Quincy Jones com o braço apoiado em uma cadeira.
Quincy Jones teve uma relação próxima com a música brasileira desde a década de 1960. Foto: divulgação.

Quincy Jones | A relação do lendário produtor com a música brasileira

Além de ter ficado conhecido mundialmente pelo trabalho em obras fundamentais da música pop ao lado de artistas como Michael Jackson, Donna Summer, Frank Sinatra, Ray Charles, Aretha Franklin e muitos outros, Quincy Jones, que morreu no último domingo (3) aos 91 anos, tinha uma relação muito próxima com a música brasileira, tendo colaborado com grandes nomes da mpb.

O primeiro contato de Jones com o Brasil aconteceu durante uma turnê pelo país com o trompetista Dizzy Gillespie. Durante a passagem ele se aproximou da bossa nova, o que acabou resultando na música instrumental de jazz “Soul Bossa Nova“, lançada em 1962, parte do álbum Big Bang Bossa Nova. A partir daí o produtor nunca deixou de estar em contado com artistas brasileiros.

Amizade com Milton Nascimento

Quincy Jones e Milton Nascimento são amigos desde 1967. Em 1987, o produtor participou de uma regravação do clássico “Morro Velho” para o álbum “Yauaretê”, lançado por Milton naquele ano. Em 2021, durante a pandemia, o artista brasileiro postou em seu perfil no Instagram um print de uma chamada de vídeo em que conversava com o norte-americano.

Em um post na mesma rede social, publicado nesta segunda-feira (4) Milton lamentou a morte de Jones: “Quincy foi um grande admirador e disseminador da música brasileira pelo mundo, e produziu muitos dos discos mais emblemáticos e importantes da história da indústria musical. Há um tempo, ele me ligou por videochamada, e matamos um pouco da saudade, que, agora, será eterna. Descanse em paz, querido irmão”.

Comercial com a seleção brasileira na Copa do Mundo

Durante a Copa do Mundo de 1998 “Soul Bossa Nova” foi usada em um comercial da Nike, que mostrava craques da seleção brasileira como Ronaldo e Roberto Carlos, e nomes de outros países jogando futebol na praia.

Na peça publicitária eles jogam durante um dia inteiro, continuam pela noite e só param na manhã seguinte, quando a bola cai num caminhão de lixo em movimento. O comercial fez sucesso na época e voltou a colocar o instrumental de Quincy Jones em evidência com o grande público.

“Soul Bossa Nova” também foi tema de filmes como O Homem do Prego, de Sidney Lumet (1964), Um Assaltante Bem Trapalhão, de Woody Allen (1969), e Austin Powers – Um Agente Nada Discreto, de Jay Roach (1997).

Trabalhos com outros artistas brasileiros

Quincy Jones também foi próximo do percussionista Paulinho da Costa. O músico carioca foi convidado diversas vezes para participar de gravações com o produtor. Costa já gravou com nomes como Elton John e Bob Dylan, e colaborou com trilhas sonoras de mais de 150 filmes em Hollywood.

Quincy ainda trabalhou com outros artistas brasileiros como Ivan Lins. Com o cantor e compositor ele ganhou o Grammy de Melhor Arranjo Instrumental em 1982, pela versão da música “Velas”.

Jones também era um grande admirador da cantora Simone e a convidou para participar de duas edições do tradicional Festival de Jazz de Montreux. Em entrevista ao apresentador José Maurício Machline, ele chegou a afirmar que gostaria de ouvir o clássico “Começar de Novo”, na voz da cantora, antes de morrer.

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