Além de Hollywood | 5 diretores sul-coreanos que você precisa conhecer

AutoraisEspeciais
coreano

O cinema sul-coreano está conquistando fãs ao redor do mundo com histórias super criativas, personagens profundos e uma forma de filmar única. Diversos cineastas do país estão mostrando que não é só Hollywood que manda bem, ganhando prêmios e muito reconhecimento. Eles misturam gêneros e trazem críticas sociais afiadas em suas obras, usando técnicas de filmagem que deixam tudo visualmente incrível e cheio de significado. Com atenção aos mínimos detalhes, tanto na parte visual quanto na profundidade emocional e filosófica, esses filmes são obrigatórios para qualquer um que curte cinema de verdade.

Esses diretores surpreendem com estilos visuais únicos e histórias complexas que exploram temas como vingança, redenção, desigualdade social e a natureza humana. Seus filmes desafiam as expectativas, combinando suspense, drama e até humor ácido de um jeito inovador. Eles conseguem abordar questões sociais complicadas de uma forma acessível e impactante, contando histórias humanas e emocionantes. O trabalho desses cineastas ultrapassa as fronteiras da Coreia do Sul, influenciando o cinema global e inspirando novos talentos ao redor do mundo. Se você curte cinema e quer expandir seus horizontes, esses diretores que listamos no nosso especial Além de Hollywood são essenciais:

Bong Joon-ho: a revolução do cinema sul-coreano

Bong Joon-ho nasceu em 14 de setembro de 1969, em Daegu, Coreia do Sul. Ele cresceu em um ambiente artístico, com sua mãe sendo designer de moda e seu pai, um designer gráfico. Durante seus estudos na Universidade Yonsei, ele começou a explorar seriamente sua paixão pelo cinema. Após se formar em Sociologia, ingressou na Academia Coreana de Artes Cinematográficas, onde começou a desenvolver suas habilidades como cineasta. Seus primeiros trabalhos incluíam curtas-metragens que já mostravam sua habilidade em combinar drama humano com comentários sociais incisivos.

coreano
Foto: reprodução/Vanity Fair

A carreira de Bong Joon-ho decolou com seu primeiro longa-metragem, “Cão Que Ladra Não Morde” (2000), uma comédia negra que não foi um grande sucesso comercial, começou a destacar seu estilo único. O verdadeiro reconhecimento veio com “Memories of Murder” (2003), um thriller policial baseado em uma série de assassinatos reais ocorridos na década de 1980 na Coreia do Sul. Este filme não só foi aclamado pela crítica, mas também destacou a capacidade de Bong de misturar gêneros – combinando suspense, drama e até humor negro – enquanto oferecia uma crítica social mordaz sobre a incompetência policial e a repressão da era ditatorial na Coreia do Sul.

Uma das coisas mais notáveis dos filmes de Bong Joon-ho é sua habilidade em transitar entre gêneros e criar uma narrativa que é tanto acessível quanto profundamente crítica. Em “O Hospedeiro” (2006), ele reinventou o gênero de filmes de monstros com uma história que aborda a negligência governamental e os perigos da contaminação ambiental, enquanto mantém o público à beira do assento com cenas de ação emocionantes. Em “Mãe!” (2009), ele ofereceu um estudo de personagem tocante e perturbador sobre o amor incondicional de uma mãe e a busca desesperada por justiça. Cada filme de Bong é uma mistura única de comentário social, narrativa envolvente e personagens complexos, que desafiam as expectativas do público.

