Robert Pattinson
Foto: reprodução/rolling stone

Especial Robert Pattinson | De galã teen a ícone do cinema moderno

Ator britânico é hoje uma das figuras mais camaleônicas de Hollywood e coleciona performances marcantes

Neste 13 de maio, Robert Pattinson completa 39 anos. Para muitos, ele ainda é lembrado como o eterno Edward Cullen da saga “Crepúsculo”, papel que o transformou em fenômeno global entre adolescentes nos anos 2000. Mas Pattinson é muito mais do que um galã imortal. Nas últimas duas décadas, o ator britânico construiu uma carreira corajosa, fugindo de escolhas óbvias e mergulhando em projetos que desafiam tanto o público quanto a crítica.

Nascido em Londres, Pattinson começou como modelo e músico antes de entrar para o elenco de “Harry Potter e o Cálice de Fogo” (2005), onde interpretou Cedrico Diggory. A fama mundial veio pouco depois, em 2008, com o lançamento de “Crepúsculo”. Ao invés de se acomodar no sucesso de bilheteria, ele passou a buscar papéis fora da zona de conforto, optando por filmes autorais, produções experimentais e colaborações com diretores consagrados como David Cronenberg, Claire Denis e Robert Eggers.

Se você ainda associa Pattinson ao vampiro de olhos dourados, está na hora de rever sua filmografia. Para celebrar o aniversário do ator, preparamos uma seleção com 10 filmes essenciais que mostram toda a sua versatilidade e talento:

“Crepúsculo” (2008)

Direção: Catherine Hardwicke

Foi aqui que tudo começou. Com apenas 22 anos, Pattinson virou um ícone cultural ao interpretar Edward Cullen, o vampiro apaixonado por Bella Swan. O filme pode dividir opiniões, mas é impossível ignorar seu impacto. A combinação de romance, mistério e sobrenatural conquistou milhões de fãs e lançou Pattinson ao estrelato. Sua atuação, marcada por olhares intensos e uma melancolia contida, definia o estilo do personagem. Embora limitado pelo roteiro, o ator já mostrava um domínio de cena que o destacava no elenco.

Ao longo dos cinco filmes da saga “Crepúsculo”, Pattinson demonstrou comprometimento com o papel, mesmo quando a crítica não era favorável. O que poucos previam é que ele usaria o sucesso comercial como trampolim para uma carreira muito mais desafiadora e profunda.

“Cosmópolis” (2012)

Direção: David Cronenberg

Depois de encerrar a saga dos vampiros, Pattinson fez sua primeira virada de chave com “Cosmópolis”, filme do mestre do cinema bizarro e cerebral David Cronenberg. Baseado no livro de Don DeLillo, o longa se passa quase inteiramente dentro de uma limusine, onde o protagonista, um jovem bilionário do mercado financeiro, atravessa Manhattan em um dia caótico.

Aqui, Pattinson interpreta Eric Packer, um personagem frio, alienado e filosófico. A atuação é contida, carregada de subtexto e tensão interna. Foi uma escolha arriscada para um astro vindo do universo teen, mas funcionou como declaração artística: ele queria ser levado a sério. E conseguiu.

“O Farol” (“The Lighthouse”, 2019)

Direção: Robert Eggers

Um dos maiores desempenhos da carreira de Pattinson veio com “O Farol”, ao lado de Willem Dafoe. Dirigido por Robert Eggers, o filme é uma experiência hipnótica, gravada em preto e branco, com proporção de tela quadrada, e ambientada em um farol isolado no fim do século XIX. A estética é sufocante e o roteiro mistura mitologia, loucura e isolamento.

Pattinson entrega uma performance brutal como o jovem assistente que, aos poucos, mergulha em um colapso psicológico. A química com Dafoe é explosiva, e o resultado é um filme perturbador, onde cada olhar e respiração carrega peso dramático.

“Bom Comportamento” (“Good Time”, 2017)

Direção: Irmãos Safdie

Antes de “O Farol”, outro papel marcante veio com “Bom Comportamento”, thriller frenético dirigido pelos irmãos Safdie. Pattinson interpreta Connie Nikas, um ladrão de banco que tenta desesperadamente resgatar o irmão com deficiência após um roubo dar errado. O filme é um mergulho na noite caótica de Nova York, com ritmo alucinante e câmera inquieta.

