paternidade
Foto: reprodução/IMDB

Paternidade na tela: desafios, alegrias e a complexidade da figura paterna no cinema

Como os filmes mostram os altos e baixos da paternidade e o jeito como a figura do pai muda ao longo do tempo

Quando a gente pensa em paternidade, logo vem à cabeça aquela mistura de aventuras, aprendizados e perrengues que só quem é pai (ou filho) conhece bem. No mundo geek, os pais são mais do que meros coadjuvantes; eles são verdadeiros heróis, trapalhões e até mesmo vilões em suas próprias histórias. Desde os sacrifícios épicos em galáxias distantes até as trapalhadas cotidianas nas comédias da Sessão da Tarde, o cinema tem explorado essa relação de forma intensa e multifacetada. Mas será que esses filmes conseguem capturar toda a complexidade que é ser pai? Bora mergulhar nessa viagem para entender como o cinema reflete (ou às vezes distorce) a jornada de ser pai:

O pai heróico: amor e sacrifício na tela

Se tem uma coisa que o cinema adora é colocar o pai como aquele herói invencível, capaz de qualquer coisa para proteger seus filhos. É quase como se a paternidade viesse com um superpoder secreto. E quando a gente fala de pais heróicos, não dá pra deixar de lado “À Procura da Felicidade” (2006), onde o Will Smith nos presenteia com uma das atuações mais emocionantes de sua carreira, interpretando Chris Gardner. O cara passa por todo tipo de provação, mas nunca desiste de oferecer um futuro digno ao seu filho. É aquele tipo de filme que faz a gente refletir sobre o poder da resiliência e do amor paternal.

paternidade
Foto: reprodução/IMDB

Agora, se você curte uma pegada mais europeia, “A Vida é Bela” (1997), do Roberto Benigni, é outro filme que dá um show em mostrar o que um pai é capaz de fazer pelo bem-estar do seu filho. Imagine estar num campo de concentração nazista e ainda assim conseguir criar um mundo de fantasia para proteger a inocência da criança. Isso é paternidade em nível hard, e Guido, o personagem principal, faz isso com um humor e uma leveza que só tornam tudo ainda mais impactante.

paternidade
Foto: reprodução/IMDB

E tem mais: um filme que mexe bastante com essa figura é o aclamado “Aftersun” (2022). Essa obra mais recente nos apresenta uma paternidade que não é exatamente heroica no sentido clássico, mas cheia de nuances e camadas emocionais. A história de um pai e sua filha em férias, que parece simples à primeira vista, revela uma profundidade impressionante, explorando a complexidade das emoções humanas e os silêncios que também definem as relações paternas.

paternidade
Foto: reprodução/CNN Brasil

Apesar da idealização dos pais heróicos, esses filmes nos deixam com aquela sensação de que ser pai é, sim, uma jornada épica de sacrifício e amor. Mas vale lembrar que, na vida real, nem todos conseguem atingir esse nível de heroísmo, e tá tudo bem. O cinema pode, às vezes, exagerar um pouco, mas isso não tira o mérito dessas histórias que nos fazem pensar e, quem sabe, até nos inspiram a sermos melhores.

Paternidade atrapalhada: comédia e realidade

Mas nem só de heroísmo vive a paternidade nas telonas. Se você é fã de uma boa comédia, sabe que ser pai também pode ser sinônimo de caos e trapalhadas. Quem não lembra de “O Paizão” (1999), com Adam Sandler? Nesse filme, Sandler interpreta Sonny Koufax, um cara que mal sabe cuidar de si mesmo, mas que, de repente, se vê no papel de pai improvisado. É claro que a coisa toda vira uma confusão só, mas é exatamente isso que faz o filme ser tão divertido e, ao mesmo tempo, tão realista. Porque, convenhamos, quem nunca se sentiu completamente perdido numa situação nova?

paternidade
Foto: reprodução/Plano Crítico

Outro clássico da paternidade atrapalhada é “Três Solteirões e um Bebê” (1987), onde três adultos, totalmente despreparados, acabam se tornando “pais” de uma hora pra outra. A ideia de três marmanjos cuidando de um bebê já é engraçada por si só, e o filme explora isso ao máximo. O legal é que, no meio de tanta confusão, esses caras vão percebendo que, no fundo, ser pai não é sobre saber tudo, mas sobre estar lá, aprendendo e tentando dar o seu melhor.

paternidade
Foto: reprodução/Tecmundo

Essas comédias são um lembrete de que ser pai não é só sobre grandes gestos heróicos, mas também sobre sobreviver às pequenas batalhas diárias – e rir de si mesmo no processo. A mensagem é clara: ninguém nasce sabendo como ser pai, e faz parte do pacote aprender com os erros e se divertir nas situações mais inusitadas.

