Review | Ação e piração: Pepper Grinder é um desafio eletrizante

Pepper Grinder, o novo lançamento da publisher de games indie Devolver Digital, promete diversão e desafios do início ao fim em uma cartela de formas de te fazer pensar rápido com um sonho e uma furadeira na mão. Lançado no dia 28 de março, o game se entrega como uma produção feita com carinho. Não só pelo seu gráfico em 32bits, jorrando conforto visual e nostalgia para todos os cantos, mas pela forma em que está sendo entregue. Promete ação e entrega ação; promete movimento e entrega movimento. Pepper Grinder não é mais e nem é menos do que precisa ser: um belo plataformer com desafios eletrizantes.

Agradecimento a Devolver Digital por nos ter mandado uma chave de Steam para a realização da análise.

Pepper Grinder não possui diálogos e nem textos para indicar a sua história, tudo fica subentendido nas cutscenes e, para os curiosos que buscaram, na animação publicada no Youtube. O jogo se inicia com a protagonista Pepper encalhada em uma ilha. Ao seu redor, o navio destruído e criaturas chamadas Narlings (seres verdes com chifres pontudos, como unicórnios-do-mar) fugindo com o seu tesouro. Ao tentar recuperar, cai de uma ponte junto de uma furadeira. Essa história simples é o pontapé inicial do game que te prende pela jogabilidade.

O estresse é o tempero

O principal ponto explorado pelo game é a sua movimentação. Pepper utiliza de um grinder (furadeira) para atacar e se movimentar. Você precisa perfurar locais específicos para chegar onde quer, sempre em velocidade, necessitando de uma atenção motora mais qualificada para não ficar batendo em paredes e caindo em buracos. Parece simples, mas Pepper Grinder é o resumo da famosa frase “fácil de pegar, difícil de dominar”. E, por mais que você domine, você ainda vai morrer diversas vezes pois o game possui saltos cegos, testando a sua paciência em tentativa e erro.

Por mais que o deslocamento seja estranhamente prazeroso, o game pode acabar cansando os players que não estão acostumados com tanto morrer e renascer para chegar ao objetivo. Com isso em mente, o game se prepara com novos biomas, se inovando a cada mapa e trazendo mecânicas novas que despertam a sensação de premiação por ter passado de fase e, muito além disso, uma alma estóica de eterno aprendiz ao player.

Passando por biomas com montanhas, neve, lava, ambientes aquáticos e pântanos, você pode soltar ganchos, se balançar em cordas, acelerar em trenós e até mesmo usar um mecha para destruir cidades inteiras e se sentir um filme de Godzilla. Posso revelar aqui que esse é um dos momentos mais satisfatórios do game.

Voltando na filosofia estóica onde não controlamos o ambiente, apenas a nós mesmos, o caminho para o fim de uma fase é um só. E talvez esse seja um dos maiores pecados do platformer: você só pode seguir um caminho e jogar de apenas uma forma. Mesmo com uma infinidade de meios de se usar as mecânicas, você só vai sair da rota para buscar algum colecionável, mas logo após é obrigado a voltar ao caminho “correto”.

Os quatro chefes

Cada bioma tem o seu chefe característico, com diferentes ataques. Todos exigem uma atenção, paciência e coordenação com a furadeira. São desafios criados para quem realmente foi pegando os macetes de se usar o grinder durante a jornada até ali. O último chefe, no seu modo berserk, é a prova final de que você realmente dominou a movimentação.

Em alguns chefes, antes do jogo entregar o controle do personagem ao player, acontecem animações que servem para criar aquela certa ansiedade de começar logo o embate. Entretanto, o jogo possui uma certa dificuldade, você vai morrer algumas vezes contra o chefe e vai ter que rever a cutscene todas as vezes. Isso de uma certa forma irrita quem já está há tempos tentando passar da fase.

Trilha sonora

A trilha sonora de cada fase é fenomenal. Composta por Xeecee, o seu compasso acompanha a dinâmica do game em batidas frenéticas que são resultados de um hip hop misturado de rock e pitadas de synthwave. É, com toda a certeza, a cereja desse delicioso bolo. Não é atoa que a trilha está sendo vendida na Steam como complemento ao game.

Vale a pena?

Em suma, Pepper Grinder é um game consideravelmente curto, durando cerca de 4 a 8 horas de gameplay. Entrega diversão e desafio na dose certa. O game é exatamente aquilo o que se propõe a ser.

Pepper Grinder está disponível para PC e Nintendo Switch. É recomendável que os players de PC usem um controle para melhor movimentação.

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