Cena do menu de personalização de Assassin’s Creed Shadows, com Naoe à frente vestindo um traje escuro e Yasuke ao fundo em trajes tradicionais.

Review | Assassin’s Creed Shadows: entre samurais, shinobis, honra e vingança

Desde o primeiro momento em que mergulhei no mundo de Assassin’s Creed Shadows, senti que estava prestes a viver algo verdadeiramente especial. A franquia, que ao longo dos anos passou por diversas transformações, finalmente retorna às suas raízes, entregando uma experiência rica em furtividade, narrativa envolvente e uma ambientação absolutamente impressionante.

Lançado no dia 20 de março para PC, Playstation 5 e Xbox Series X/S, Assassin’s Creed Shadows chegou com uma declaração de que a Ubisoft ouviu os fãs e trouxe de volta a essência que fez de Assassin’s Creed uma das franquias mais amadas da história dos games. Mas será que a Ubisoft conseguiu devolver Assassin’s Creed à sua glória?

Antes de tudo, gostaria de agradecer à Ubisoft Brasil por ceder uma key de Assassin’s Creed Shadows, permitindo que esta análise fosse feita de maneira completa e imersiva. É sempre um prazer poder experimentar esses mundos criados com tanto esmero e compartilhar minhas impressões com vocês.

Trailer oficial de lançamento de Assassin’s Creed Shadows

Caminhos cruzados

Em Shadows, acompanhamos dois protagonistas cativantes, Naoe, uma shinobi com sede de vingança e que busca compreender seu legado, e Yasuke, que ganha uma segunda chance ao se tornar um samurai de Oda Nobunaga e busca encontrar seu lugar em uma terra ainda estranha para ele.

Apesar de suas diferenças, seus caminhos acabam se cruzando por uma causa maior, unindo forças para enfrentar um inimigo em comum. Eles aprendem a confiar, encorajar e complementar um ao outro unindo furtividade e força em perfeita harmonia.

Eles aprendem a confiar, encorajar e complementar um ao outro unindo furtividade e força em perfeita harmonia. Juntos, evoluem não apenas como combatentes, mas como pessoas, criando uma conexão que fortalece a narrativa e torna a jornada ainda mais emocionante.

A jornada de Naoe e Yasuke

Naoe é o coração da narrativa. Desde o início, sua motivação emocional e o desejo de redenção são palpáveis a cada missão, especialmente em momentos que exploram, sua relação com a família e sua identidade como assassina. Por isso, sua jogabilidade é focada na furtividade, oferecendo ao jogador diversas ferramentas e oportunidades para agir nas sombras com precisão letal.

No combate, Naoe utiliza armas versáteis como a Kusarigama, ideal para ataques rápidos e à curta distância. Além disso, ela conta com o tanto para golpes ágeis e o famoso Assassinato Duplo, e por fim a Katana para confrontos mais diretos. Dessa forma, sua agilidade e eficiência se tornam marcas registradas de um estilo que valoriza estratégia e discrição.

Por outro lado, Yasuke é calmo e sempre busca orientar Naoe e os que cruzam seu caminho. Baseado em uma figura histórica real, ele foi um guerreiro africano que se tornou samurai no Japão feudal. O estilo de luta de Yasuke é brutal e pesado, com cada golpe transmitindo uma sensação real de impacto e força.

Usando armas como o Kanabō e a Naginata, ele domina o campo de batalha com ataques que esmagam defesas e derrubam múltiplos inimigos de uma vez. Sua presença impõe respeito, tornando cada confronto uma demonstração de pura força e técnica samurai.

A dualidade entre Naoe e Yasuke não só enriquece a jogabilidade, mas também aprofunda a narrativa, oferecendo perspectivas únicas e diferentes formas de explorar o mundo ao redor. Além disso, alternar entre os personagens cria uma dinâmica envolvente, permitindo experimentar distintos estilos de combate, habilidades e abordagens estratégicas nas missões.

