Ale Sater encostado em uma rede vestindo tons escuros.
Ale Sater lança seu primeiro álbum solo: 'Tudo Tão Certo'. (Divulgação).

Crítica | Ale Sater se entrega em seu primeiro álbum solo ‘Tudo tão Certo’

Como vocalista e um dos principais compositores da Terno Rei, Ale Sater já tem seu lugar consolidado na cena indie rock brasileira. Mas agora o artista se desdobra em novos caminhos e mostra mais sobre si mesmo em “Tudo Tão Certo” seu primeiro álbum solo, lançado pela Balaclava Records.

Apesar de já ter iniciado a carreira solo com EPs “Japão” (2016) e “Peu” (2021), além de alguns singles, só agora podemos ver um projeto mais robusto no qual o cantor e compositor apresenta um repertório confessional, com reflexões, introspecções, recordações e desabafos sobre suas próprias experiências.

São 11 composições de Sater com produção de Gustavo Schirmer, nas quais o artista dá mais espaço para a sua vertente folk acústica, com arranjos minimalistas e com destaque para os vocais, porém sem abandonar a bagagem do indie e do pop rock. Tudo se alternando entre momentos mais emotivos e outros mais contemplativos, porém mantendo a unidade da obra.

Do folk ao indie

Capa de 'Tudo Tão Certo'
Capa de ‘Tudo Tão Certo’, primeiro álbum solo de Ale Sater. Divulgação.

“Anjo” faz a abertura do álbum. Uma faixa curta que serve bem como introdução, como se estivéssemos adentrando em um canto intimo da memória do artista. “Ontem” foi o primeiro single apresentado e descreve uma sensação de cansaço com um olhar melancólico para a passagem do tempo.

“Quero Estar” é o primeiro momento do disco com um aceno ao pop, remetendo ao brit pop da década de 1990. “Final de Mim” é provavelmente o momento mais intimo e confessional do álbum, trazendo uma melancolia cortante em versos como: “Estou meio bêbado aqui / Alguém me diz quando parar / Há alguma chance de ficar? / Ah, eu sei que não dá.”

“Trégua” e “Vejo” parecem surgidas de fases diferentes do Radiohead, a primeira mais introspectiva e a segunda mais pesada e experimental. “Girando em Falso” parece uma ponte de volta para o clima acústico que se intensifica em “Cidade”, que traz Sater se reencontrando com lugares do passado e lidando com o choque da passagem do tempo.

“Ouvi Dizer” tem um olhar mais esperançoso e fala sobre a capacidade de se manter firme em meio à turbulência da vida. “Alguma Coisa” é mais um dos grandes momentos da obra e ao mesmo tempo a faixa que mais se aproxima da sonoridade do Terno Rei, com uma vocação radiofônica. “Desvencilhar” encerra o disco em alta com uma mistura dos vários sentimentos apresentados ao longo da obra embalados em um lindo arranjo orquestral.

Em “Tudo Tão Certo” Ale Sater abre um baú de lembranças e sentimentos traduzidas em composições sensíveis e marcadas por uma sinceridade e profundidade tocantes. Mantendo a base no rock com flertes com o pop, porém puxando mais para o folk acústico o artista reforça aqui a sua força como compositor e se destaca em sua vertente solo.

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