Josef Fares, diretor da Hazelight Studios, conseguiu nos últimos anos proporcionar uma sensação que o público gamer não sentia há muito tempo. Naquele período conhecido por muitos como A Era de Ouro dos videogames, em que o Playstation 2 era o console mais adquirido e almejado pelo público no início dos anos 2000, tínhamos diversos jogos e gêneros diferentes em alta escala disponíveis.
É claro que não é possível afirmar com certeza qual o gênero mais amado daquela época. Ainda sim, para aqueles que cresceram junto da indústria, é impossível não lembrar com carinho dos jogos Cooperativos.
Estamos falando de uma época em que os estúdios produziam os jogos em massa. Levando em consideração as limitações tecnológicas da época, o tempo de desenvolvimento de um jogo era absurdamente menor do que hoje em dia.
Nesse período, era comum nos depararmos com dois estilos de jogos em específico: derivados de filmes e jogos cooperativos. O primeiro é assunto para outro dia, já o segundo marcou presença na vida de todos que tinham pelo menos um amigo e um controle extra em casa. Apesar da popularidade, não demorou muito para que esses jogos deixassem de ser tão presentes.
Josef Fares e o retorno de jogos cooperativos
Décadas depois, não somente tínhamos menos lançamentos por anos, como também as experiências em dupla nos videogames se tornaram cada vez menores. Muitas questões justificam esse acontecimento, mas eles não são necessariamente importantes no momento. O importante é destacar que, nos dias atuais, é muito mais rentável para uma desenvolvedora produzir um jogo com uma experiência única, ou seja, solo.

Portanto, é assim que Josef Fares e a Hazelight Studios entram em jogo. O primeiro capítulo do retorno do gênero cooperativo veio com o título Brothers – A Tale of Two Sons. Apesar de não ser uma produção da Hazelight, o jogo foi dirigido por Josef Fares para a Starbreeze Studios. Com a opção de um experiência solo ou acompanhada, o jogo foi um refresco para um gênero que parecia não encontrar a luz no fim do túnel.
A Way Out
Em 2014, um ano após o lançamento do primeiro título, Josef colheu os frutos do seu sucesso e optou por fundar a Hazelight Studios, com ajuda da distribuidora Eletronic Arts. O primeiro lançamento da parceria foi A Way Out (2018).
Aqui, acompanhamos uma dupla de prisioneiros que encontram uma motivação em comum para planejar uma fuga e se vingar de seus inimigos. Apostando novamente em mecânicas cooperativas, em adição a uma história madura, o título foi um sucesso, vendendo 1 milhão de cópias em apenas 2 semanas.

Nessa altura do campeonato, Josef Fares já havia lançado dois jogos cooperativos de sucesso em sequência, um feito impressionante para os tempos atuais. Ver uma desenvolvedora dedicar todo seu tempo e orçamento somente a experiências multijogador, porém com o foco na história, é o que fez com o projeto fosse aceito tão facilmente pelo público.
It Takes Two
O lançamento seguinte da desenvolvedora viria a ser, até o momento, o maior sucesso de Josef Fares. Em 2021, It Takes Two foi oficialmente lançado e, de imediato, conquistou o coração do público. Dessa vez, a história acompanha pais que não consegue resolver suas diferenças em um relacionamento já abalado pelo tempo.

O jogo trata de assuntos como empatia e responsabilidade, colocando a dupla de protagonistas em uma jornada impactante e profunda. Com uma gameplay mais dinâmica e divertida que os lançamentos anteriores, o título foi bem recebido tanto pela crítica, quanto pelos fãs.
Não é por menos que o jogo se sagrou vencedor do prêmio de Jogo do Ano no The Game Awards 2021, confirmando de vez a qualidade e competência do projeto, reafirmando o nome de Josef Fares e da Hazelight Studios no mercado mundial.
Split Fiction e o Futuro
Mantendo a regularidade de lançamento, A Hazelight lançou seu mais novo jogo ainda em 2025, Split Fiction. A história acompanha duas escritoras completamente diferentes, que ficam dentro de suas próprias histórias através de uma simulação. A dupla precisa trabalhar em equipe para conseguir escapar, enquanto as histórias de ficção científica e aventura, escritas por elas mesmas, se misturam em um perigoso e intenso glitch.

Assim como seus antecessores, a gameplay cativante e visuais ricos lideraram o título rumo ao sucesso absoluto. Split Fiction registrou a marca de 2 milhões de cópias vendidas em apenas uma semana. Apesar do lançamento recente, Josef Fares já garante que o novo jogo da companhia já está em desenvolvimento, em uma entrevista ao podcast Friends Per Second.
Para mim, pessoalmente, toda vez que um jogo é lançado, eu meio que termino com ele. Eu penso: ‘OK, aqui está a próxima coisa. Estou tão concentrado e animado com a próxima coisa que já começamos.
Entretanto, o diretor ainda não quis revelar nenhum detalhe do novo projeto. Ainda sim, é certo afirmar que a expectativa para o futuro é de que a Hazelight Studios continue impressionante e, principalmente, impactando seus jogadores.
Mesmo com todos esses sucessos, estamos longe de ter aquela quantidade exorbitante de jogos cooperativos como tínhamos antigamente. Por anos, a única maneira que os jogadores tinham que dividir a mesma tela com um amigo era através de jogos de esporte, que sempre disponibilizavam modos cooperativos e versus.
Conclusão
É fato que, hoje em dia, é muito mais seguro para uma desenvolvedora criar uma experiência individual para os jogadores ou, no caso de jogos online, algo que possibilite que cara jogador tenha um ponto de vista diferente, cada um em seus respectivos consoles.
Em tempos mais simples, não havia nada mais divertido do que a boa e velha tela dividida, que fazia com que os jogadores realmente sentissem que aquela aventura ou experiência estava sendo compartilhada com alguém. Ainda que os jogos não fossem tão polidos quanto os criados pela Hazelight, o sentimento era o que permanecia.
Durante décadas, os videogames serviram não somente para entreter, mas também para possibilitar a criação de laços. Pais e filhos, irmãos ou amigos, qualquer um pode sentir o prazer de dividir uma experiência ou uma história com as pessoas próximas.
Essa sensação nunca se foi. Josef Fares e a Hazelight Studios fizeram questão de lembrar o público disso. Poucas histórias são melhores quando consumidas sozinhas. A volta dos jogos cooperativos, ainda que tardia, vêm para nos lembrar que toda história fica melhor quando compartilhada com aqueles que amamos.
Leia também:
Deixe uma resposta