O terror sempre foi aquele cantinho do cinema onde dá pra brincar com o proibido, com o estranho, com o que incomoda e, claro, com aquilo que muita gente prefere esconder. Não à toa, o gênero acabou se tornando um espaço super fértil pra narrativas queer, que aos poucos foram deixando de ser só metáforas escondidas pra ocupar o centro das histórias, sem medo.
Separei aqui sete filmes de terror queer que acho simplesmente essenciais. Uns são mais sutis, outros escrachados, mas todos têm aquele jeitão de quebrar regras e é justamente isso que torna eles tão incríveis.
1. Garota Infernal (2009) — Dirigido por Karyn Kusama
Esse é clássico, né? Muita gente não entendeu quando saiu, mas hoje Garota Infernal é praticamente obrigatório quando o assunto é terror com viés queer. A Jennifer (Megan Fox) é uma líder de torcida que acaba virando uma criatura sobrenatural depois de um ritual completamente bizarro. E aí a relação dela com a Needy (Amanda Seyfried) começa a ficar cada vez mais confusa: amizade, inveja, desejo… tudo misturado.
A direção da Karyn Kusama é impecável, e o roteiro da Diablo Cody é cheio de ironia e sarcasmo. Tem sangue, tem tensão e, principalmente, tem aquela tensão homoafetiva que só quem vive sabe explicar.

2. Rua do Medo — Trilogia (2021) e Rainha do Baile (2025) — Dirigida por Leigh Janiak
Essa trilogia foi um baita presente pra quem curte terror com representatividade. Deena (Kiana Madeira) e Sam (Olivia Scott Welch) formam o casal que precisa lutar pra quebrar uma maldição que assombra a cidade delas há séculos. O mais legal? O romance entre elas não é só um detalhe: é parte fundamental da trama, sem ficar forçado ou jogado.
E aí, quando a gente achou que já tinha acabado, veio Rua do Medo: Rainha do Baile em 2025, com uma nova leva de adolescentes tentando sobreviver a um assassino mascarado bem na época do baile de formatura. Pode esperar muito sangue, referências aos slashers dos anos 80 e, claro, personagens queer ocupando espaço de destaque. Consolidando a saga como uma das mais importantes do terror contemporâneo.

3. Fréwaka (2024) — Dirigido por Aislinn Clarke
Esse é pra quem gosta de terror mais atmosférico, sabe? Meio sombrio, meio lento, mas que vai mexendo com você aos poucos. A história se passa numa vila remota na Irlanda, onde Shoo, uma cuidadora, precisa cuidar da Peig, uma idosa que jura ter sido abduzida por criaturas do folclore celta — as tais Na Sídhe.
Só que, no meio disso tudo, Shoo acaba tendo que lidar com seus próprios traumas, que começam a emergir de maneiras bem perturbadoras. A Aislinn Clarke manda muito bem ao misturar folclore, suspense e temas como exclusão e identidade. Dá um medinho bom!

4. Thelma (2017) — Dirigido por Joachim Trier
Thelma é aquele tipo de filme que vai te deixando desconfortável sem nem precisar apelar pra monstros ou sangue. A protagonista (Eili Harboe) foi criada numa família super religiosa e começa a perceber dois negócios: que tá sentindo desejo por outra garota e que, de quebra, tem poderes psíquicos perigosos.
A direção do Joachim Trier é super contida, mas isso só aumenta a tensão. No fundo, é um filme sobre se descobrir, sobre medo e sobre o peso que a repressão pode ter na vida de alguém. Um terror mais psicológico, mas ainda assim essencial pra quem quer ver narrativas queer bem construídas.

5. Bit (2019) — Dirigido por Brad Michael Elmore
Se você curte vampiros e ainda quer uma pegada bem queer, Bit é pra você! A protagonista, Laurel (Nicole Maines), é uma adolescente trans que se muda pra Los Angeles e acaba conhecendo uma gangue de vampiras lésbicas que saem por aí caçando homens predadores.
O filme é puro estilo: neon, música boa e uma vibe meio punk. E ter a Nicole Maines no papel principal, ela que é ativista e atriz trans e que só deixa tudo mais autêntico. Dá aquele gostinho de “finalmente um filme que representa”.

6. Knife+Heart (2018) — Dirigido por Yann Gonzalez
Esse aqui é pura estética. Knife+Heart se passa na Paris dos anos 70, acompanhando a Anne (Vanessa Paradis), uma diretora de filmes pornôs gays que começa a ver seus atores sendo assassinados um a um.
O Yann Gonzalez é super conhecido no cinema queer e aqui ele mistura giallo italiano, erotismo e muita melancolia. É aquele tipo de filme que mais do que contar uma história, quer provocar sensações. Lindo, bizarro e intenso — tudo ao mesmo tempo.

7. O Filho de Chucky (2004) — Dirigido por Don Mancini
Como não amar? O Filho de Chucky é um dos filmes mais escrachados e deliciosamente camp que o terror já nos deu. Aqui a gente conhece o Glen/Glenda, filho do casal de bonecos assassinos mais famoso do cinema, que vive um baita conflito sobre sua identidade de gênero.
O Don Mancini, que criou a franquia e é abertamente gay, aproveita pra zoar, mas também pra falar sério sobre identidade e aceitação. Não é só um filme de terror trash — é também um manifesto queer, com direito a sangue, piadas e muito deboche.

Terror Queer: Um Gênero em Ascensão
Esses filmes mostram como o terror queer não é um subgênero, mas uma poderosa vertente artística que usa o medo, o sobrenatural e o grotesco para explorar questões profundas sobre identidade, marginalização e resistência. Cada obra, à sua maneira, desconstrói normas e oferece novas perspectivas, provando que o horror é — e sempre foi — um espaço onde a diversidade floresce.
Seja através de bonecos assassinos, vampiras lésbicas ou maldições seculares, o terror queer continua a expandir as fronteiras do gênero, provocando, emocionando e, acima de tudo, celebrando a pluralidade das experiências humanas.
Leia também:
Deixe uma resposta