Pattinson desaparece no personagem. Abandona a beleza arrumada, suja os dentes, muda o sotaque e entrega uma atuação crua, visceral e imprevisível. A crítica americana se rendeu à performance, e muitos consideraram essa sua melhor atuação até então.

“O Diabo de Cada Dia” (“The Devil All the Time”, 2020)

Direção: Antonio Campos

Nesta adaptação do romance de Donald Ray Pollock, Pattinson interpreta o sinistro Reverendo Preston Teagardin, um pastor corrupto em uma cidade rural dos Estados Unidos. Com sotaque carregado e maneirismos calculados, o ator constrói uma figura repulsiva, sedutora e ameaçadora ao mesmo tempo.

Embora o elenco do filme seja estrelado — com nomes como Tom Holland, Bill Skarsgård e Riley Keough —, Pattinson rouba todas as cenas em que aparece. Sua interpretação é teatral, exagerada de propósito, e ele domina o tom entre o grotesco e o trágico.

“The Batman” (2022)

Direção: Matt Reeves

O anúncio de que Robert Pattinson seria o novo Batman gerou ceticismo, mas bastou o primeiro trailer para mudar o discurso. E o filme comprovou: ele entregou uma das versões mais intensas e emocionais do Cavaleiro das Trevas. A abordagem noir, sombria e introspectiva do diretor Matt Reeves encontrou no ator o intérprete ideal.

Pattinson interpreta um Bruce Wayne jovem, ainda em conflito com seu passado, e que prefere a máscara ao mundo social. Seu Batman é investigativo, silencioso e brutal, distante das versões anteriores, mas incrivelmente coerente com a proposta. A sequência já está confirmada.

“Água para Elefantes” (“Water for Elephants”, 2011)

Direção: Francis Lawrence

Entre as escolhas ousadas, Pattinson também se permitiu papéis mais clássicos, como neste romance de época ao lado de Reese Witherspoon e Christoph Waltz. O filme se passa durante a Grande Depressão, e o ator vive Jacob Jankowski, um estudante de veterinária que se junta a um circo itinerante após perder os pais.

O personagem exige delicadeza, empatia e uma certa inocência romântica. Pattinson entrega uma atuação sincera e emocional. O filme tem um clima nostálgico e visualmente belo, funcionando como uma boa amostra de sua transição do universo teen para o cinema adulto.

“High Life” (2018)

Direção: Claire Denis

Nesta ficção científica existencial dirigida pela renomada cineasta francesa Claire Denis, Pattinson interpreta Monte, um prisioneiro enviado em uma missão espacial com outros condenados. O filme é denso, metafórico e cheio de temas incômodos como isolamento, sexualidade e culpa.

A performance do ator é silenciosa, contida e profundamente introspectiva. Ele carrega o peso de uma história marcada por traumas e resignação, e sua presença se impõe mesmo nos momentos mais contemplativos.

“Bel Ami – O Sedutor” (“Bel Ami”, 2012)

Direção: Declan Donnellan, Nick Ormerod

Em “Bel Ami”, baseado no romance de Guy de Maupassant, Pattinson vive Georges Duroy, um jovem ambicioso que usa sua beleza e charme para subir socialmente em uma Paris aristocrática do século XIX. O filme tem tons de crítica social, manipulação e desejo.

Pattinson entrega um personagem frio, calculista e sedutor, com nuances de arrogância e vulnerabilidade. Apesar de o filme não ter sido um sucesso de crítica, sua atuação foi elogiada por trazer densidade a um protagonista moralmente ambíguo.

“Tenet” (2020)

Direção: Christopher Nolan

No blockbuster labiríntico de Christopher Nolan, Pattinson interpreta Neil, um agente misterioso que ajuda o protagonista vivido por John David Washington em uma missão para evitar o fim do mundo. O filme é complexo, com linhas do tempo invertidas, ação estilizada e muito conceito.

Pattinson injeta leveza e carisma no enredo denso, criando um personagem enigmático, mas cativante. A parceria com Nolan foi um passo importante em sua carreira, provando que ele também funciona muito bem nos grandes jogos de Hollywood.

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Jornalista e formada em Cinema, apaixonada por cultura asiática e por contar histórias. Provavelmente já assisti tanto aos filmes do Adam Sandler que poderia atuar em qaulquer um sem precisar de roteiro.