Review | Visions of Mana é sutilmente ambicioso

Jogo feito pela Ouka Studios e publicado pela Square-Enix é um passo à frente para a série Mana, mas sem exagerar em suas inovações.

Visions of Mana é o mais novo jogo da série Mana, que é uma série bem singela e um tanto timida da famosa Square-Enix.

Ela é uma franquia de jogos que tem uma boa popularidade, apesar de não estar no boca boca do povo como outras franquias da Square, e ela sempre esteve presente na história da empresa até os dias atuais.

Agradecimento a nossa parceira Nuuvem pelo envio do jogo para realização desta análise.

Contextualizando a Série Mana

É discutível que o mais popular da série é Secret of Mana do nosso querido Super Nintendo, que praticamente abriu as portas da série para o ocidente e que mesmo assim, encontrou dificuldades para localizar seus outros títulos. Enquanto estávamos aqui achando que Secret of Mana era a melhor coisa do mundo, o Japão se deliciava com Seiken Densetsu 3, ou Trials of Mana como ele veio a ser localizado anos depois no ocidente com o seu Remake.

Assim como Final Fantasy na época do NES/SNES/Gameboy, Mana também teve vários lançamentos conturbados no ocidente, por exemplo: o seu primeiro jogo foi renomeado para Final Fantasy Adventure na América do Norte, e para Mystic Quest na europa (porque a Square achava que colocar o titulo de Final Fantasy nos jogos ia deixar o público mais confortável a comprá-los).

Então, o primeiro Seiken Densetsu aqui no ocidente ficou conhecido como Final Fantasy Adventure; Seiken Densetsu 2 virou Secret of Mana; o terceiro como eu disse não foi lançado para cá até ter o seu (excelente) remake; o quarto é o (conturbado) Dawn of Mana, que foi o primeiro deles a ser em 3D, e, finalmente, o quinto título é Visions of Mana.

Não citei seus spin offs porque são uma porrada de jogos, alguns tão excelentes quanto o da série principal. O spin off Legend of Mana de PlayStation 1, por exemplo, é de longe um dos trabalhos mais incríveis com sprite que alguém pode ter feito nessa vida, então vale a pena ficar de olho em todos os jogos dessa série. 

Só postando essa capa de Secret of Mana porque ela ainda é uma das artes mais lindas que eu já vi para um jogo.

Visions of Mana é sem dúvidas um título que respeita bem a franquia e história dela, mas como eu disse no título, ele é bem sutil e não dá saltos tão grandes para a franquia, e isso não é necessáriamente uma coisa ruim.

Enredo simples e tranquilo de acompanhar

Visions of Mana nos traz uma narrativa bem simples e confortável, que sabe bem o que faz e sabe bem a hora de utilizar o seu drama e a dinâmica dos personagens nesse mundo. Além de não complicar para quem está começando na série, o jogo não traz tanta bagagem de jogos anteriores, e é fácil o suficiente de acompanhar.

Aqui nós acompanhamos a jornada de Val – um Soul Guard com o objetivo de proteger a sua amiga de infância Hinna. Ela, por sua vez, é uma “Alm” que são os escolhidos pela fada de oito aldeias diferentes para viajarem até a árvore de Mana e restaurar o seu fluxo de energia. Nesse caso, Val é o responsável por proteger não só Hinna, como todos Alms que ele encontrará em sua jornada.

Essa é uma história focada em compromisso e sacrifícios, e seus personagens cativam bem facilmente o jogador. É bem feijão com arroz, mas é bem gostoso.

Artisticamente Mágico

Graficamente, Visions of Mana não é nada de outro mundo. Porém, dos Manas 3Ds, ele definitivamente é o melhor nesse quesito. Ótimo uso de cel shade nos cenários, e os modelos dos personagens em geral são bem feitos e traduzem bem o estilo de arte de Mana. Às vezes ele surpreende muito com cenários belíssimos, dignos de um filme Ghibli.

Apesar disso, dá pra ver que o jogo não tem um orçamento AAA. A Square ainda manteve ele com os pés no chão, então temos uma apresentação de diálogos entre os personagens  um pouco mediana, mas nada que incomode tanto. Já em batalhas, temos belas animações de combate, com um bom uso dos efeitos da Unreal Engine, magias são parte do espetáculo.