Essa mecânica trouxe um frescor à experiência, tornando cada situação imprevisível e ainda mais empolgante. Enquanto Naoe brilha nas infiltrações sorrateiras, movendo-se com precisão nas sombras, Yasuke impõe presença com seu combate direto e brutal.

Essa alternância não apenas diversifica a ação, mas também intensifica a imersão, fazendo com que cada escolha de abordagem pareça impactante e recompensadora.

Os Antagonistas

Logo nas primeiras horas de Shadows somos aprensentados aos Shinbakufu, um poderoso grupo de senhores da guerra determinados a consolidar seu domínio sobre o Japão feudal. No entanto, sua ascensão não acontece sozinha, eles contam com o apoio estratégico da Ordem dos Templários, tornando o conflito ainda mais intenso e repleto de camadas.

Essa conexão entre os antagonistas e os Templários resgata o cerne da franquia, trazendo de volta o clássico embate entre Assassinos e Templários que os fãs tanto ansiavam. Logo nos primeiros confrontos, senti aquela sensação nostálgica da era de ouro de Assassin’s Creed, onde cada novo alvo representava não apenas um desafio, mas também uma peça crucial na grande conspiração.

A emoção de rastrear, planejar e finalmente eliminar figuras-chave do inimigo retorna com força em Shadows, reforçada por uma narrativa que mantém o jogador imerso do início ao fim. E para os fãs mais antigos da série, há várias referências sutis aos títulos anteriores, incluindo uma bem especial, que certamente irá provocar uma onda de nostalgia e entusiasmo para os mais atentos.

Além da trama principal, o jogo se expande com diversas subtramas que enriquecem ainda mais o mundo. Podemos ajudar moradores em dificuldades, caçar alvos secundários que ameaçam a estabilidade local e enfrentar grupos rivais. Também é possível participar de desafios samurais brutais ao lado de Yasuke.

Essa variedade de atividades cria um mundo vivo e dinâmico. Cada escolha e missão reforça a imersão e nos faz sentir que estamos moldando o destino do Japão feudal.

Um Japão feudal vivo, detalhado e letal

Se há algo que Shadows faz melhor do que qualquer outro jogo da franquia, é a exploração. O Japão Feudal ganha vida de forma impressionante, oferecendo um mundo vasto e detalhado, repleto de paisagens exuberantes e cidades vibrantes.

Cada local foi cuidadosamente projetado para transmitir autenticidade, desde as densas florestas de bambu até os vilarejos remotos e os imponentes castelos de daimyo, todos cheios de vida e segredos a serem descobertos.

A variedade de cenários não apenas impressiona visualmente, mas também incentiva a exploração de forma orgânica. Ruas movimentadas revelam histórias dos habitantes, templos antigos guardam relíquias misteriosas, e estradas sinuosas levam a encontros inesperados. Além disso, a transição entre áreas é fluida, proporcionando uma sensação de imersão ainda mais profunda.

Outro elemento inovador que eleva a jogabilidade em Assassin’s Creed Shadows são as estações, que transformam a estética do mundo e impactam profundamente a forma como o jogador interage com o ambiente e planeja suas abordagens.

No inverno, por exemplo, a neve torna o deslocamento mais lento, dificultando fugas rápidas e perseguições, enquanto as pegadas deixadas no solo podem trair sua posição para patrulhas inimigas, adicionando um novo nível de complexidade à movimentação furtiva.

Por outro lado, o verão transforma a paisagem, proporcionando vantagens diferentes. A vegetação densa oferece inúmeras oportunidades de ocultação, permitindo abordagens mais estratégicas e silenciosas. A movimentação se torna mais fluida, facilitando emboscadas e ataques cirúrgicos contra alvos desavisados.

Além disso, as temperaturas elevadas podem afetar os inimigos, tornando-os mais suscetíveis ao cansaço, o que abre novas possibilidades para distrações e assassinatos oportunistas.

Lâminas e sombras em um combate letal

O combate em Assassin’s Creed Shadows é uma verdadeira obra-prima, elevando a franquia a um novo patamar de profundidade e realismo. Com um sistema fluido e responsivo, cada confronto exige não apenas reflexos rápidos, mas também estratégia e adaptação.

