Filmes famosos que nunca foram lançados

Com base na qualidade dos filmes que são regularmente lançados nos cinemas e nas plataformas de streaming, fica bastante claro que os produtores lançarão qualquer coisa que acharem que dará lucro. Porém, infelizmente para eles, nem todo filme da para saber logo de cara se será um sucesso. O cinema, como negócio, é tão instável quanto exigente. Tirar do papel uma grande produção de Hollywood envolve tanta gente, tanto equipamento e financiamento que cada filme acaba sendo um universo completamente particular e traz seus próprios problemas. Se a gente realmente parar para pensar sobre isso, é quase inacreditável que os filmes consigam ser feitos! 

Dado esse fato, você pode imaginar como é raro que um filme seja produzido e depois simplesmente não seja lançado. Algo precisa dar muito, muito errado para que isso aconteça. Portanto, é altamente incomum que um filme simplesmente nunca seja lançado — mas isso acontece. Seja devido a brigas entre membros do elenco, política da indústria, escândalos públicos, questões de financiamento ou até outros um tanto bizarros, não foram poucos os filmes que nem sequer chegaram às telonas.

Nesta lista, reunimos 11 exemplos de filmes que foram iniciados, desenvolvidos e, às vezes, filmados e até editados, mas que, por uma variedade de razões, foram enviados para aquele depósito do final de “Indiana Jones: Os Caçadores da Arca Perdida”, nunca vendo a luz do dia.

Confira a lista de filmes:

The Day the Clown Cried (1972)

Filmes famosos que nunca foram lançados

Talvez o filme inacabado mais interessante da história seja este projeto de 1972 do roteirista/diretor/ator Jerry Lewis, que interpretaria um palhaço alemão chamado Helmut Doork, que consola crianças presas em um campo de concentração durante o Holocausto. 

A produção foi atormentada por problemas, principalmente financeiros; supostamente não foi lançada porque os produtores não conseguiram adquirir os direitos do conceito da escritora original — e quando ela viu o corte bruto, odiou tanto que se recusou a assinar o contrato necessário, condenando o filme ao esquecimento. O filme nunca foi concluído, mas o suficiente foi filmado para produzir esse corte bruto, que algumas poucas pessoas já viram. Alguns o descreveram como uma das “comédias” mais equivocadas e chocantes já tentadas, embora outros tenham feito comentários mais positivos sobre ele. Este corte bruto foi entregue à Biblioteca do Congresso sob a condição de que não fosse exibido até 2024.

Superman Lives (1998)

Filmes famosos que nunca foram lançados

Com Nicolas Cage (Motoqueiro Fantasma) no papel do super herói e Tim Burton (Bettlejuice) comandando a direção, o filme tiha a promessa de ser uma abordagem única e madura do Homem de Aço. O roteiro, escrito por Kevin Smith (O Império do Besteirol), baseava-se na história em quadrinhos A Morte do Superman. Assim, mesmo que tenha chegado à fase de pré-produção, onde até trajes e conceitos de arte foram desenvolvidos, o projeto foi cancelado. O motivo foram as preocupações com o orçamento e também as diferenças criativas do diretor e do roteirista.

Dark Blood (2012)

Em seu último filme, River Phoenix (Conta comigo) interpreta um homem chamado Boy que vive no meio do deserto. Boy se encanta por uma mulher casada (Judy Davis) cujo carro quebra enquanto ela dirige por perto. Há um sequestro, uma luta com um machado contra um marido ciumento (Jonathan Pryce) e a espera pelo apocalipse.

Apenas algumas cenas de “Dark Blood” ficaram inacabadas no momento da morte de River Phoenix, e embora o diretor George Sluizer (“O Silêncio do Lago”) tenha conseguido montar uma versão final após anos de esforço, o filme nunca foi amplamente distribuído fora de alguns festivais de cinema e de um lançamento em DVD na Alemanha. Antes de editar o filme ele mesmo, Sluizer até propôs que o irmão de River, Joaquin (Coringa), substituísse o ator ausente, a exemplo dos irmãos de Paul Walker em “Velozes e Furiosos 7”, mas Joaquin se recusou a participar.

The Fantastic Four (1994)

Antes de existir um universo cinematográfico da Marvel, a empresa precisou nos anos 80 arrecadar dinheiro vendendo os direitos de filmagem de alguns de seus personagens. A produtora alemã Neue Constantin comprou os direitos do Quarteto Fantástico por cerca de 250.000 dólares em 1983 — e depois os manteve até 1992. Enfrentando a expiração do acordo e precisando realmente fazer um filme para manter os direitos, eles montaram rapidamente um produto de baixo orçamento em menos de um mês… e os resultados foram realmente dolorosos de assistir.

“O Quarteto Fantástico” chegou ao ponto de exibir trailers nos cinemas antes que a Marvel percebesse e comprasse de volta os direitos da propriedade por alguns milhões de dólares, com a intenção de que todas as cópias fossem destruídas para salvar a marca da editora, que ainda estava se recuperando de outros fracassos cinematográficos. No entanto, uma cópia do filme vazou — para o desgosto da Marvel — e rapidamente se tornou um dos bootlegs mais lendários encontrados em qualquer convenção de quadrinhos.

All-Star Weekend (2016)

A estreia de Jamie Foxx (Django Livre) como diretor deveria ser uma comédia com tema de basquete sobre dois caminhoneiros — interpretados por Foxx e Jeremy Piven (Entourage) — que ganham ingressos para o NBA All-Star Game e, em seguida, se encontram em uma viagem louca até o jogo. O filme foi filmado no outono de 2016, mas nunca foi lançado. No ano passado, Foxx disse que o filme foi permanentemente arquivado e nunca será lançado porque eles estavam “tentando explorar áreas sensíveis com Robert Downey Jr (Homem de Ferro). interpretando um homem mexicano.” (Sim, Robert Downey Jr. interpretou um personagem mexicano, mais ou menos como fez em “Trovão Tropical”. Então, isso provavelmente diz tudo o que você precisa saber sobre o filme.)

