Crítica | Oddity - Objetos Obscuros cria um horror folclórico moderno

Crítica | Oddity – Objetos Obscuros cria um competente horror folclórico moderno

Oddity – Objetos Obscuros é um filme intrigante e assustador, que mistura o terror folclórico irlandês com elementos de horror gótico e uma pitada do estilo de Peter Strickland. Dirigido por Damian McCarthy, que segue seu sucesso anterior “Caveat”, o filme explora traição, assassinato, fantasmas e um assustador manequim de madeira, criando uma atmosfera genuinamente perturbadora e envolvente.

Com uma narrativa que captura a tensão e o medo, McCarthy entrega uma experiência de terror visualmente impactante e cheia de suspense, mesmo cheio de “roteirices”.

A tragédia

Um ano se passou desde que Dani (Carolyn Bracken) foi brutalmente assassinada na casa que compartilhava com seu parceiro, o Dr. Ted Timmis (Gwilym Lee), no sudoeste da Irlanda. Apesar da tragédia horrível, Ted continua morando na casa, alegando que a proximidade com seu trabalho em um hospital psiquiátrico nas redondezas é o motivo. No entanto, alguns suspeitam que suas verdadeiras motivações sejam mais complexas.

A culpa pela morte de Dani foi atribuída a Olin Boole (Tadhg Murphy), um dos ex-pacientes de Ted. Mas dúvidas persistem, especialmente depois que Olin teve um fim violento logo após a acusação.

Quando o primeiro aniversário da morte de Dani se aproxima, sua irmã gêmea cega, Darcy (também interpretada por Bracken), chega sem aviso, surpreendendo Ted e sua nova namorada, Yana (Caroline Menton). Darcy, que possui habilidades de médium, traz consigo um presente misterioso para Ted — algo que ele logo perceberá que seria melhor ter deixado não descoberto.

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Oddity – Objetos Escuros

Nesse ponto, os elementos sobrenaturais começam a emergir. Darcy revela um manequim de madeira que guardou para Ted, um objeto inquietante que antes pertencera à mãe dela e de Dani. Ted mostra pouco interesse, enquanto Yana se sente visivelmente perturbada pelo manequim e pelo apego de Darcy a ele.

Apesar do desconforto, tentam manter a educação. No entanto, à medida que Dani passa mais tempo perto do manequim, ela começa a entrar em um estado de transe, o que só aumenta o medo crescente de Yana. Eventualmente, o crescente receio de Yana se mostra bem fundamentado, quando a situação toma um rumo mais sinistro.

O trio central

O elenco traz uma gravidade convincente ao filme, entregando atuações que, embora não sejam necessariamente extraordinárias, mantêm um senso sólido de seriedade ao longo da trama. O trio central — Carolyn Bracken, Gwilym Lee e Caroline Menton — ancora a história com uma intensidade contida que parece mais adequada a uma narrativa dramática.

Bracken, em particular, tem a oportunidade de explorar alguns aspectos intrigantes de sua personagem conforme a história se desenrola, enquanto Menton transmite eficazmente um senso palpável de medo.

Suas atuações se alinham com a visão do diretor, contribuindo para a atmosfera do filme. O elenco de apoio, incluindo Tadhg Murphy, Jonathan French, Joe Rooney, Steve Wall e outros, enriquece ainda mais o filme, acrescentando profundidade e variedade ao conjunto.

Cenário infernal encantador

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Oddity – Objetos Escuros

Oddity se destaca por sua habilidade em criar uma atmosfera fria e imprevisível, sem depender de sustos fáceis. A cinematografia de Colm Hogan contribui para essa sensação de pavor constante, reforçando o clima sombrio de uma casa remota na Irlanda, onde os segredos escondidos podem ser mortais. McCarthy, com sua confiança em deixar as cenas respirarem e aumentar a tensão, constrói uma experiência de horror bem ritmada, que mantém o público na ponta da cadeira.

Aliás, a dupla Hogan e McCarthy, cria um cenário infernal encantador para a câmera. As escolhas de Hogan acentuam a sensação de um conto ao redor da fogueira e fornecem pistas visuais para os personagens. Desde o banquete estilístico até os elementos temáticos ricos, o novo trabalho de McCarthy demonstra um cineasta visionário consolidando seu lugar entre os maiores criativos da atualidade.

Embora o filme seja impressionante em termos de estilo e direção, o roteiro é menos eficaz. A história, que poderia ser mais simples, acaba sendo desnecessariamente complexa, com muitas peças a serem decifradas ao longo do tempo. No entanto, apesar das falhas na narrativa, o elenco, liderado por Carolyn Bracken e Gwilym Lee, entrega performances sólidas, dando profundidade emocional à trama e tornando os personagens críveis.

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Oddity – Objetos Escuros

No seu âmago, Oddity se assemelha a um conto folclórico, e cada ator faz um ótimo trabalho em estabelecer os eventos que ocorrem no filme. Provando para Hellboy e o Homem Torto que dá pra fazer um horror folclórico bom com pouco orçamento.

Com dois filmes no currículo, Damian McCarthy está se consolidando como uma força no mundo do terror de baixo orçamento. Oddity pode não ser o melhor filme do ano, mas é uma experiência que vale a pena para quem busca um terror assustador e envolvente.

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Resultado de uma experiência alquímica que envolvia gibis, discos e um projetor valvulado. Editor-chefe, crítico, roteirista, nortista e traficante cultural.