O diretor argentino Cristián Ponce conduz a direção e roteiro do longa Abraço de Mãe. A produção de terror apresenta uma rápida história que consegue apresentar uma série de sensações dentro de sua estrutura com drama, suspense e terror. O filme oferece uma narrativa sufocante e isso está atrelado a sua direção.
Em algumas entrevistas Ponce revela que se inspira nas produções de John Carpenter, que comumente narra histórias de pessoas presas em lugares sem escapatória. Ao assistir a produção, é possível enxergar essa perspectiva, mas isso não gera uma trama agradável. A sensação de constante desespero também é acompanhada de informações confusas.
A confusão do roteiro, que também é assinado pelos brasileiros André Pereira e Gabriela Capello, acontece a medida que as informações são expostas sem um nexo profundo. A superficialidade das informações tornam a produção insuficiente em muitos pontos. Existe uma tentativa de gerar mais suspense ao não conectar de primeira cada um dos passos, mas a consequência dessa ação não é positiva e torna o filme pouco atrativo.
Afinal, como é a história de Abraço de Mãe?
Abraço de Mãe trama segue Ana, interpretada por Marjorie Estiano, uma bombeira que lida um grande trauma ocasionado pelo complexo relacionamento com a mãe. Até que ela se depara com um cenário de tensão e catástrofe diante da profissão. O enredo se passa no Rio de Janeiro, em 1996, em um momento que uma enchente deixa marcas profundas na cidade e nos personagens.
Ao conduzir os acontecimentos, o longa representa alguns temas importantes e muito válidos para o tema como trauma, paranoia e lendas urbanas latino-americanas. Ele utiliza cenários sombrios e efeitos visuais, como imagens distorcidas e o jogo de luz e sombra, para representar os pesadelos e feridas emocionais de Ana.
Além disso, também se destaca por incorporar elementos sobrenaturais e psicológicos, criando uma atmosfera de horror que envolve rituais misteriosos e visões perturbadoras, com um cenário de suspense que evita explicações fáceis. Alguns personagens secundários oferecem um verdadeiro medo.
O filme representa bem os elementos necessários para condizer com o gênero. Ainda assim, a quantidade de informações que são apresentadas e a falta de sentido e coesão entre elas enfraquecem todos os pontos positivos que a narrativa poderia apresentar. Isso tira a atenção da tela em muitos momentos, transformando a narrativa cansativa e até sonolenta pela falta de ações em momentos específicos.
O ponto alto é a atuação de Marjorie Estiano
Um dos grandes destaques da produção é a atuação de Marjorie, principalmente por sua habilidade de transitar entre o terror e o drama, capturando as nuances de medo, dor e resignação de sua personagem. Seu trabalho é descrito como uma das bases da autenticidade emocional do filme, com uma performance que explora sentimentos profundos e perturbadores, sustentando o suspense e o impacto psicológico da história.
Marjorie consegue entregar a clareza desses sentimentos em uma performance digna de premiações. É possível sentir cada reação de Ana através dos acontecimentos, isso sustenta uma profundidade na produção que supera muitas ressalvas negativas a tornando mais coerente em muitos pontos. Um dos maiores problemas é que essa excelência não é sustentada pelo elenco que interage com a atriz.
Os personagens que estão na antiga casa, as performances mais macabras, são dignas de um “Stranger Things”. E essa sensação é acompanhada de sustentável fotografia, que trabalha na claustrofobia e não utiliza de caminhos fáceis de horror cósmicos. Já os personagens “vida real” como restante da equipe do corpo de bombeiros, não conseguem ter a mesma clareza em sua performance.
Abraço de Mãe tem seus pontos altos e baixos. A incoerência do roteiro torna a experiência cansativa e sonolenta. Entretanto, a coerência da fotografia e da atuação de Marjorie ganham um destaque interessante na trama. Misturando drama, terror e suspense, o longa pode agradar aos fãs do gênero, mesmo com algumas ressalvas.
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