O sindicato dos atores dos Estados Unidos, SAG-AFTRA, se posicionou duramente contra o uso da inteligência artificial (IA) na criação de personagens digitais. A crítica foi direcionada especificamente à “atriz” virtual Tilly Norwood, revelada recentemente por estúdios como novo rosto em projetos audiovisuais. Segundo o sindicato, a criação representa uma ameaça direta à profissão dos atores humanos.
Em comunicado oficial, divulgado pela Variety, o sindicato deixa claro que Tilly não é reconhecida como atriz pela entidade. “Tilly Norwood não é uma atriz, é uma personagem gerada por um programa de computador, treinado com base no trabalho de inúmeros artistas profissionais — sem permissão ou remuneração”, diz o texto..
A nota ainda ressalta que produções criadas inteiramente por IA carecem de elementos essenciais para o público, como empatia, vivência e conexão emocional. “Não há experiência de vida para se inspirar, nenhuma emoção e, pelo que vimos, o público não está interessado em assistir a conteúdo gerado por computador desvinculado da experiência humana”, afirmou o sindicato, destacando o risco de perda de empregos e a desvalorização da arte da atuação.
O texto ainda alerta que o uso de “artistas sintéticos” em produções deve seguir as regras contratuais estabelecidas previamente. Estúdios que assinam acordos com o SAG-AFTRA são obrigados a notificar e negociar com a entidade sempre que pretendem empregar figuras digitais que substituam atores reais. “Os produtores signatários devem estar cientes de que não podem usar artistas sintéticos sem cumprir com nossas obrigações contratuais”, reforça o comunicado.
Além da polêmica com a IA, o sindicato anunciou uma medida preventiva relacionada ao período eleitoral nos Estados Unidos. Os comentários em suas redes sociais foram temporariamente desativados para evitar que os espaços oficiais da entidade sejam utilizados para campanhas políticas. “Agradecemos sua compreensão e participação contínua durante este momento importante”, finalizou a publicação.
A criação de figuras como Tilly Norwood reacende o debate sobre os limites éticos do uso da IA na indústria do entretenimento, tema que já esteve no centro das greves de roteiristas e atores em 2023. Na ocasião, a substituição de profissionais humanos por soluções tecnológicas foi uma das principais pautas dos protestos.
O SAG não informou se ações legais estão sendo consideradas, mas o tom do comunicado deixa clara a intenção da entidade em pressionar a indústria a manter o respeito pelos direitos dos artistas reais e pela integridade da arte de atuar.
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