O ponto culminante de sua carreira até agora é, sem dúvida, “Parasita” (2019). Este filme ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes e fez história ao ganhar quatro Oscars, incluindo Melhor Filme, tornando-se o primeiro filme em língua estrangeira a ganhar o prêmio principal. “Parasita” é um retrato devastador da desigualdade social, contado através da história de duas famílias – uma rica e outra pobre – cujas vidas se entrelaçam de maneiras inesperadas e explosivas. Bong utiliza uma técnica de filmagem meticulosa, com uma atenção obsessiva aos detalhes visuais e à composição de cena, para criar uma narrativa visualmente deslumbrante que complementa a complexidade temática do filme. Seu uso de espaços confinados, movimento de câmera preciso e uma direção de arte impecável ajudam a amplificar a tensão e a crítica social inerente.

coreano
Foto: reprodução/ign brasil

A abordagem de Bong Joon-ho ao cinema é uma combinação de precisão técnica e uma visão humanista profundamente enraizada. Ele não só entretém, mas também provoca reflexão e debate, abordando questões sociais e políticas com um toque habilidoso que evita o didatismo. Seu trabalho é caracterizado por uma empatia profunda pelos personagens, independentemente de suas falhas, e uma vontade de explorar as nuances da condição humana. Ao equilibrar habilmente humor, suspense e crítica social, Bong Joon-ho se estabeleceu como um dos cineastas mais importantes e inovadores da atualidade, cuja influência continuará a ser sentida por muitos anos.

Dicas de filmes para conhecer o diretor:

1. “Parasita” (2019)

2. “Memórias de um Assassino” (2003)

3. “O Hospedeiro” (2006)

4. “Mother – A Busca Pela Verdade”  (2009)

5. “Expresso do Amanhã” (2013)

Park Chan-wook: o mestre do thriller e da vingança

Park Chan-wook nasceu em 23 de agosto de 1963, em Seul, Coreia do Sul. Ele estudou Filosofia na Universidade Sogang, onde fundou um clube de cinema chamado Sogang Film Community. Sua paixão pelo cinema foi inspirada pelo filme “Um Corpo que Cai” de Alfred Hitchcock, que o levou a decidir se tornar diretor. Seus primeiros trabalhos não foram bem-sucedidos comercialmente, mas ele perseverou e eventualmente encontrou sucesso e reconhecimento internacional.

coreano

A carreira de Park Chan-wook ganhou destaque com “Zona de Risco” (2000), um thriller político que explora as tensões entre a Coreia do Norte e do Sul. No entanto, ele se tornou um nome mundialmente reconhecido com sua “Trilogia da Vingança”, composta por “Mr. Vingança” (2002), “Oldboy” (2003) eLady Vingança (2005). “Oldboy“, em particular, é um marco do cinema global, conhecido por suas reviravoltas chocantes e a brutalidade estilizada. O filme ganhou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes e consolidou Park como um mestre do thriller psicológico.

Park Chan-wook é conhecido por seu estilo visual altamente estilizado e suas narrativas complexas. Ele combina violência gráfica com uma profundidade emocional e filosófica que desafia os espectadores a reconsiderar suas noções de moralidade e justiça. Seu uso de cores, composição e movimentos de câmera são cuidadosamente planejados para aumentar o impacto emocional de suas histórias. Em “A Criada” (2016), por exemplo, ele utiliza uma narrativa não linear e uma cinematografia exuberante para criar um conto erótico e psicológico baseado no romance “Fingersmith” de Sarah Waters, mas transposto para a Coreia ocupada pelos japoneses.

coreano
Foto: reprodução/MUBI

A obra de Park Chan-wook frequentemente explora os temas da vingança, justiça e a moralidade ambígua. Seus filmes são conhecidos por seus personagens complexos, que raramente são puramente bons ou maus, mas sim profundamente humanos com motivações e falhas realistas. Park também é um colaborador constante, frequentemente trabalhando com o mesmo grupo de atores e técnicos para garantir uma visão coesa em seus projetos. Sua habilidade em criar mundos cinematográficos ricos e imersivos o posiciona como um dos diretores mais influentes e respeitados do cinema contemporâneo.

