Crítica | Gran Turismo: De Jogador a Corredor é um filme que intensifica a paixão do homem pelo automóvel

Quando foi lançado por volta de 1997 para o console Playstation 1, o jogo Gran Turismo criado pela empresa Polyphony Digital desencadeou uma reviravolta no mercado dos jogos. Não era por menos. O jogo capturava fielmente o universo automobilístico com diversas marcas de carros, tudo bem devidamente detalhado. Um jogo requintado que saciava a sede dos fãs de carteirinha do automobilismo, bem como gerava curiosidade para quem desejava conhecer o gênero.

A franquia então seguiu adiante trazendo jogos cada vez mais polidos buscando a perfeição de carros e pistas. Começou a pensar na modernidade colocando jogadores em torneios online ao redor do mundo, sem nunca perder o capricho e o carinho dentro do gênero simulador de corridas.

Agora chega o filme

Depois de muitos boatos e cogitações, a Sony trouxe a real informação de que o jogo ganharia um filme. A missão de trazer o universo do renomado jogo para as telas ficou a cargo do diretor Neill Blomkamp, responsável por produções como Distrito 9 (2009) e Elysium (2013).

A história, baseada num fato real, traz o britânico Jann Mardenborough e sua ascensão como piloto profissional. Jann era um aficionado pelo jogo que, após um torneio oferecido entre a Nissan e a Polyphony Digital, conseguiu oportunidade entre os 10 melhores jogadores do mundo para tentar sua vida como corredor profissional.

O elenco traz alguns rostos novatos do Cinema, mas ao mesmo tempo chega com atores conhecidos dos cinéfilos como Orlando Bloom e David Harbour (que ganhou ainda mais destaque na mídia após sua atuação na série Stranger Things). 

A paixão do homem pelo carro

Uma característica presente no jogo e que se estende ao filme é intensificar a relação apaixonada entre homem e máquina que atravessa décadas. Isso fica bem explícito nos minutos iniciais da película. Os jogos de corrida que Jann coleciona com carinho, miniaturas espalhadas pelo quarto, sua foto ao lado de uma Ferrari, até mesmo sua recusa em sair para praticar atividades ao ar livre.

Jann entende o que está errado no carro, sabe qual a peça que não foi ajustada corretamente, é capaz de entender tanto de mecânica como um profissional experiente da área. Tanto no simulador como na pista real, o jovem vive uma relação harmoniosa com os veículos que dirige.

Um caminho complicado

O percurso que o jovem atravessa não é fácil. Percalços, preconceitos, acidentes, desgaste físico e mental, busca de resultados positivos que não chegam logo, rivalidades e a indiferença da família que não aceita tanto essa sua escolha. Da mesma forma, a aproximação entre Jann e sua equipe será algo gradual, não chegará logo, sobretudo quando o assunto é ganhar a confiança de seu mentor, Jack Salter (David Harbour).

Ressaltando que Jack não existiu na vida real, entretanto, constrói uma dinâmica necessária para alternar momentos tanto alegres como tensos da trama. Além disso, é um personagem que equilibra seus sentimentos, mesmo quando chegam antagônicos: intransigência, simplicidade, determinação, liderança e compaixão.  

Um deleite visual e sonoro

Como todo jogo que envolve corridas, aqui em Gran Turismo: De Jogador a Corredor não é diferente a prioridade com a sonoplastia e o visual. O ronco dos motores, os preparativos das corridas, autódromos lotados, a câmera lenta para valorizar as ultrapassagens, o interior dos carros, a comunicação entre piloto e sua equipe. Cores, sons e o toque moderno se fazem presente o tempo todo.

Um efeito visual bem utilizado no filme consiste em estilhaçar o carro de Jann durante trechos da corrida e mostrar o piloto dentro de seu quarto, revivendo suas corridas virtuais. Apesar de ser um artifício interessante, em contrapartida pode ser talvez fantasioso demais para alguns espectadores e quebrar em parte o ritmo das cenas de corrida.

Resumo geral

Não tão dramático e impactante como foram outras produções com a mesma temática, caso de Rush – No Limite da Emoção (2013) e Ford Vs Ferrari (2019), Gran Turismo: De Jogador A Corredor possui seu charme. Convence, embora não tão precisamente, por ser mais uma produção que exemplifica bem a interação entre homem e máquina, bem como por carregar uma mensagem de seguirmos nossos sonhos, superando traumas, medos e obstáculos.

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