Os inimigos possuem estilos de luta variados e padrões de movimentação distintos, o que me obrigava a estudar meus adversários e reagir de forma precisa.

Naoe contra uma Godai: precisão e letalidade em combate. (Captura por Vincent Anthony)

Samurais bem treinados priorizam ataques letais e técnicas de espada refinadas, enquanto ronins e mercenários apostam em golpes imprevisíveis e agressivos. Já os guardas comuns podem tentar sobrepujar o jogador pelo número, tornando cada batalha única e desafiadora.

Além da diversidade de inimigos, o jogo oferece uma ampla gama de ferramentas e abordagens, permitindo que cada jogador escolha seu próprio estilo de combate. Para os fãs de furtividade, Shadows oferece inúmeras opções, desde assassinatos silenciosos com a icônica lâmina oculta até o uso estratégico de shurikens, bombas de fumaça e armadilhas.

O maior aliado, no entanto são as sombras, a adição do recurso de apagar luzes, eleva a infiltração a um novo nível, permitindo emboscadas e movimentos despercebidos. Para aqueles que preferem o combate direto, o jogo apresenta um sistema refinado, combinando ataques rápidos e brutais com contra-ataques precisos e desmembramentos realistas, cada confronto é visceral e impactante.

Yasuke impiedoso: força e brutalidade na execução. (Captura por Vincent Anthony)

O coração da liga de Naoe e Yasuke

Em Assassin’s Creed Shadows, o acampamento desempenha um papel central na jornada dos protagonistas. Ele não é apenas um refúgio para Naoe, Yasuke e os membros da Liga que eles fundam, mas também um ponto estratégico fundamental para o progresso do jogador. Dentro do acampamento, é possível realizar diversas melhorias que impactam diretamente a jogabilidade.

Desde aprimorar equipamentos e recrutar novos aliados até fortalecer a infraestrutura da Liga, cada upgrade contribui para expandir as possibilidades dentro do mundo do jogo. Além disso, a Ubisoft trouxe um nível significativo de personalização, permitindo que os jogadores modifiquem a aparência e organização do local de acordo com suas preferências.

Esse aspecto adiciona um senso de pertencimento e evolução contínua, tornando o acampamento um verdadeiro quartel-general.

O esconderijo: o centro de estratégias e aprimoramentos. (Captura por Vincent Anthony)

Polêmicas e bugs

Apesar de Shadows ter sido amplamente aguardado pelo público, o jogo enfrentou diversas polêmicas antes e após seu lançamento. Primeiramente, a escolha de Yasuke como um dos protagonistas gerou debates intensos nas redes sociais. Algumas pessoas questionaram a fidelidade histórica da Ubisoft ao retratar um personagem negro como samurai no Japão feudal.

Embora haja registros reais sobre a presença de Yasuke no país durante o século XVI. Além disso, o lançamento do jogo foi cercado por tensões no Japão, onde parte da comunidade gamer demonstrou resistência à representação do personagem e ao foco narrativo da obra, levantando questões culturais e históricas.

No entanto, a Ubisoft defendeu sua abordagem como uma combinação de pesquisa e liberdade criativa, reforçando que a série sempre buscou equilibrar fatos com ficção para criar experiências imersivas. Outro ponto que marcou o desenvolvimento de Assassin’s Creed Shadows foram os constantes adiamentos.

Inicialmente previsto para o final de 2024, o jogo teve sua data de lançamento postergada mais de uma vez, o que aumentou as expectativas e a pressão sobre o produto final. No entanto, mesmo com o histórico de lançamentos problemáticos da franquia, é importante ressaltar que, após cerca de 70 horas de gameplay, não encontrei bugs que comprometessem ou estragassem a experiência.

Embora existam pequenos glitches visuais, erros ocasionais de IA, e alguns problemas de dublagem não chegam a interferir na imersão ou na fluidez da jogabilidade. Portanto, apesar das críticas e atrasos, o resultado final mostra-se polido e envolvente, reafirmando a capacidade do estúdio em entregar uma experiência sólida.

