Assim como comecei a a análise da Demo, posso dizer: os gamers de meia idade podem respirar aliviados: Tony Hawk’s Pro Skater 3+4 é, acima de tudo, uma celebração nostálgica da era de ouro dos jogos de skate no PlayStation 2. Ao unir dois dos títulos mais amados da franquia em uma coletânea totalmente remasterizada, a Activision e a Vicarious Visions (Blizzard) oferecem uma experiência que apela tanto ao coração dos fãs antigos quanto ao apetite dos novatos por um gameplay divertido, responsivo e recheado de conteúdo.
A revisita a este universo nas últimas semanas foi reconfortante e marcante para mim, que vivi a era do PlayStation 2 com o icônico Tony Hawk’s Pro Skater 4 como última memória, sendo assim um convite irresistível às lembranças da minha infância/adolescência que vão além das experiências com o jogo em si.
Mas sem enrolar e falando mesmo do jogo: desde a primeira descida de rampa até os manuais intermináveis – ou a menos é o que eu queria conseguir que todos eles fossem -, tudo respira um respeito profundo pela herança da franquia, mesmo com algumas escolhas mais ousadas que dividem opiniões e precisam ser destacadas.
Confira nossa análise anterior da versão de demonstração do game:
Gameplay refinado e pistas nostálgicas em Tony Hawk’s Pro Skater 3 + 4
O grande trunfo de Tony Hawk’s Pro Skater 3+4 está na jogabilidade. A fluidez dos comandos, o ritmo rápido e as combinações de manobras mantêm a pegada clássica, mas com ajustes sutis que tornam tudo ainda mais responsivo. Os skatistas deslizam com naturalidade, e o sistema de combos segue viciante, premiando a memória muscular e a criatividade.
As pistas clássicas de ambas as edições retornam com visuais atualizados, mantendo assim a essência dos espaços originais. A escola, o aeroporto, o Rio, a refinaria e tantas outras fases têm o carisma de sempre, agora com elementos de interatividade e eventos secretos que mantêm o fator replay altíssimo. Cada fase esconde então desafios alternativos e objetivos fora do comum, incentivando a exploração constante.

Criação de pistas e modos para todos os gostos
O sistema de criação de pistas foi reformulado e é, possivelmente, o mais robusto da franquia – porém, é importante destacar que nunca foi algo que explorei muito em minhas jogatinas. Mas consigo destacar, mesmo assim, que a liberdade é quase total: rampas, trilhos, corrimões, decorações e elementos interativos estão à disposição dos jogadores para criarem espaços dos sonhos ou recriarem pistas icônicas com novos toques – fica aqui o desafio para quem quiser criar as pistas clássicas que ficaram de fora.
Além disso, os modos de jogo estão variados e divertidíssimos: carreira, livre, competição (onde jogamos contra outros skatistas presentes no game) e o multiplayer são algumas formas de garantir que a experiência seja completa e se adeque ao estilo de cada jogador. Não faltam motivos para continuar voltando ao jogo, seja para melhorar a pontuação, competir com amigos ou simplesmente relaxar ouvindo uma trilha sonora animada.

Representatividade brasileira e elenco estelar
Outro ponto de destaque é a presença de skatistas brasileiros no elenco. Nomes como Rayssa Leal, Letícia Bufoni e Bob Burnquist dividem espaço com lendas como Tony Hawk, Rodney Mullen, Eric Koston, Bam Margera, entre outros. A mistura entre clássicos e novas promessas funciona muito bem e dá ao jogo um ar contemporâneo, ao mesmo tempo em que celebra a história do esporte.
A diversidade dos estilos e das manobras de cada skatista também é perceptível. A progressão de carreira permite personalizar o skate, a roupa, os atributos e as manobras de forma bastante livre, incentivando os jogadores a explorarem diferentes combinações. A criação de skatistas, porém, não me agradou tanto, pois eu esperava mais originalidade e uma gama maior de opções de customização, mas dada a limitação gráfica – que não atrapalha a experiência in game – temos algo satisfatório.

