Crítica | Pinguim 1×5 – O caos perfeito!

Crítica | Pinguim 1×5 – O caos perfeito!

Oz Cobb, como eu senti sua falta!

Algo que temi pelo episódio anterior é que o personagem-título do show perdesse seu brilho, — algo que já vem acontecendo em Agatha — principalmente devido ao talento de Cristin Milioti (Sofia), que quando está em tela, parece conseguir ofuscar qualquer um. Mas o episódio 5 de Pinguim, espertamente intitulado “Boas-Vindas” mostrou que subestimar o Oz pode sair caro, essa é a mensagem clara que ressoa em Gotham City.

A princípio, a série parecia um mero complemento para os filmes de Batman de Matt Reeves, uma forma de manter a marca visível. No entanto, a cada novo episódio, o show supera essas expectativas, mostrando-se cada vez mais envolvente — ele realmente encontrou seu espaço no horário de domingo da HBO. Com isso em mente, era de se esperar que o episódio seguinte a “Cent’anni” (a “origem do Sofia Gigante” e sua aniquilação familiar triunfante) tivesse um tom de retorno ao trabalho — preparando o cenário para a próxima fase da guerra entre gangues de Gotham.

Desde os episódios anteriores, venho brincando sobre a maneira peculiar como Colin Farrell interpreta o vilão icônico. Ele apresenta uma mistura única de humor e drama que é difícil de encontrar em outras performances, destacando-se como um personagem fascinante. As falas engraçadas de Oz adicionam um toque de leveza ao seu papel, tornando-o uma figura irresistível e memorável. No entanto, neste episódio, somos levados a questionar se existe algo mais profundo em suas ações e se ele realmente pode tocar o coração dos espectadores de maneira significativa.

A carga emocional do episódio é palpável quando Oz, após queimar seu Maserati, se volta para Victor (Rhenzy Feliz) e expressa sua gratidão. A frase “Cem Maseratis não poderiam substituir isso” atinge o espectador de forma intensa, como se fosse uma citação de um jogo nostálgico. Se Oz começar a se aprofundar em reflexões sobre lealdade, não hesitarei em me emocionar. A resposta enérgica de Vic, “Vamos nessa!”, encapsula a adrenalina e a tensão que permeiam a cena.

Enquanto assisto a este episódio, não posso deixar de me perguntar se diretores renomados como Michael Mann e Guy Ritchie estão lamentando não terem pensado nessa narrativa antes. Oz, em sua busca por poder, planeja uma troca de reféns com Salvatore Maroni (Clancy Brown), sequestrando o filho de Maroni após o garoto divulgar sua localização no TikTok. A mistura de humor e a urgência da trama se entrelaçam de maneira brilhante, mantendo o espectador ansioso pelo desenrolar dos eventos.

Um massacre cheio de manipulações

À medida que a história avança, a tensão aumenta quando a polícia chega à mansão Falcone. Sofia, tentando desviar a atenção, rapidamente se vê em um emaranhado de mentiras que se tornam cada vez mais evidentes. A situação se agrava à medida que ela revela que Johnny Viti (Michael Kelly) é o responsável pelo massacre, mas, ao mesmo tempo, esconde um segredo sombrio: ela é a verdadeira assassina por trás de tudo. O momento em que ela atira em Viti na frente de todos marca um ponto de virada crucial, solidificando sua ascensão ao poder dentro da família Falcone.

A decisão de Sofia de se renomear como Sofia Gigante — como nos quadrinhos — representa uma mudança significativa em sua identidade e sua intenção de deixar o passado para trás. Afirmando-se como a nova líder, ela promete recompensar a lealdade dos capangas com enormes quantias de dinheiro que pertenciam ao pai dela. Essa dinâmica estabelece uma nova ordem dentro da família e levanta questões sobre a natureza do poder e lealdade no contexto do crime organizado, mesmo que a série não se aprofunde muito nesse aspecto.

Paralelamente, Oz enfrenta um dilema emocional ao levar sua mãe a um esconderijo sombrio, revelando uma faceta mais vulnerável e sensível de seu caráter. A cena em que ele se inspira em uma antiga moeda do ônibus de Gotham para planejar um novo covil sublinha sua busca por um lugar seguro em meio ao caos crescente que o cerca. O episódio não só traz à tona o dilema moral de Oz, mas também sugere uma nova possibilidade de expansão para o seu império criminoso.

Uma continuação promissora

À medida que nos aproximamos dos três últimos episódios da saga Cobb/Gigante, tudo se prepara para um confronto emocionante entre os icônicos vilões de Gotham. É fundamental reconhecer o trabalho da diretora Helen Shaver, que, tanto no episódio anterior quanto neste, demonstra um controle excepcional sobre o tom e a estética do material. O estilo de drama criminal da HBO aos domingos se mantém, em sua maioria, eficaz e, em certos momentos, até surpreendente. Contudo, é a dedicação aos personagens e a forma trágica e pulp com que eles são apresentados que fazem de Pinguim uma história de crime em quadrinhos que realmente vale seu peso em montanhas de dinheiro não rastreável.

Leia as críticas dos episódios anteriores:

Resultado de uma experiência alquímica que envolvia gibis, discos e um projetor valvulado. Editor-chefe, crítico, roteirista, nortista e traficante cultural.