Crítica | Demolidor de Mark Waid traz um novo respiro ao personagem depois de período sombrio

A Panini está relançando aquela que, para muitos fãs, é a melhor fase do Demolidor. A gloriosa fase escrita por Mark Waid (“Reino do Amanhã”) está de volta ao Brasil em formato de luxo.

Originalmente, ela foi publicada no Brasil entre junho de 2013 e junho de 2016 em 11 volumes, agora ela vai sair em 10 volumes em capa dura.

Antes do Mark Waid assumir o personagem, os escritores Brian Michael Bendis, Ed Brubaker e Andy Diggle tiveram fases memoráveis na revista do Demolidor, mas sempre com uma temática mais pesada e sombria, um legado que o personagem carregou desde os anos 80, quando Frank Miller o personagem.

Com o Bendis, a identidade do Demolidor foi revelada ao mundo; com o Brubaker, o herói foi parar na prisão; e com o Andy Diggle, ele virou um demônio, literalmente.

Com a entrada de Mark Waid no título, os editores da Marvel queriam que o personagem voltasse às origens, com uma temática mais leve e inocente, assim como na Era de Prata, quando era escrito por seus criadores, Stan Lee e Bill Everett.

Arcos são marcados por histórias leves e arte cartunesca (Foto: Marvel Comics/Divulgação)

O escritor não ignora o que veio antes dele, mas trabalha com essas informações de um jeito mais leve e bem-humorado, trazendo uma esperança para o Demolidor. Nessa fase vemos Matt Murdock sair um pouco do âmbito da Cozinha do Inferno e participar mais do Universo Marvel como um todo, tendo encontros com o Capitão América, Surfista Prateado, Homem de Ferro, Homem-Aranha, entre muitos outros.

Mark Waid escreve um Demolidor mais participativo do Universo Marvel (Foto: Marvel Comics/Reprodução)

Este primeiro volume abre com o Demolidor impedindo que O Mancha, vilão do Homem-Aranha, sequestre uma criança em um casamento, e logo nas primeiras páginas vemos Matt Murdock tendo que lidar com as dificuldades de que sua identidade secreta foi revelada e como isso tem afetado ele e todos ao seu redor, incluindo seu trabalho como advogado. A todo momento o Matt é testado pelos seus conhecidos para ver se ele solta alguma informação de que ele é de fato o herói mascarado, e, claro, sempre nega, ao ponto de virar uma piada recorrente nesse primeiro arco de histórias.

A história principal desse primeiro arco é um caso em que Matt Murdock está trabalhando para provar a inocência de um homem chamado Ahmed Jobrani, que teria sido agredido por dois policiais, mas as poucos o herói vai descobrindo que o caso é mais complicado do que parece e começa uma investigação como Demolidor para descobrir o que realmente aconteceu.

Um dos principais aspectos que mais traz esse ar leve e bem-humorado para as histórias são os desenhos do Paolo Rivera (“Mythos”) e do Marcos Martín (“Robin: Ano Um”). São desenhos com um traço mais cartunescos, com cores vibrantes e chamativas, que ajudam a dar esse toque mais leve e despretensioso ao quadrinho, mas sem deixar de ser um desenho que funciona muito bem nas cenas de ação, mostrando toda a agilidade pela qual o Demolidor é conhecido.

Decisão artística de desenhos mais cartunesco não afeta nas cenas de ação, que sempre reforçam a agilidade do protagonista (Foto: Marvel Comics/Reprodução)

Essa aclamada série chegou a ganhar três prêmios Eisner no ano de 2012, com Melhor Escritor, Melhor Série e Melhor Edição Única. Então para quem nunca leu esses arcos do Demolidor, agora é uma ótima oportunidade para ser uma porta de entrada nas histórias do personagem. É uma história excelente, com o herói de volta às origens, que vai agradar tanto os fãs veteranos do personagem como também as pessoas que vão ter seu primeiro contato com ele aqui.

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