Especial | Dia dos Namorados Macabro: Amor, sangue e picaretas

Especial | Dia dos Namorados Macabro: Amor, sangue e picaretas

Não é sempre que uma data como o Dia dos Namorados é seguido por uma Sexta-Feira 13. Por isso, nada melhor que juntar as duas datas de uma vez, certo? E é claro que estamos falando de Dia dos Namorados Macabro. Lançado originalmente em 1981, o filme marcou época como um dos exemplares mais intensos da onda de slashers que tomou conta do cinema após o sucesso de “Halloween”, em 1978. Décadas depois, em 2009, a história foi reimaginada em um remake que apostou em tecnologia 3D e ainda mais sangue para conquistar uma nova geração de fãs.

A proposta aqui é simples: e se um feriado dedicado ao amor se tornasse o palco de uma vingança violenta? A ideia, embora provocativa, funciona de forma assustadoramente eficaz nas duas versões. A seguir, exploramos as qualidades e diferenças entre o original e o remake — dois filmes que, mesmo separados por quase trinta anos, compartilham o mesmo coração sombrio.

O original de 1981: atmosfera opressora e suspense à moda antiga

Lançado em fevereiro de 1981, My Bloody Valentine (título original) foi dirigido por George Mihalka e produzido no Canadá. A trama se passa na pequena e fictícia cidade de Valentine Bluffs, onde os moradores se preparam para comemorar o Dia dos Namorados com uma grande festa, a primeira após vinte anos. No entanto, memórias de uma antiga tragédia voltam à tona. Um acidente ocorrido em uma mina da cidade, causado por negligência de supervisores que estavam justamente em uma celebração do feriado, resultou em várias mortes. O único sobrevivente, traumatizado e eventualmente internado, prometeu vingança caso a cidade ousasse festejar o Dia dos Namorados novamente.

É claro que os jovens moradores ignoram o aviso, e logo um misterioso assassino vestido com traje de mineiro e máscara de gás começa a atacar brutalmente. Cada morte é meticulosamente executada, criando cenas memoráveis de tensão e criatividade visual — mesmo com a forte censura que o filme sofreu na época. Vale lembrar que muitas dessas mortes foram editadas ou removidas para evitar uma classificação X nos Estados Unidos, o que levou fãs a clamarem durante décadas por uma versão completa. Somente nos anos 2000, parte dessas cenas perdidas foi restaurada em uma edição especial em DVD.

A força do original está na atmosfera. Mihalka cria uma ambientação sufocante, especialmente nas sequências passadas dentro das minas subterrâneas, aproveitando a escuridão, o som metálico dos equipamentos e o isolamento dos personagens. A sensação constante de ameaça paira no ar, não apenas pelas mortes, mas pela tragédia passada que ronda os moradores. Há um cuidado em construir um mistério em torno da identidade do assassino, tornando o desfecho mais impactante.

Outro ponto interessante é a crítica social implícita. O acidente na mina é um reflexo da ganância e negligência das autoridades locais, e o retorno do assassino é, de certa forma, uma resposta a essa falha moral. O terror aqui é tanto físico quanto psicológico.

Violência estilizada e tecnologia 3D

Vinte e oito anos depois, Dia dos Namorados Macabro ganhou uma nova versão, agora com direção de Patrick Lussier, conhecido por seu trabalho como editor em filmes de terror e ação. O remake, estrelado por Jensen Ackles (da série “Supernatural”), Jaime King e Kerr Smith, trouxe de volta a premissa central do filme original, mas com diversas atualizações para agradar ao público contemporâneo.

A primeira e mais visível mudança está no visual. Lançado nos primeiros anos da nova onda de filmes em 3D digital, Dia dos Namorados Macabro foi um dos primeiros slashers a explorar esse recurso de forma explícita. Facas, picaretas e órgãos voam em direção ao espectador, aproveitando o artifício para criar impacto. A violência, aqui, é exagerada e muitas vezes gratuita, mas cumpre seu papel dentro da proposta.

Ao contrário do original, que tem um clima mais silencioso e progressivo, o remake aposta em ritmo acelerado e sustos imediatos. A trama também envolve um acidente na mina e o retorno do assassino, mas trabalha com uma narrativa de múltiplas suspeitas, colocando os protagonistas em constante estado de dúvida e paranoia. Há uma tentativa de reviravolta no terceiro ato, que apesar de previsível para fãs do gênero, oferece um bom encerramento à história.

Outro destaque é a fotografia vibrante e a direção de arte, que mescla o cenário industrial da mina com cores vivas nos figurinos e ambientes. O contraste reforça o absurdo do que está acontecendo — um massacre no contexto de um feriado romântico — e aproxima o longa do estilo visual de outros remakes da década, como Sexta-Feira 13 (2009) e Halloween (2007).

O remake também se permite explorar conflitos emocionais mais intensos entre os personagens, investindo em triângulos amorosos, ressentimentos e traumas mal resolvidos. A ideia de que o amor pode ferir — literalmente — é levada ao extremo.

Clássico ou remake? O que vale mais neste Dia dos Namorados

Escolher entre as duas versões depende muito do tipo de experiência que se busca. O original de 1981 é ideal para quem aprecia slashers com construção lenta, atmosfera opressiva e um senso clássico de suspense. Ele tem charme retrô, direção precisa e uma ambientação memorável, que transforma a mina em um verdadeiro labirinto do horror.

Já o remake de 2009 é para quem procura entretenimento mais direto, violento e visualmente chamativo. Ele pode não ter a mesma sutileza do primeiro, mas compensa com cenas impactantes, ação intensa e um apelo nostálgico para os fãs dos anos 2000. Além disso, a presença de Jensen Ackles, já popular na época, atraiu muitos espectadores fora do círculo tradicional do terror.

Ambos os filmes compartilham a ideia de que o amor pode ser sombrio, vingativo e até mortal. Transformar o Dia dos Namorados — normalmente associado a flores, chocolates e declarações — em um cenário de terror é uma subversão divertida e provocadora, que permanece relevante mesmo após quatro décadas.

Um programa perfeito para fãs de terror

Assistir Dia dos Namorados Macabro é mais do que curtir um bom filme de terror; é mergulhar em uma tradição peculiar do gênero slasher. Seja revisitando o clássico de 1981 ou se deixando envolver pelo sangue e picaretas do remake de 2009, a experiência promete sustos, tensão e — por que não — uma dose de ironia sobre os clichês do amor.

Seja sozinho, com amigos ou com alguém especial, essa é uma maratona que promete transformar seu 12 de junho em uma data… inesquecível.

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Redatora apaixonada por gatos e pela cultura pop