Batgirl (2022)

Se há uma lição a ser aprendida com “Batgirl”, é que nenhuma propriedade está a salvo dos caprichos dos estúdios, incluindo uma franquia tão amada como Batman. A Warner Bros. Discovery gastou 90 milhões de dólares para levar “Batgirl” às telas de cinema, só para cancelá-lo sem mais nem menos.

A Discovery comprou a Warner Bros. e reformulou radicalmente seus planos para o Max (como passou a ser conhecido) — e isso incluiu arquivar vários projetos, o maior dos quais foi Batgirl, que iria estrelar Leslie Grace (Em um bairro de Nova York) como a personagem principal, e também contar com J.K. Simmons (Whiplash) reprisando seu papel da Liga da Justiça como o Comissário Gordon e Michael Keaton (Birdman) mais uma vez interpretando Batman após seu retorno em The Flash. O filme foi totalmente filmado e montado em um corte bruto exibido na Warner Bros. A contabilidade de Hollywood é um mistério que nem mesmo o maior detetive do mundo poderia resolver.

Black Water Transit (2009)

Este thriller policial ambientado em Nova Orleans, estrelado por Laurence Fishburne (Matrix) e Karl Urban (The Boys), foi filmado em 2009.

Utilizando o romance de mesmo nome escrito por Carsten Stroud (Niceville) como base para o roteiro, Black Water Transit foi vendido como um primo distante da franquia “Duro de Matar“. E, curiosamente, o primeiro corte do filme foi exibido em 2009 no prestigiado Festival de Cannes. Apesar disso, disputas internas ligadas aos direitos autorais correram na justiça, impedindo o lançamento oficial.

The Double (1996)

O conto “O Duplo” de Dostoiévski foi adaptado em um filme de 2013 estrelado por Jesse Eisenberg (A Rede Social). Mas, quase 20 anos antes, John Travolta (Pulp Fiction) estava preparado para fazer sua própria versão de “O Duplo” com o diretor Roman Polanski (O Pianista). Tudo já estava resolvido, e o projeto estava em fase avançada de ensaios e prestes a começar as filmagens quando Travolta e Polanski supostamente tiveram uma grande discussão sobre a direção criativa do projeto. Pouco tempo depois, “O Duplo” desmoronou. Pelo menos, acabou ganhando seu próprio “duplo” na forma daquele filme de Eisenberg muitos anos depois.

Gods Behaving Badly (2012)

Baseado em um romance satírico sobre deuses vivendo na cidade de Nova York e sendo meio babacas, “Gods Behaving Badly” conta com um elenco estrelado que inclui Christopher Walken (Duna 2) como Zeus, Sharon Stone (Instinto Selvagem) como Afrodite, Edie Falco (Sopranos) como Ártemis e John Turturro (O Grande Lebowski) como Hades. É difícil encontrar uma razão para que este filme nunca tenha passado de um festival de cinema na Itália, mas o crítico da Variety o chamou de “notavelmente fraco”, dizendo também que desperdiçou completamente um elenco excelente.

Gore (2017)

Quando as alegações de má conduta sexual contra o ator Kevin Spacey (House of Cards) foram divulgadas, ele foi substituído no filme de Ridley Scott “Todo o Dinheiro do Mundo” apenas alguns meses antes da estreia do filme. (Christopher Plummer refilmou todas as cenas de Spacey e ganhou uma indicação ao Oscar por isso.) Menos conhecido é o fato de que, na mesma época, Spacey também havia filmado um biopic de Gore Vidal para a Netflix. Spacey era o protagonista singular do filme, e, como tal, era impossível substituí-lo em “Gore” sem refilmar tudo. A Netflix optou por não fazer isso, e assim “Gore” permanece permanentemente inacabado, quase certamente nunca verá a luz do dia.

Duna de Jodorowsky

Filmes famosos que nunca foram lançados
(Colagem: cinegnose)

A versão de Alejandro Jodorowsky (“A Montanha Sagrada”) de Duna, o roteiro era bastante diferente da história original. Nela, haviam girafas que andavam no teto, cenas com dois mil figurantes defecando simultaneamente e Paul nascia de forma imaculada, assim como Jesus Cristo. No final do seu roteiro, o protagonista morria e se tornava parte da consciência de todos os habitantes de Arrakis, até que o próprio planeta se tornava senciente e, no cenário que até então era desértico, nasciam plantas e mares. Por fim, Arrakis sairia pelo universo espalhando sua consciência pra outros planetas.

Com roteiro e conceito em mãos, Jodorowsky foi atrás de encontrar uma equipe de produção do filme, a quem ele chamava de seus “Guerreiros Espirituais”. O primeiro de seus colaboradores foi o quadrinista francês Jean Giraud, conhecido como Moebius. Jodorowsky se deparou por acaso com uma de suas HQs e ficou impressionado com o que viu.

A ideia de chamar diferentes artistas pra pensar diferentes planetas não era exclusiva da parte estética do filme. Jodorowsky também queria aplicar essa lógica na trilha sonora. Ele chegou a contatar algumas bandas, pra cada parte da galáxia ter sua sonoridade própria, mas um grupo londrino ficaria responsável pela maior parte da música de Duna e faria um álbum especial com a temática do filme: nada mais, nada menos que Pink Floyd.

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