Dicas de filmes para conhecer o diretor:

1. “Oldboy” (2003)

2. “A Criada” (2016)

3. “Mr. Vingança” (2002)

4. “Lady Vingança” (2005)

5. “Sede de Sangue” (2009)

Kim Ki-duk: o poeta do cinema sul coreano

Kim Ki-duk nasceu em 20 de dezembro de 1960, em Bonghwa, Coreia do Sul. Antes de entrar no mundo do cinema, Kim teve uma trajetória única. Inicialmente estudou arte em Paris antes de voltar para a Coreia e se interessar por cinema, após um período servindo no exército e trabalhando em fábricas. Kim Ki-duk é conhecido por seus filmes de baixo orçamento, muitas vezes controversos, que exploram os aspectos mais sombrios e poéticos da condição humana.

coreano
Foto: reprodução/Hollywood Reporter

Kim ganhou notoriedade com “Crocodilo” (1996), seu primeiro longa-metragem. O filme introduziu muitos dos temas recorrentes em sua obra, como a violência, a redenção e a marginalização social. Ele seguiu com filmes como “A Ilha” (2000) e “Tipo Ruim” (2001), que chocaram tanto o público quanto a crítica com suas representações cruas e muitas vezes perturbadoras de personagens marginalizados. No entanto, foi com “Spring, Summer, Fall, Winter… and Spring” (2003) que Kim alcançou reconhecimento internacional. Este filme é uma meditação visualmente deslumbrante sobre a vida, espiritualidade e natureza humana, contada através das estações do ano.

O estilo de Kim Ki-duk é marcado por uma abordagem minimalista e uma forte ênfase na visualidade. Seus filmes frequentemente contêm diálogos esparsos, permitindo que as imagens contem a história. Ele usa a câmera de maneira quase voyeurística, criando uma sensação de intimidade e intensidade emocional. Em “Casa Vazia” (2004), por exemplo, a história de um jovem que invade casas vazias e desenvolve um relacionamento silencioso com uma mulher abusada é contada quase sem palavras, mas com uma profundidade emocional que transcende a narrativa tradicional.

coreano
Foto: reprodução/MUBI

Apesar de sua técnica impressionante, Kim Ki-duk também é uma figura controversa. Alguns o acusam de ser explorado, tanto por suas escolhas temáticas quanto por seu estilo de direção. No entanto, seu impacto no cinema sul-coreano e mundial é inegável. Seus filmes desafiam os espectadores a confrontar aspectos desconfortáveis da realidade e a refletir sobre questões morais complexas. Kim Ki-duk faleceu em 2020, mas seu legado continua a influenciar cineastas e cinéfilos em todo o mundo.

Dicas de filmes para conhecer o diretor:

1. “Primavera, Verão, Outono, Inverno… e Primavera” (2003)

2. “Casa Vazia” (2004)

3. “A Ilha” (2000)

4. “Pieta” (2012)

5. “Tipo Ruim” (2001)

Hong Sang-soo: o cronista das relações humanas

Hong Sang-soo nasceu em 25 de outubro de 1960, em Seul, Coreia do Sul. Ele estudou cinema na Universidade Chung-Ang, na Coreia do Sul, e depois na California College of Arts and Crafts e na School of the Art Institute of Chicago. Ele começou sua carreira cinematográfica no final dos anos 1990 e rapidamente se destacou por seu estilo único e suas narrativas introspectivas.

coreano
Foto: reprodução/Korean Magazine

Hong é conhecido por seu estilo distintivo. Seu estilo é caracterizado por diálogos naturais, histórias introspectivas e um foco nas complexidades das relações humanas. Seus filmes muitas vezes exploram as nuances dos relacionamentos românticos e a vida cotidiana, frequentemente utilizando uma estrutura narrativa não convencional. “O Dia em Que o Porco Caiu no Poço” (1996), seu primeiro longa-metragem, já mostrava muitos desses elementos que se tornaram sua marca registrada.

