Na última sexta-feira (14) a Apple TV+ liberou os dois primeiros episódios de Ladrões de Drogas, nova série estrelada por Brian Tyree Henry (“Eternos”) e o brasileiro Wagner Moura (“Narcos”). Como de costume no serviço de streaming, o restante da série será liberada gradualmente todas as sextas, sendo assim 8 episódios ao todo.
Na trama inicial, dois amigos criminosos de rua da Filadélfia elaboram um plano ousado: se passando por agentes da DEA (órgão encarregado da repressão e controle de narcóticos), invadem uma casa isolada no interior para realizar um roubo aparentemente simples. No entanto, o que deveria ser um golpe rápido se transforma em um pesadelo mortal.
Sem saber, eles acabam descobrindo um dos maiores corredores de narcóticos da costa leste dos Estados Unidos (EUA), colocando-se no centro de uma rede de conspirações e perseguições implacáveis. Agora, encurralados por forças poderosas e sem saída, precisam lutar não apenas para escapar, mas para sobreviver às consequências de sua escolha.
Um drama policial, com a “falsa polícia”
Em sua primeira cena, Ladrões de Droga brinca com o público ao dar a entender que os protagonistas “Ray” e Manny Carvalho são de fato membros da DEA, uma organização de controle aos narcóticos. No entanto, ao fim da frenética invasão a uma casa lotada de drogas vendidas por adolescentes, logo fica claro que os personagens centrais não passam de farsantes, que apenas lucram com a engrenagem do tráfico de drogas na Califórnia.
Ainda assim, torna-se fácil já nos primeiros minutos nos aproximarmos de ambas as figuras, especialmente com Ray, que é quem dita os dois primeiros episódios, deixando Manny quase como um “coadjuvante de luxo”. Logo entendemos que a dupla errou no passado, mas também são vítimas da sociedade americana e realmente acreditam que não há forma mais eficiente de mudarem suas vidas e, principalmente, as de quem amam fora do mundo do crime, além de verem o que fazem como algo minimamente “nobre”, por atrapalharem indiretamente as vendas de narcóticos.
Ladrões de Drogas é mais profunda do que parece
A série realmente trata-se de um “drama policial”, mas desagua em boas doses na comédia, fazendo um bom paralelo à vida da dupla protagonista. Apesar de estarem envolvidos com o crime, não podem ser reduzidos a criminosos vis e possuem suas próprias motivações e reações, essas por muitas vezes engraçadas.
Ray é responsável pela maior parte desse alívio cômico e a presença do cachorro de sua mãe adotiva apenas aumenta o potencial para cenas divertidas, ao mesmo tempo que nos traz preocupações sobre o futuro do animal com o desenrolar perigoso da trama.
Além disso, Ladrões de Droga também sabe como fazer críticas a precariedade a qual vivem os habitantes de comunidades dominadas pelo tráfico nos Estados Unidos, especificamente na Califórnia. Enquanto desenrola-se, a trama nos mostra um cenário bem parecido com as comunidades brasileiras, mas no maior estilo estadunidense, nos levando a refletir sobre como essa parte da população se vê à mercê da marginalidade e sem muitas opções de sucesso na vida, principalmente os que passaram pela prisão no passado, como os dois protagonistas.
Preciso destacar aqui a abertura, que materializa em poucos segundos a sensação de tudo o que citei acima, com belas imagens de pessoas simples, mas claramente imersas nessa preocupante realidade, além de trazer um bom tom de desconforto e nos preparar para cenas mais fortes que o esperado que podem surgir.
Como está Wagner Moura?
Como é de interesse do público brasileiro, é importante destacar a atuação de Wagner a cada episódio. Em Ladrões de Droga podemos nos sentir mais representados do que nunca, visto que – apesar de não confirmar diretamente – Manny parece se tratar de um brasileiro imigrante nos EUA.
Assim, parece que Wagner está bem mais relaxado na pele do personagem, já que não precisa se preocupar em não “parecer estrangeiro” e detalhes como o seu sotaque apenas adicionam mais profundidade a Manny.
É importante destacar também que, apesar de não ser o tema principal da série, o mundo envolto pela venda de narcóticos é “familiar” para o ator, devido ao seu memorável papel como Pablo Escobar em “Narcos”. Manny, porém, lida com as drogas de uma forma diferente, vendo as mesmas apenas como uma “renda extra”, enquanto busca sair desse mundo ao qual foi empurrado após sair da prisão, algo bem diferente do que vimos com o líder do carteis de drogas colombianos em Narcos.
Passando rapidamente pela atuação de maior destaque, Brian Tyree Henry entrega em Ray algo bem diferente dos papeis em que já o vimos nos cinemas, com um show de atuação e drama na medida certa, principalmente após a reviravolta perigosa a qual seu personagem se envolve, além de deixar claro em seu rosto, mesmo nas cenas mais engraçadas, o quanto Ray é machucado pelos traumas de seu passado e a relação – ou a falta dela – com seus pais.
O terceiro episódio de Ladrões de Drogas estará disponível no Apple TV+ na próxima sexta-feira (21). Se ligue por aqui no Conecta Geek, que trará uma crítica a cada novo episódio desta nova aventura de Wagner Moura em Hollywood.
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