A paternidade nas relações conturbadas: dramas de amor e conflito

Agora, se você é do tipo que curte um bom drama, aqueles que fazem a gente chorar e refletir sobre a vida, então os filmes que exploram as relações conturbadas entre pais e filhos são a sua praia. “Kramer vs. Kramer” (1979) é um desses filmes que mexem com a gente, mostrando a luta de um pai para ganhar a guarda do filho após a separação. Aqui, a paternidade não é só sobre amor incondicional, mas também sobre a dor, o sacrifício e os desafios que vêm junto com ela.

paternidade
Foto: reprodução/adorocinema

Já em “Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas” (2003), dirigido por Tim Burton, a paternidade é explorada de uma maneira mais poética. O filme mostra a relação entre Edward Bloom, um pai que vive contando histórias fantásticas, e seu filho Will, que, na vida adulta, começa a questionar essas histórias e, por consequência, o próprio pai. É um filme sobre reconciliação e sobre entender que, às vezes, a paternidade é construída tanto pelos mitos quanto pelas verdades.

paternidade
Foto: reprodução/IMDB

Esses dramas nos lembram que nem todas as relações entre pais e filhos são fáceis. Pelo contrário, muitas vezes elas são marcadas por conflitos, mágoas e incompreensões. Mas o que esses filmes nos mostram, acima de tudo, é que, mesmo nos momentos de maior dor e dificuldade, há espaço para o crescimento e para o perdão.

A ausência paterna nos filmes brasileiros: silêncios e vácuos

No cinema brasileiro, um tema que aparece com frequência é a ausência paterna, algo que, infelizmente, muitos brasileiros conhecem de perto. Essa ausência, seja física ou emocional, é retratada como uma lacuna profunda na vida dos personagens. Um dos exemplos mais marcantes é “Central do Brasil” (1998), onde Josué, um garoto que perdeu a mãe, sai em busca do pai que nunca conheceu. A jornada de Josué não é apenas uma busca por um pai ausente, mas também por sua própria identidade e lugar no mundo.

paternidade
Foto: reprodução/Tecmundo

Outro filme que toca nesse tema é “O Céu de Suely” (2006). Suely é uma jovem mãe que retorna à sua cidade natal com um filho pequeno e sem o pai da criança. A ausência paterna e a falta de apoio moldam as decisões de Suely ao longo do filme, levando-a a tomar medidas desesperadas. É uma obra que expõe a realidade dura de muitas famílias no Brasil, onde a ausência do pai não é apenas uma questão emocional, mas também econômica e social.

paternidade
Foto: reprodução/Netflix

E não dá para deixar de mencionar a simbologia da ausência paterna em filmes como “Cidade de Deus” (2002), onde a falta de figuras paternas leva jovens a buscarem modelos no crime organizado, distorcendo completamente o conceito de família. Aqui, a ausência paterna é retratada de maneira brutal, como um vazio que pode empurrar jovens para caminhos perigosos e trágicos.

paternidade
Foto: reprodução/IMDB

Esses filmes são um retrato poderoso da realidade brasileira e da forma como a ausência de um pai pode moldar a vida de uma pessoa. Eles nos fazem refletir sobre o impacto duradouro que essa ausência pode ter, especialmente em um país onde essa realidade é tão comum.

A evolução da paternidade no cinema: de figuras autoritárias a pais sensíveis

Se a gente voltar no tempo e olhar para os filmes das décadas passadas, a paternidade era frequentemente mostrada de maneira rígida, com pais autoritários e distantes. Esses caras eram os provedores, disciplinadores, mas quase nunca os amigos ou confidentes dos filhos. Um exemplo clássico é “Doze Homens e uma Sentença” (1957), onde a figura paterna é vista como alguém que impõe disciplina e ordem, sem espaço para afeto ou vulnerabilidade.

paternidade
Foto: reprodução/IMDB

Mas, felizmente, as coisas mudaram, e hoje em dia vemos uma transição significativa nas telas. Pais que antes eram apenas severos agora são retratados de maneira mais sensível e emocionalmente envolvida. Filmes como “Pequena Miss Sunshine” (2006) mostram essa nova versão de pai, alguém que, apesar de falho, está disposto a se conectar emocionalmente com os filhos.

paternidade
Foto: reprodução/IMDB

Leia também: