F1 – O Filme, o novo filme de Joseph Kosinski (“Top Gun: Maverick”) espera repetir o sucesso do seu último projeto, que mais uma vez busca satisfazer tanto os amantes do automobilismo, quanto deve conquistar, em cheio, o público geral. Pois aqui, trata-se de uma verdadeira experiência cinematográfica. Uma fórmula única, mas mágica, que une adrenalina ao drama – assim como a categoria mais avançada do esporte a motor.
Diante disso, sinalizo, de antemão, a minha aposta de indicação a F1 – O Filme ao Oscar 2026. Mas antes, é preciso entendê-lo.
A premissa
Com duas horas e 36 minutos de duração, F1 conta com co-produção do heptacampeão Lewis Hamilton, que vive ele mesmo na trama. Max Verstappen e Fernando Alonso também têm seus tempos de tela, enquanto a narrativa nos apresenta Sonny Hayes (Brad Pitt), um ex-piloto de F1.
O impasse se desenrola a partir do singelo convite do amigo, Ruben Cervantes (Javier Bardem), proprietário da Apex Grand Prix (APXGP), a largar a aposentadoria e se tornar mentor do jovem piloto promissor: Joshua “Noah” Pearce (Damson Idris). Hayes, então, aceita o desafio, e cria uma estratégia para tornar a equipe vitoriosa, mas para isso, ele precisa do apoio da comissão técnica e de pessoas influentes do esporte.

Kosinski faz apostas tanto na pista quanto na vida pessoal dos protagonistas. A competição principal, inclusive, acontece entre os dois colegas de equipe: Sonny e Pearce. Que se acirra pelo ego e a sede de vitória individuais em prol de um grupo. Em meio ao descomedido atrito entre o ‘coroa’ e o ‘garoto que não sabe nada’, o pobre Ruben, vê seu emprego e o prestígio de sua equipe em risco – que não aflige o veterano das pistas, a princípio.
Isso porque, embora ainda tenha que conquistar Kasper (Kim Bodnia), chefe de equipe, (quiçá todos da equipe), Kate (Kerry Condon), a diretora técnica, entrega um jogo ganho em meio à confusão.
Kate é uma personagem forte, mas como de praxe, acaba se rendendo aos encantos de um piloto velho. Ou melhor, um galã hollywoodiano de 60 e poucos…Justo? Mas ao que se serve, pelo menos, como um respiro em meio às emocionantes corridas em circuitos reais como Silverstone, Las Vegas e Abu Dhabi, não é mesmo? Pois estas foram as minhas cenas favoritas.

A experiência
É impactante, imersivo e intrigante. Entramos no cockpit junto a Pitt, que imergiu no mundo do automobilismo e chegou a entrar no carro usado por Ayrton Senna (1960-1994) em 1993, último com McLaren, o MP4/8, que aparece no longa. O piloto brasileiro, inclusive, é citado por Hayes diversas vezes na trama. A nostalgia novamente é uma disputa acirrada, e com clamor.
Inclusive, a produção contou com o suporte dos engenheiros da Mercedes-AMG, que modificaram seis carros da F2 para que se parecessem com os legítimos da F1. Um set de filmagem ultra-realista, que combinou ficção e realidade, levou atores a encarar as pistas nos intervalos das corridas no GP da Inglaterra. A emoção de um filme que iniciou ainda sem nome e agora salta aos olhos de quem o vê.
Isso porque assisti-lo em uma sala de cinema é im-pres-sio-nan-te. Com todas as letras, sons, cores e elogios. F1 foi criado para assistir nas telonas, especialmente em IMAX, que foi a maneira como assisti. Corridas de fórmula 1 em tom de ‘absolute cinema’ foram uma das melhores combinações que pude experienciar – de modo direto. Como dito antes, a mágica do cinema se torna quase um milagre diante da maneira em que as cenas de pilotagem são desenvolvidas.
Aqui, vale um adendo. Kosinski é ex-engenheiro e, sem qualquer uso de CGI (imagens geradas por computador), ele proporcionou a sequência de cenas mais fidedignas possíveis à adrenalina do automobislismo. Em apenas 15 minutos, cerca de 30 câmeras e velocidade máxima, Pitt dirigiu o veículo em frente a milhares de pessoas e fez história no cinema.

Os sentidos se acentuam
Outro tópico espetacular, é a trilha sonora cuidadosamente elaborada e selecionada para corroborar com os picos de adrenalina. Isso porque, ao vermos o velocímetro atingir cerca de 290 km/hr, Hans Zimmer (“Interstellar”) entra em cena. Palavras são dispensáveis e os sentidos prevalecem.
Uma experiência à parte, que, definitivamente, renderá ao filme a indicação ao Oscar de Melhor Trilha Sonora Original. Um recorte uno e minucioso. Aspecto que me remeteu muito ao dinamismo das cenas de competição de tênis em “Rivais“, de 2024. Mais um ponto positivo.
Uma questão de pesistência
A premissa por si só é arrebatadora. No entanto, o roteiro propõe uma segunda camada na trama, que expõe a carga honesta e reflexiva da narrativa: a jovialidade versus persistência.
Em um mundo onde a velocidade dita o ritmo das conquistas, a jovialidade é dada como principal combustível para atingir metas e sucesso. Nesse sentido, o longa lida com a etariedade por meio da analogia feita entre as pistas de corrida e o rumo à vitória. Onde pódio é feito de persistência e foco. Seja se preparando para uma batalha usando técnicas de última geração – como Pearce – ou fazendo maratonas de corrida à là Rocky, – como Sonny – outro elemento nostálgico presente na produção.
Sendo assim, a Fórmula 1, mais do que uma modalidade esportiva, simboliza um percurso de estratégia, coragem e reinvenção constante. Estes elementos dialogam com seu filme anterior clássicos, Top Gun: Maverick, do aviador naval vivido por Tom Cruise, mas também podem ser explorados de forma mais subjetiva e reflexiva.
Diante disso, a trama evidencia a sua moral e um cuidado narrativo. Embora os diálogos sejam simples e diretos, a produção como um todo reaquece o cinema e garante o pódio diante de sua experiência singular cinematográfica.
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