Depois de uma estreia histórica com “Baby One More Time” (1999), álbum que se tornou um dos mais vendidos da década de 1990, Britney Spears estava prestes a enfrentar a temida prova do segundo disco e saber se o fenômeno em que havia se transformado teria força o suficiente para perdurar. Em setembro de 1999 a jovem estrela entraria em estúdio para começar a gravar Oops!… I Did It Again, o álbum que a definiu de vez como a grande estrela pop da década seguinte.
Lançado em 3 de maio de 2000 pela Jive Records, o disco que está completando 25 anos em 2025 não só repetiu o sucesso do seu antecessor, como definiu os rumos que o pop tomaria nos anos 2000. Agora, aos 18 anos Britney começava a dar os primeiros passos na vida adulta e a se descolar da ingenuidade adolescente com a qual ficou marcada em seu debut no mundo pop. As baladas românticas começavam a abrir espaço para uma sonoridade com grande influência do funk e do R&B, tendo Janet Jackson como a maior referência e mantendo a parceria com Max Martin, Per Magnusson e Rami Yacoub na produção.

Não mais inocente
A faixa-título, o primeiro single trabalhado, é o maior símbolo dessa transição, com uma melodia que repetia a mesma estrutura do hit “Baby One More Time” mas que já avisava que aquela menina já não era mais a mesma e queria mais: “Oops, você achou que eu estava apaixonada / Que eu fui enviada pelos céus / Eu não sou tão inocente.” O clipe da canção é um dos mais icônicos da carreira de Britney e traz a estética futurista que estava em voga naquele momento graças ao sucesso do filme Matrix (1999).
“Stronger”, outro grande hit de “Oops!… I Did It Again” é um canção de empoderamento em que Britney recusa o papel de garota romântica que vai ficar sofrendo por amor: “Não sou propriedade sua de hoje em diante, baby / Você deve achar que não irei sobreviver sozinha /Mas agora eu estou / Mais forte que ontem.” E faz outra referência ao passado: “Minha solidão não está me matando mais.”
Olhando para “Lucky” 25 anos após seu lançamento, a sensação que fica é a de que o segundo single do álbum era um prenúncio dos rumos que a carreira de Britney iria tomar e os contornos sombrios que ela ganharia com o assédio cada vez mais agressivo da mídia, as críticas e fofocas embebidas em muito do machismo latente da época e a solidão da fama: “Ela é sortuda, ela é uma estrela / Mas ela chora, chora, chora / No seu coração solitário, pensando / Se não há nada faltando em minha vida / Então por que estas lágrimas caem à noite?”
Legado no pop
O “Oops!… I Did It Again” como um todo tem altos e baixos, com músicas que seguem como um pop de excelência como “Don’t Go Knocking on My Door”, “Don’t Let Me Be the Last to Know”, “Where Are You Now”, “What U See (Is What U Get)”, “Can’t Make You Love Me”e “One Kiss From You”; mas também algumas faixas que envelheceram mal e ficaram pelo caminho no tempo como o cover de “(I Can’t Get No) Satisfaction”, dos Rolling Stones, regravada para o álbum por escolha da própria Britney, mas que perde força com a roupagem R&B.
O álbum vendeu até hoje cerca de 20 milhões de cópias, sendo o segundo disco mais vendido de Britney. Ele foi o responsável por começar a construir a imagem de popstar com a qual a cantora ficou marcada; além de fazer com que ela se tornasse a referência a ser seguida no pop a partir daquele momento. Nos anos seguintes, todas as gravadoras passaram a tentar emplacar a sua própria versão de Britney Spears para tentar beliscar um pouco de todo o sucesso que a princesinha do pop estava fazendo. A sonoridade funk-r&b ganharia ainda mais força nos anos seguintes e novos contornos com o crescimento do hip hop, se tornando uma das grandes marcas dos anos 2000.
Passados 25 anos, “Oops!… I Did It Again” segue sendo um grande disco pop, com músicas que ainda ressoam muito atuais e ao mesmo tempo servem como o retrato de uma jovem Brtiney Spears em um momento de autodescoberta, crescimento, amadurecimento e transição para a sua fase mais ousada que viria com álbum seguinte. O disco, a sua estética e sua sonoridade seguem servindo de referência e não é difícil encontrar influência em novos artistas até hoje.
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