Crítica | A Lista da Minha Vida é uma aposta consciente da Netflix com Sofia Carson
Netflix/Divulgação

Crítica | A Lista da Minha Vida é uma aposta consciente da Netflix com Sofia Carson

Existe uma resistência generalizada quando se olha uma produção de comédia romântica na Netflix. Ver que A Lista da Minha Vida está liderando o top 10 brasileiro do streaming, pode trazer muitas impressões desmotivadoras por ser mais uma produção estrelada por Sofia Carson (“Descendentes”). No entanto, a produtora apostou em uma fórmula conhecida e conseguiu sair quase ilesa de grandes decepções.

A história é centralizada na vida de Alex Rose (Carson), uma jovem que entra em uma dinâmica surpreendente ao descobrir que sua herança está atrelada a uma lista de tarefas para transformar a vida. Após sua mãe morrer de câncer, ela compreende que precisa sair da sua zona de conforto e resgatar algumas loucuras que prometeu fazer quando tinha 13 anos. Nessa jornada de descobertas, ela se aproxima de sua melhor versão e desfruta a vida sob um olhar diferente.

O primeiro destaque do longa é a atuação da protagonista que combina bem para o papel de jovem adulta que precisa amadurecer para lidar com as responsabilidades da vida adulta. Alex passa por difíceis escolhas e decisões, ela adentra em uma jornada profunda sobre si e sua visão de mundo, a atuação de Carson entrega bem essa relação, mesmo que de forma simples, é coerente com seu papel.

Sofia Carson e sua trajetória na Netflix

O sentido de olhar para essa obra, pode ser amplo e fomentado em exemplos práticos de como o filme constrói bem o paradigma de não ser apenas mais uma comédia romântica. A atriz construiu uma trajetória sólida na Netflix, consolidando-se como um dos rostos mais conhecidos do streaming. Sua filmografia na plataforma transita entre dramas românticos e thrillers, sempre explorando personagens emotivos e cativantes.

Ela alcançou grande reconhecimento com “Continência ao Amor” (2022), onde interpretou Cassie, uma cantora que se casa por conveniência com um militar para obter benefícios financeiros, mas acaba desenvolvendo sentimentos genuínos pelo parceiro. O filme foi um dos grandes sucessos da Netflix naquele ano. Além disso, a história tem semelhanças no gênero romântico com o lançamento de 2025, o que traz memórias afetivas para os fãs dessas produções.

Em 2024, Carson estrelou Bagagem de Risco, um thriller de suspense em que um jovem agente precisa lidar com um passageiro misterioso que o chantageia para permitir a entrada de um pacote proibido. A primeira vez em que dentro do streaming, ela se aventura em um gênero diferente. No entanto traz essa semelhança de que o básico funciona.

A simplicidade também é louvável

Adam Brooks, também responsável por “Felicidade por um Fio”, está a frente do roteiro e direção de “A Lista da Minha Vida”. Ele desenvolve o enredo mostrando os pontos dramáticos na medida certa. Há um equilíbrio entre os dilemas pessoais da personagem que envolvem sua vida amorosa, com um namorado por convenção, sua vida familiar, com os atritos que ela tem com seus irmãos e ao mesmo tempo seu processo de autoconhecimento.

Os personagens secundários desempenham um papel interessante e equilibrado: não são aprofundados a ponto de se perder na história e ao mesmo tempo não possuem uma superficialidade que enfraquece a trama. Outro grande destaque é a inserção da importância do advogado da família Brad (Kyle Allen), que inicia de forma singela e depois se torna essencial na vida da protagonista.

A Lista da Minha Vida – via Netflix

A construção do romance é clássica e mantém a fórmula do gênero. O casal possui um vínculo simples de trabalho que ao longo das cenas se torna sutilmente uma aproximação e identificação. Não há excessos ou escassez dentro do arco dos dois personagens e isso torna o filme uma produção bem coerente e que funciona bem apostando no simples.

A fotografia do longa é bem convencional. Isso porque as cenas mostram uma história como se fosse verdadeira, sem abusar de filtros ou cores. O que é interessante é que o estilo das roupas dos personagens deixam bem claro a personalidade de cada, no começo Alex utiliza looks mais simples e ao longo das cenas ela ganha mais personalidade com cores mais fortes e mais estampas. Isso reflete também na forma em que as cenas são sugeridas, começando com cores e filtros mais neutros e sutilmente ganhando mais corpo. sem perder sua essência.

Não é só mais uma comédia romântica?

Na verdade é realmente mais uma comédia romântica. Mesmo com a profundidade do questionamento ao espectador, sobre como estamos aproveitando as oportunidades da vida, por fim o longa não super nenhuma barreira, o que é decepcionante pensando no potencial que teria para aprimorar um pouco mais do gênero. O básico bem feito funciona, mas o público merece novidades e estruturas mais articuladas, como acontece por exemplo em “Todos Menos Você”.

Outra questão é que é possível ver as tentativas de comparação com o própria produção. A clássica música que permeia as produções com significados que enaltecem a cena também é uma repetição da fórmula em “A Lista da Minha Vida”, enquanto o outro romance explora o clássico Unwritten de Natasha Bedingfield, na nova produção da Netflix, a notória música que leva sentido a trama é That’s Not My Name de The Ting Tings.

Em muitos momentos ela mostra como Alex consegue extravasar junto de Brad cantando e dançando com essa trilha. Representa a liberação de seus sentimentos e uma forma de se conectar com a personalidade. Essa é a principal mensagem que o longa trás e a música expressa bem essa reação.

“A Lista da Minha Vida” é um filme coerente com seu gênero de romance e traz uma comédia interessante ao partilhar o drama da vida de Alex. Carson e Allen entregam uma boa performance de destaque na repetição de uma fórmula que funciona bem tecnicamente falando. É possível esperar mais do conteúdo, mas será que a Netflix quer surpreender ou repetir produções que vendem?

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