O uso de repetições e variações é um dos aspectos mais notáveis do cinema de Hong Sang-soo. Em filmes como “Certo Agora, Errado Antes” (2015), ele conta a mesma história duas vezes com pequenas diferenças, explorando como variações mínimas podem levar a resultados completamente diferentes. Seus filmes frequentemente apresentam personagens que são cineastas, refletindo sobre sua própria vida e carreira, criando uma meta-narrativa que mistura ficção e realidade. Este estilo auto-reflexivo e muitas vezes autobiográfico oferece uma visão profunda das inseguranças e complexidades da vida criativa.

coreano
Foto: reprodução/Plano Crítico

A técnica de filmagem de Hong Sang-soo é marcada por longos takes, zooms repentinos e uma câmera frequentemente estática que observa os personagens de uma distância quase voyeurística. Ele geralmente trabalha com um orçamento limitado e uma equipe pequena, o que permite uma grande liberdade criativa. Sua abordagem minimalista e realista cria um senso de intimidade e autenticidade, convidando o público a se concentrar nas sutilezas das interações humanas.

Os filmes de Hong são apreciados por sua honestidade brutal, humor seco e uma sensibilidade única que desafia as convenções tradicionais do cinema narrativo.

Dicas de filmes para conhecer melhor o diretor:

1. “Certo Agora, Errado Antes” (2015)

2. “O Dia em que Ele Chegar” (2011)

3. “Na Praia à Noite Sozinha” (2017)

4. “A Mulher que Fugiu”  (2020)

5. “A Câmera de Claire” (2017)

Lee Chang-dong: o mestre da narrativa emocional

Lee Chang-dong nasceu em 1º de julho de 1954, em Daegu, Coreia do Sul. Antes de se tornar diretor, Lee era um romancista aclamado. Essa experiência claramente influencia a profundidade e complexidade de suas narrativas cinematográficas. Ele ingressou na indústria cinematográfica relativamente tarde e estreou como diretor com “Green Fish” (1997), um drama criminal que já destacava seu talento para contar histórias profundamente humanas.
coreano
Foto: reprodução/The Cinematic

A carreira de Lee Chang-dong ganhou notoriedade internacional com “Peppermint Candy” (1999), um filme que conta a vida de um homem de trás para frente. Ele explora eventos históricos e pessoais que moldaram seu destino. A habilidade de Lee em entrelaçar o pessoal e o político cria narrativas ricas e envolventes que ressoam com os espectadores em um nível profundo. “Oasis” (2002) e “Sol Secreto” (2007) são outros exemplos de seu estilo inimitável, que combina uma observação aguda da sociedade com uma exploração profunda das emoções humanas.

Lee Chang-dong é conhecido por sua abordagem meticulosa e detalhada à narrativa. Seus filmes frequentemente abordam temas como a perda, a redenção e a busca por identidade em meio a circunstâncias adversas. “Em Chamas” (2018), baseado em um conto de Haruki Murakami, é um suspense psicológico que explora a desigualdade social e a alienação. O filme recebeu aclamação internacional por sua narrativa lenta e construção de suspense magistral. Lee utiliza uma cinematografia sutil e uma direção de arte detalhada para criar ambientes que são ao mesmo tempo realistas e poeticamente carregados.

coreano
Foto: reprodução/MUBI

A técnica de filmagem de Lee Chang-dong é caracterizada por sua paciência e atenção aos detalhes. Ele usa longos takes e enquadramentos precisos para permitir que os personagens e suas histórias se desenrolem de maneira natural. Seus filmes frequentemente evitam explicações fáceis, convidando o público a refletir e interpretar os significados subjacentes. Lee também é conhecido por seu trabalho colaborativo com os atores, incentivando performances naturais e emocionalmente autênticas. Essa combinação de narrativa literária, profundidade emocional e técnica cinematográfica coloca Lee Chang-dong entre os cineastas mais respeitados e influentes do cinema sul-coreano.

Dicas de filmes para conhecer o diretor :

1. “Em Chamas” (2018)

2. “Poetry” (2010)

3. “Sol Secreto” (2007)

4. “Oasis” (2002)

5. “Peppermint Candy” (1999)

Leia também: 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *