Se você andou ouvindo “Complicated” da Avril Lavigne no mercado, viu alguém andando de skate com mochila cheia de patches ou notou que os shows de rock adolescente estão lotados de novo, saiba: não é coincidência. Em pleno 2025, a estética do pop punk e do emo 2000s voltou com força total e não é só entre quem viveu a fase original. Uma nova geração abraçou a rebeldia, o delineado borrado, o tênis Vans gasto e as letras de amor e ódio como se fossem verdades eternas.
E não pense que é só nostalgia de quem passou a adolescência trancado no quarto ouvindo Paramore ou Blink-182 no volume máximo. Quem nasceu depois de 2005 também se jogou nessa vibe, redescobrindo bandas clássicas e levantando artistas novos que mantêm viva a atitude inconformada, com guitarras pesadas, letras sinceras e um estilo que mistura o melhor (e o mais caótico) da virada do milênio.
Neste especial, a gente te explica como Avril, NX Zero e Hayley Williams voltaram ao topo das playlists, como Olivia Rodrigo e WILLOW estão atualizando o pop punk para a galera atual e por que, de repente, parece que todo mundo resolveu sofrer bonito, seja na balada, na pista de skate ou no feed do Instagram.
A volta dos que nunca foram: como a nostalgia virou tendência
O revival dos anos 2000 já estava no ar há um tempo. Calça larga, piercing no nariz, gloss labial… Mas o pop punk e o emo carregam um sentimento diferente. Eles falam sobre não se encaixar, sobre sentir demais, coisas que atravessam gerações, mas que fazem ainda mais sentido em tempos de ansiedade coletiva e busca desenfreada por pertencimento.
Depois de anos vivendo entre filtros e versões “perfeitas” no Instagram, a galera nova quis algo mais cru. E o emo-pop punk entregou exatamente isso: imperfeição, bagunça, emoções sinceras. No fundo, é uma maneira de colocar pra fora tudo que está preso, com muita guitarra e visual dramático.
Avril, Paramore e NX Zero: os hinos adolescentes nunca morrem
Se tem alguém que reina nesse revival é Avril Lavigne (“The Greatest Hits”). A princesa do skate-punk nunca deixou de lançar música, mas agora foi resgatada como verdadeira lenda pela Gen Z e até pela Gen Alpha. “Complicated” e “Sk8er Boi” viraram trilha sonora de vídeos e dancinhas, mas também de crises existenciais adolescentes.
O mesmo aconteceu com Hayley Williams (“Paramore: This Is Why”) e o Paramore. “Misery Business”, “Decode” e “That’s What You Get” explodiram nas redes sociais como se tivessem sido lançadas ontem. Hayley, que já era um ícone para quem curtia um rock com cabelo colorido, virou referência estética e musical para uma galera que nem tinha nascido quando “Riot!” estourou.
No Brasil, NX Zero e Fresno também experimentaram esse renascimento. Com novas turnês esgotadas, relançamentos de clássicos e um carinho renovado do público, eles provaram que sofrência adolescente em português tem seu lugar garantido no coração da galera. E ver multidões cantando “Razões e Emoções” ou “Quebre as Correntes” de novo aqueceu até os corações mais cínicos.
Olivia Rodrigo, WILLOW e a geração que atualizou o pop punk
Mas esse movimento não vive só de nostalgia. Artistas novos pegaram a essência do pop punk e adaptaram pra 2025. Olivia Rodrigo (“Guts”) é a maior estrela desse processo: “Good 4 U” tem tudo o que um hino pop punk precisa — fúria adolescente, refrão explosivo e clipe cheio de energia caótica.
WILLOW (“YOUTH”), filha de Will Smith (“Bad Boys: Até o Fim”), também mergulhou fundo nesse som. Trabalhando com Travis Barker (“Machine Gun Kelly: Life in Pink”) do Blink-182 e trazendo letras que misturam angústia e autoaceitação, ela conseguiu conectar a velha essência emo a pautas atuais, como saúde mental e representatividade.
Até artistas da cena alternativa, como a brasileira Badsista (da trilha sonora de “Bixa Travesty”), misturam em seus sons a raiva, a frustração e a necessidade de colocar sentimentos pra fora, tudo que o pop punk original sempre carregou, mas agora de um jeito ainda mais plural.
Vans no pé, delineador no olho: a estética como manifesto
Junto com a música, voltou a estética. Se nos anos 2000 era meio improvisado (com lápis de olho do camelô e tênis destruído na base da necessidade), agora virou fashion statement. Quem usa Vans xadrez, camiseta rasgada, cabelo descolorido e delineado pesado hoje não está apenas “imitando” um estilo: está fazendo parte de uma comunidade.
O visual emo/pop punk virou uma forma de se expressar no meio de um mar de trends passageiras. O que antes era desleixo, hoje é estética pensada, seja para ir a shows, para criar conteúdo ou simplesmente para se sentir parte de algo maior.
TikTok, Reels e o sofrimento que viralizou
Sem as redes sociais, esse revival talvez não tivesse chegado tão longe. O TikTok e o Instagram Reels foram fundamentais para trazer os anos 2000 de volta. Vídeos dublando letras antigas, recriando looks emo, mostrando a evolução do “antes e depois” da estética punk… tudo isso ajudou a popularizar o movimento pra uma geração que nunca comprou CDs, mas que sente a mesma coisa que a gente sentia em 2005.
Basta ver a quantidade de challenges inspirados em “I’m Just a Kid” (Simple Plan) ou os vídeos emocionados com “Dear Maria, Count Me In” (All Time Low) tocando ao fundo.
Emo para todos: agora é inclusivo
Diferente da cena original dos anos 2000, que era majoritariamente branca, masculina e heteronormativa, o emo de 2025 é plural. Mulheres, pessoas negras, LGBTQIA+ , todo mundo encontrou seu espaço. E isso fez o movimento ficar ainda mais rico.
Agora, sofrer é universal, cantar refrões chorados é para todos, e as músicas falam de vários tipos de amor, perdas e desilusões. Sem gatekeeping, sem “quem sofreu mais”.
O pop punk virou o novo pop?
Com tantos artistas flertando com guitarras distorcidas, refrões explosivos e letras confessionais, já dá pra dizer que o pop punk é o novo pop. Mas diferente da última vez, agora a galera entende que dá para ser alternativo e ainda ser mainstream, e tudo bem.
Não é sobre ser 100% triste, nem sobre viver para sempre num quarto escuro ouvindo My Chemical Romance no repeat. É sobre ter espaço para se expressar, mesmo que isso signifique chorar de franja ou pular feito doido num show lotado.
E o que vem por aí?
Se depender do que a gente tá vendo, o pop punk e o emo 2.0 ainda têm muita lenha pra queimar. Já tem festivais temáticos surgindo, novos álbuns sendo prometidos, parcerias de veteranos com novatos (alô, Travis Barker e Olivia Rodrigo!) e até rumores de que filmes e séries inspirados na estética emo 2000s estão em produção.
Ou seja: separe seu Vans, seu lápis de olho e prepare a garganta. O emo voltou, é real e tá mais vivo e diverso do que nunca.
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