhas sonoras icônicas desses animes estão presentes aqui, o tema Super Electromagnetic Robo Combattler V, Mazinger Z, Gundan entre outros batem com FORÇA na parte emocional.

Os efeitos sonoros são bem dignos dos animes, as trilhas sonoras originais também são boas e cumprem bem o seu papel, mas a mesclagem de cada tema é excelente, e eu nem imagino o dinheiro violento que deve ser licenciar isso tudo.

Considerações Finais

Super Robot Wars Y é uma carta de amor ao legado de Mecha, não que seja tão diferente dos outros títulos, pois essa é a base mais forte deles.

Respeitoso demais com todas as franquias utilizadas aqui, e é um lugar de bastante segurança para os fãs da série, as adições novas aqui são bem empolgantes, temos pela primeira o Godzilla e o Kamen Rider! E isso é algo bem marcante, dessa vez não só fãs de mechas, mas fãs de kaiju e tokusatsu também tem algo para se deliciarem aqui.

Entretanto, o jogo ainda tem a mesma fórmula repetitiva e um tanto cansada da série, sem grandes inovações, mas eu não acho que é isso que eles buscam em si, a Bandai Namco tem ciência do público que compra Super Robot Wars, e a base é bem fiel.

O que temos aqui é um caso especial, pois Robot Wars tem uma grande lacuna de jogos que não foram publicados no ocidente, e é legal ver que a Bandai Namco reconhece que os fãs de mecha estão por toda a parte do mundo.

Um agradecimento a Bandai Namco por disponibilizarem o jogo para análise. Super Robot Wars Y está disponível para as plataformas PlayStation 5, Nintendo Switch e PC.

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Escritor Freelancer. Tenho como paixão primária em videogames e principalmente no gênero JRPGs, mas também sou fascinado por filmes e animações.