A ditadura militar no Brasil em 1964 está fazendo 60 anos em 2024. Por 21 anos, foi um dos períodos mais sombrios do país, em que direitos foram negados, a censura estava em todos os campos da mídia e pessoas foram exiladas, torturadas e/ou mortas pelo regime. Ao mesmo tempo, a repressão pelos militares estimulou a classe artística brasileira a criar grandes obras na música, na arte e no cinema, como canções de Chico Buarque e filmes de Glauber Rocha.
No campo do cinema, muito se foi produzido para contar como era a ditadura no Brasil, expressando a dor que muitas pessoas sentiram na época e ainda sentem por não saberem o que houve com seus familiares. Além disso, para lembrar daqueles dias e que possamos evitar que tal regime não volte nunca mais.
Para isso, o Conecta Geek separou uma lista de filme para ver, lembrar e refletir sobre a ditadura militar no Brasil. A lista contém adaptações, documentários e clássicos do cinema brasileiro. Confira!
Terra em Transe
Em uma crítica sobre os poderes políticos da época, Terra em Transe conta a história da fictícia República de Eldorado que está passando por momentos turbulentos e como retóricas e narrativas podem influênciam nosso próprio comportamento. Além disso, nos apresenta as contradições no caráter de movimentos sociais e dos personagens, como uma mistura de apatia e ação, a presença do banal e do chocante.
Paulo Martins, interpretado por Jadel Filho (“O Bem-Amado”), é o nosso observador do caos e desordem em Eldorado, mostrando para nós o fatídico esforço de mudar o status quo, lutando (e defendendo) o conservadorismo dos políticos Porfírio Diaz e o populismo ineficiente de Felipe Vieira. O filme faz uma crítica a tanto os movimentos de esquerda quanto a dos movimentos de direita brasileiros, sendo considerado um clássico no cinema nacional
Marighella
O mais recente da lista, Marighella retrata os últimos anos do guerrilheiro Carlos Marighella tentando divulgar sua luta contra a ditadura militar no Brasil para o mundo, enquanto é perseguido como inimigo público pelo o governo. O primeiro filme produzido por Wagner Moura (“Narcos”), Marighella expõe a luta pela democracia contra o regime militar e seu esforço de engajar o povo a se juntar em sua missão, ao mesmo tempo em que tenta se reunir com seu filho que deixou.
O longa-metragem rendeu boas críticas por conta da direção, tendo ganho sete categorias no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2022 como de melhor longa-metragem de ficção, e da atuação de Seu Jorge (“Pixinguinha, um Homem Carinhosos”) como Marighella e de Bruno Galiasso (“Todas as Canções de Amor“).
O Que é Isso, Companheiro?
Baseado no livro hômonimo do Fernando Gabeira, O Que É Isso, Companheiro? reconta a experiência do jornalista no sequestro do embaixador americano por guerrilheiros brasileiros logo após o decreto do AI-5, o artigo que virou símbolo da censura e tortura durante a ditadura. Durante o longa, o grupo de guerrilheiros tentam negociar a soltura de outros companheiros presos pelo governo pela a soltura do embaixador antes que sejam descobertos pelos os militares.
O filme concorreu a melhor filme estrangeiro no Oscar de 1998 e venceu 4 categorias no Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro 1998, inclusive de melhor ator coadjuvante Matheus Nachtergaele (“O Auto da Compadecida”). O Que É Isso, Companheiro? também contou com atores brasileiros renomados, como Pedro Cardoso (“A Grande Família“) e Fernanda Torres (“Os Normais“), além de Alan Arkin (“Pequena Miss Sunshine“).
O Ano Que Meus Pais Saíram de Férias
Diferente dos outros filmes, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias não fala explicitamente sobre a ditadura, mas dá para entender seu contexto. No enredo, Mauro, interpretado por Michel Joelsas (“Que Horas ela volta?”), é deixado na casa de seu avô por seus pais que estão saindo de férias inesperadamente. Porém, sem ele saber, estão na verdade fugindo da perseguição do governo. Assim, Mauro aprende a se adaptar e aprende a como crescer em meio desse cenário confuso.
A princípio, este filme procura mais abordar como foi crescer durante o período do regime militar sem precisar destacar a história nesse contexto, podendo ser uma história sensível e bem humorada com a ditadura e a Copa do Mundo de 1970 como pano de fundo. Embora não tenha chegado a disputar o Oscar de melhor filme estrangeiro, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias recebeu boas críticas e está na lista de 100 melhores filmes brasileiros pela Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema).
O Dia Que Durou 21 anos
O documentário O Dia que Durou 21 Anos conta a participação dos Estados Unidos na preparação do golpe de estado de 1964 no Brasil. Começando pelos acontecimentos desde de 1961, pela a renúncia de Jânio Quadros, até 1969, pelo sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, a obra de Camilo Tavares apresenta documentos e gravações mostrando a influência americana sobre o estado brasileiro e suas ações militares durante o início da ditadura militar no Brasil.
Com uma curta duração, o documentário contém um ritmo acelerado para contar sua história, tornando-a envolvente e atrativa para o público. Embora seja sobre um dos capítulos mais tristes do país, O Dia que Durou 21 Anos busca entreter o público ao contar sobre o regime uma trilha sonora pulsante e sequências de fotografias de arquivo animadas.
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