Uma volta no tempo

Em questão de gameplay e estrutura, Mana me lembra muito alguns actions JRPG da era de PS2, e isso é ótimo, porque eu sinto que tem uma falta desse tipo de jogo desde a sétima geração. Ele é bem semelhante aos jogos feitos pela lendária Level 5, como Dark Cloud e principalmente Rogue Galaxy -até mesmo o cel shade do jogo lembra bastante o jogos da desenvolvedora, o que com certeza é algo positivo.

A exploração dos mapas dele é singela, mas muito boa. Os personagens tem boa locomoção, o que faz as caminhadas sejam bem tranquilas, além de poder chamar bixos chamados de Pikol, o que ajudam na velocidade da locomoção.

Os mapas não são enormes, mas trazem uma boa variedade de cenário. Infelizmente, os mapas não tem lá tanta variedade de atividades: encontramos monstros, itens e baús, alguns segredos que te recompensam, mas nada fora do comum em atividades.

Entretanto, o que salva bastante a exploração também é o combate do jogo. A série Mana é famosa por ser um action rpg, então desde os seus primórdios a série tem esse sistema de combate dinâmico. Os monstros aparecem em tempo real no mapa, e se chegarmos perto o suficiente, entramos em combate com eles.

Mana por algum motivo, sempre teve o roster de monstros mais fofinhos de JRPGs, e é bem dificil confrontá-los por isso.

Em combate, o jogador pode dar ataques leves e pesados, pode dar dash para escapar de golpes, usar diferentes magias de diversos elementos, além de poder soltar um golpe especial que carrega durante o combate – e trocar de personagens em tempo real. O dinamismo é excelente, e o combate fica ainda mais dinâmico quando se coloca atalhos nas magias do jogo, deixando a experiência mais rápida e fluída.

Trilha Sonora encantadora

Visions Of Mana tem uma trilha sonora composta por nomes como Hiroki Kikuta, Tsuyoshi Sekito, and Ryo Yamazaki, compositores que já tem renome na franquia, e, por conta disso, ela mantém esse aspecto único e mágico em suas trilhas.

Aqui temos músicas tranquilas para as mais lindas vilazinhas, boas trilhas de combate, e ótimas músicas para complementar sua exploração pelos mapas.

Além da ótima trilha sonora, Mana também capricha em seus efeitos sonoros. Bastante deles são trazidos de volta de jogos anteriores. O som do menu mesmo é bem parecido com o que os fãs estão acostumados, e é muito característico para navegar no menu.

Um bônus adicional, se estiverem jogando no Dual Sense, é que a maioria dos sons de menu do jogo (e mais outros adicionais) saem pelo controle, então temos aí uma boa adição para dar aquela imersão com áudio 3D, é bem divertido e vale a pena – só recomendo que baixem um pouco o volume, pois é bem alto.

Conclusões Finais

Visions Of Mana é uma excelente adição para a série, e é um jogo mainline novo que sai depois de anos sem um do gênero, mas que mantém seus pés no chão e não é aquele boom todo apesar de ser um jogo principal da série. Em outras palavras, ele não alcança a qualidade do incrível Trials of Mana, mas ele chega longe e agrada o suficiente. Para quem não conhece os jogos, ele é um bom ponto de partida.

Uma notícia que me deixou preocupado é que, um pouco depois do jogo ter sido lançado, anunciaram que talvez a Ouka Studios feche as portas depois dele, aparentemente depois do lançamento de Visions of Mana.

O estúdio teve corte de gastos por sua dona, a NetEase, e com isso, muitos funcionários foram demitidos, colocando em risco a existência do estúdio. Lembrando que ele é composto por ex-funcionários da Capcom da Bandai-Namco. A NetEase entretanto não se pronunciou a respeito, então o futuro ainda é um pouco incerto.

Enfim, eu recomendo Visions Of Mana para aqueles que estão com saudades de um Action RPG sólido como os que a gente tinha bastante na sexta geração de consoles, os fãs de Mana podem se decepcionar um pouco se saíram de Trials para ele, mas não devem sair insatisfeitos, Visions Of Mana foi uma boa evolução de algumas mecânicas dele apesar de seus pesares, e vale sim a pena dar uma checada.

Visions of Mana foi lançado em 29 de Agosto, e está disponível para PlayStation 4 e 5, Xbox Series e PC.

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Escritor Freelancer, tenho como paixão primária em videogames e principalmente em JRPGs, apesar de amar cultura pop em geral.