O episódio 7 da 3ª temporada de Invencível não é apenas mais um capítulo na série; é um marco. Intitulado “O Que Foi Que eu Fiz?”, este episódio mergulha de cabeça no arco conhecido como “Guerra Invencível”, um dos momentos mais aguardados pelos fãs dos quadrinhos e que, na adaptação para a animação, ganha vida com uma intensidade que poucas séries de super-heróis conseguem alcançar. A trama, que já vinha construindo tensões desde o início da temporada, explode em uma narrativa repleta de destruição, dilemas morais e consequências devastadoras.
A história começa com um flashback que nos mostra Angstrom Levy, o vilão multidimensional, sendo reconstruído após seu confronto com Mark Grayson – em que o protagonista achou que havia assassinado seu adversário. Esse momento inicial já estabelece o tom sombrio do episódio: Levy não está apenas buscando vingança, mas também manipulação em escala cósmica. Ao recrutar variantes malignas de Mark de diferentes realidades, ele cria um exército de Invencíveis que, em vez de proteger, destroem.
Aqui, o roteiro brilha ao explorar como pequenas diferenças nas decisões de Mark poderiam tê-lo levado a caminhos completamente opostos. Enquanto nosso Mark luta para manter sua humanidade e ética, suas variantes abraçaram o poder de forma descontrolada, tornando-se tiranos em seus próprios universos. Essa dualidade é um dos pontos altos do episódio, pois nos faz questionar: o que separa um herói de um vilão? A resposta, sugerida pela série, parece estar nas escolhas que fazemos, mesmo quando o mundo ao nosso redor desmorona.

As sequências de ação da animação de Invencível sempre foi um de seus pontos fortes, mas neste episódio ela atinge um novo patamar. As cenas de batalha são coreografadas com uma brutalidade visceral, onde cada soco, voo e explosão é sentido. A direção de arte opta por tons mais escuros e saturados, refletindo o clima de desespero e destruição que permeia a trama. De forma semelhante ao último episódio da 1ª temporada da série. As cidades em ruínas, como Nova York, Tóquio e Londres serve como um lembrete visual do custo humano desses conflitos.
Uma técnica que merece destaque é o uso de enquadramentos dinâmicos durante as lutas. Em vez de focar apenas nos golpes, a “câmera” muitas vezes se afasta para mostrar o impacto dessas batalhas no ambiente ao redor. Isso não só aumenta a sensação de escala, mas também reforça a ideia de que, no final, são os civis que mais sofrem. A animação também se beneficia de momentos de silêncio, como quando Mark observa as consequências da guerra ao seu redor. Esses instantes de pausa são essenciais para equilibrar o ritmo frenético do episódio e permitir que o espectador absorva a gravidade da situação.
O episódio não se contenta em ser apenas uma sequência de lutas épicas; ele também dá espaço para seus personagens brilharem. Mark, em particular, passa por um arco emocional intenso. Após ver Eve, sua namorada, gravemente ferida, ele decide abandonar a luta, questionando se vale a pena continuar protegendo um mundo que parece sempre à beira do colapso. Esse momento de fraqueza é humano e crível, mostrando que até os heróis mais poderosos têm limites.
Outro destaque é Rex-Plosão, cujo sacrifício heroico é um dos momentos mais emocionantes do episódio. Rex, que começou a série como um anti-herói egoísta, termina sua jornada como um verdadeiro protetor, disposto a dar a vida pelos outros. Sua morte é tratada com a gravidade que merece, sem melodramas desnecessários, mas com um peso emocional que ressoa muito depois que as luzes se apagam.

Cecil Stedman, o diretor da Agência de Defesa Global (GDA, da sigla em inglês de Global Defense Agency), também tem um papel crucial. Sua relação com Mark, que oscila entre a desconfiança e o respeito mútuo, atinge um novo patamar aqui. Cecil representa a pragmática realidade de um mundo onde nem sempre há respostas certas, apenas escolhas difíceis. Sua decisão de recrutar todos os heróis disponíveis para enfrentar as variantes de Mark, mesmo sabendo que estão em desvantagem, é um ato de desespero, mas também de esperança.
A “Guerra Invencível” não é apenas uma batalha física; é uma metáfora para as consequências do poder descontrolado. As variantes de Mark representam o que ele poderia ter se tornado se tivesse escolhido caminhos diferentes: um tirano, um assassino, um manipulador. Essa ideia é reforçada pela forma como as variantes interagem com o mundo. Elas não estão apenas destruindo cidades; estão destruindo a ideia de que os super-heróis são intrinsecamente bons.
Angstrom Levy, por sua vez, é um vilão que pode até parecer raso, mas sua obsessão por Mark vai além da vingança; é uma busca por significado em um multiverso caótico. No entanto, sua incapacidade de cumprir suas promessas o coloca em uma posição ainda mais vulnerável, mostrando que até os manipuladores podem ser manipulados.
A cena final, onde Mark se recusa a liderar os Guardiões do Globo, é um momento de introspecção. Ele não está pronto para assumir o manto de líder, mas também não pode fugir de suas responsabilidades. Essa ambiguidade é o que torna Invencível tão fascinante: ele não tem medo de mostrar seus personagens como falhos, complexos e, acima de tudo, humanos.
O episódio termina com a chegada de Conquista, um Viltrumita implacável que promete ser uma ameaça ainda maior do que as variantes de Mark. Essa introdução não só prepara o terreno para o final da temporada, mas também serve como um contraponto ao arco emocional de Mark. Enquanto ele lida com a culpa e a dor de suas escolhas, Conquista representa uma força pura e destrutiva, sem espaço para dúvidas ou arrependimentos.

E assim, o episódio termina com um cliffhanger que deixa os espectadores ansiosos pelo que está por vir. A chegada de Conquista não só promete uma batalha épica, mas também coloca Mark em uma posição onde ele terá que confrontar não apenas um inimigo poderoso, mas também suas próprias dúvidas e medos.
Os episódios novos da 3ª temporada de Invencível são lançados todas as quintas-feiras, exclusivamente no Prime Video.
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