Agatha Christie - Morte no Nilo review

Review | Agatha Christie – Morte no Nilo é divertido, mas peca graficamente

Agatha Christie – Morte no Nilo adapta para os jogos a clássica história literária, do grande detetive, Hercule Poirot. Desenvolvido pela Microids, que já adaptou outros livros da autora, segue Poirot e a detetive Jane Royce em suas buscas pela resolução de dois grandes mistérios.

Tentando sair do óbvio tanto do filme quanto do livro, o jogo Agatha Christie – Morte no Nilo traz um desfecho diferente, assim como novos personagens. Dentre estes está a própria Jane Royce, introduzida como uma grande fã de Hercule Poirot.

Outra inovação foi transportar a história que originalmente se passava em 1937, para a década de 70. A mudança faz com o título traga muitas referências ao período, principalmente combinações de roupas que eram populares, bem como sua trilha sonora.

A história, puzzles e jogabilidade

A narrativa segue Poirot investigando Linnet e Simon Doyle, enquanto do outro lado, temos Jane, que investiga o assassinato de sua amiga. A cada capítulo iremos revezar entre os dois protagonistas e vendo as histórias se conectarem conforme se avança.

Para quem já leu o livro ou assistiu a adaptação cinematográfica, a boa notícia é que a Microids buscou criar novos desfechos para a história e personagens. A decisão se mostrou acertada – ela ajuda a manter os jogadores entretidos até o capítulo final.

Quanto aos capítulos, Morte no Nilo conta com 10. Ou seja, não se trata de um jogo tão extenso. A depender da dificuldade selecionada e facilidade do jogador com os puzzles, ele pode ser finalizado em cerca de 15 horas de gameplay, contando com cinemáticas e diálogos. Porém, ele não conta com localização em português do Brasil.

Apesar disso, Morte no Nilo leva a narrativa por diferentes locais, como Londres, Nova York, Maiorca, até chegarmos ao Egito. Seguindo a mesma fórmula dos outros jogos da saga, cada capítulo refere-se a uma investigação a ser concluída.

No que tange às investigações, a receita é a mesma vista nos jogos anteriores. Temos que explorar locais, coletar pistas, observar diálogos, interrogar suspeitos, montar perfis, usar um mapa mental de dedução, além de confrontar suspeitos quando estão eles estão mentindo.

O mapa mental é basicamente o que ajuda o jogador a relacionar as pistas e deduções, para concluir a investigação, dando importância também a entender o caso e não apenas coletar tudo. Infelizmente, apesar dos dois protagonistas, sente-se a falta de uma diferença de jogabilidade ou habilidades entre os dois – a impressão é a de que estamos jogando com os mesmos personagens.

Já os puzzles apresentam uma boa variação. Temos inspeção de cenários (olhar para itens escondidos), manipulação de objetos, ordenação de evidências ou pistas, e labirintos de diálogo, onde se escolhe as perguntas certas para se fazer aos suspeitos.

A complexidade dos puzzles está atrelada ao nível de dificuldade selecionado pelo jogador. Nos níveis mais fáceis, os jogadores podem usar dicas ou até revelar a solução completa do enigma. Entretanto, nos níveis mais avançados, quem está jogando vai se ver por conta própria.

Ambientação, visuais e atmosfera

A ambientação nos anos 70 dá um inegável frescor à adaptação. Os cenários são bonitos, com atenção aos detalhes. Estão presentes as roupas de época, discotecas, objetos, luzes, padrões decorativos e muito mais.

Os gráficos no entanto deixam a desejar. Em certos momentos os visuais pecam nas expressões faciais, principalmente nas cinemáticas, o que quebra um pouco da imersão. Outro problema é a sincronia labial nos diálogos, mesmo contando com uma boa dublagem original, a falta dela é notável.

Em contrapartida, a trilha sonora e o som ambiente são bons e ajudam a criar momentos de suspense, de tensão ou clima misterioso. Nada que empolgue de fato, ou seja marcante, mas cumpre bem seu papel.

Agatha Christie – Morte no Nilo vale a pena?

Para quem gosta de games de mistério, investigação, dedução e não se incomoda de jogar com pausas para pensar, revisar pistas ou explorar cenários lentamente, Agatha Christie – Morte no Nilo é uma ótima escolha. O jogo ainda entrega uma experiência com variações que ajudam a evitar que ele fique previsível demais para quem já conhece a obra. Porém, graficamente a obra deixa muito a desejar, merecendo uma atualização de sua engine para uma possível continuidade na jornada de Hercule Poirot.

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Amante de Games desde criança e viciado em caçar platinas. Profissional de TI nas horas vagas. Você me encontra no X: @gennerdouglas