Troféus e conquistas bem ajustadas
Para quem gosta de platinar jogos ou caçar conquistas, Tony Hawk’s Pro Skater 3+4 oferece um sistema de troféus bem distribuído e, principalmente, divertido de se correr atrás. Há desafios para todos os tipos de jogador: desde os mais habilidosos, que buscam sequências complexas de manobras, até os mais exploradores, que se divertem caçando gaps escondidos ou descobrindo eventos secretos nas pistas. Não sou um especialista e tampouco perseguidor de conquistas, o que, pra mim, demonstra o sucesso do sistema.

O impacto da trilha sonora (ou a falta dela)
Talvez o ponto mais sensível para os fãs da franquia seja a trilha sonora. Infelizmente, os clássicos do rock, punk e hip-hop que marcaram época em Tony Hawk’s Pro Skater 3 e 4 estão apenas parcialmente presentes. Muitas músicas emblemáticas ficaram de fora, por questões de licença ou escolha criativa. É um golpe direto no meu coração, que tive uma parcela de minha formação musical moldada por jogos como esse Tony Hawk’s 4 e Guitar Hero.
Por outro lado, a seleção de novas faixas é competente e dialoga bem com a atmosfera do jogo. O mix entre faixas mais modernas e algumas repaginadas cria uma nova identidade sonora para o remake, ainda que às custas de uma grande perda no quesito nostlgia. No fim, você esquece a ausência e consegue sentir a vibe da franquia enquanto joga e curte um som, o que é o mais importante.
Visual moderno e identidade remodelada
O estilo visual adotado também pode dividir opiniões. Em vez de buscar algo bem próximo dos jogos originais, a remasterização aposta em um visual um pouco mais estilizado, com cores vivas, efeitos de luz e sombra e pequenos detalhes que remetem a uma pegada mais “cartunesca” em alguns momentos.
As pistas mantêm seu layout clássico, mas algumas como a Faculdade, de THPS 4, apresentam alterações significativas na ambientação e presam por trazer algo mais vivo e comemorativo. A leitura contemporânea dos espaços pode surpreender, e talvez decepcionar quem esperava uma recriação fiel nos mínimos detalhes.

A ausência do sistema de exploração “livre” do Tony Hawk’s 4
Para quem tem THPS 4 como referência afetiva principal (como eu), uma ausência marcante pesa bastante: o sistema de carreira livre introduzido naquele jogo. Nele, o jogador explorava os cenários com liberdade total e, ao interagir com NPCs, iniciava tarefas com tempo limitado.
Esse sistema foi abandonado em 3+4. Mesmo nas pistas oriundas do quarto jogo, o modelo é o clássico de dois minutos por sessão para realizar o máximo de objetivos. Trata-se então de uma perda considerável no quesito nostalgia, já que a estrutura de missões livres trouxe um frescor único e bem-vindo à franquia, mesmo que tenha dividido opiniões na época.
Entende-se que a opção pela padronização no modelo clássico tenha sido feita para manter a coesão da coletânea. Ainda assim, uma opção híbrida ou uma alternância entre estilos poderia agradar diferentes perfis de jogadores e resgatar com mais força a experiência original do quarto título. Uma pena, mas não afeta tanto a experiência para quem busca apenas diversão.

Meu veredito para Tony Hawk’s Pro Skater 3 + 4
Tony Hawk’s Pro Skater 3+4 é uma carta de amor a quem conheceu ou se aproximou mais do skate pelos videogames. Seu gameplay refinado e a atmosfera carismática e nostálgica elevam a coletânea ao patamar dos grandes remakes da geração. A presença de skatistas brasileiros amplia ainda mais seu apelo para o público do Brasil, que não pode deixar de conferir o título.
Embora peque na trilha sonora e em algumas escolhas estruturais, o jogo acerta ao manter viva a memória de uma franquia que marcou época. Para quem jogou Tony Hawk’s Pro Skater no PS2, a sensação é de retornar a uma velha paixão, agora com nova roupagem e energia renovada.
Seja para quem busca nostalgia ou para quem deseja descobrir um dos pilares dos jogos de esportes nos games, THPS 3+4 entrega uma experiência memorável, viciante e extremamente divertida. Um verdadeiro tributo sobre rodas que vai te manter preso por muitas e muitas horas em frente ao videogame.
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