O peso da emoção em cada nota

A trilha sonora de Assassin’s Creed Shadows é uma verdadeira obra-prima, capturando com maestria a atmosfera do Japão feudal e aprofundando a imersão do jogador. Com uma fusão envolvente de instrumentos tradicionais, como o shamisen, o taiko e a flauta shakuhachi, cada melodia transporta o jogador para a era dos samurais e shinobis.

Durante os combates, as músicas intensificam a adrenalina com ritmos acelerados e percussões marcantes, aumentando a tensão e a sensação de perigo iminente. Em contraste, nos momentos de exploração, trilhas mais sutis e harmoniosas ressaltam a beleza dos cenários e o mistério que envolve o mundo.

Já nos momentos dramáticos da narrativa, temas melancólicos entram em cena, ampliando a carga emocional e tornando cada reviravolta ainda mais impactante.

Uma abordagem questionável

O dia moderno em Shadows, no entanto, deixa a desejar em comparação com os jogos anteriores da franquia, especialmente se comparado à era Desmond. “Valhalla” e “Mirage” apresentaram ganchos importantes para o futuro da saga, porém Shadows segue um caminho diferente, deixando esses elementos de lado.

A decisão da Ubisoft de adotar esse novo modelo torna a narrativa contemporânea menos envolvente para mim e muitos fãs que acompanham essa parte da história desde o início da franquia. Em vez de uma história integrada ao jogo base, os eventos do dia moderno foram fragmentados em um sistema de missões semanais, distribuídas por meio de um season pass gratuito.

A cada semana, os jogadores recebem quatro novas missões, que ao serem concluídas rendem pontos. Esses pontos podem ser trocados por recompensas como trajes, armas e até mesmo a moeda virtual do jogo. Essa moeda pode ser utilizada no sistema de permuta,o equivalente ao Reda de “Assassin’s Creed Origins” e Valhalla, ou ao Sargon de “Odyssey”, permitindo resgatar itens pagos.

No entanto, a maior crítica recai sobre o fato de que a história do presente não se conclui junto com a campanha principal. Para ver o desfecho do arco moderno, o jogador precisa esperar semanas de atualizações e cumprir as missões aos poucos, o que pode prejudicar a imersão e o impacto narrativo.

Um final épico e um futuro promissor

Sem entrar em spoilers, o desfecho de Shadows é absolutamente impactante, entregando uma conclusão memorável que deixa os jogadores ansiosos pelo futuro da saga. A forma como a história se encerra não apenas amarra os eventos do jogo principal de maneira magistral, mas também planta sementes para novas tramas, criando um gancho perfeito para os conteúdos adicionais já confirmados.

A primeira grande expansão, Garras de Awaji chega ainda esse ano, e promete elevar ainda mais a experiência de Assassin’s Creed Shadows, oferecendo cerca de 10 horas de conteúdo adicional. Os jogadores terão acesso a uma nova região rica em detalhes, enfrentando inimigos inéditos e desafiadores, enquanto exploram novas mecânicas de combate com uma arma exclusiva.

Além disso, a DLC trará revelações impactantes que aprofundam o universo do jogo e expandem sua narrativa.

Um Retorno Triunfal

Essa foi a minha experiência com Assassin’s Creed Shadows, um jogo que não apenas atendeu às minhas expectativas, mas superou em muitos aspectos, entregando tudo o que a comunidade pediu ao longo dos anos e ainda mais. Com um mundo riquíssimo, uma jogabilidade refinada e uma narrativa envolvente.

Shadows marca um novo capítulo para a franquia, trazendo inovação sem perder a essência clássica que conquistou tantos jogadores. No entanto, nada substitui a vivência pessoal. Se puder, jogue, explore cada detalhe, sinta a gameplay e tire suas próprias conclusões.

Se você está jogando, quero saber sua opinião! O que está achando da história, dos personagens e das mecânicas de combate e furtividade? Quais momentos mais te surpreenderam até agora? A jornada pelo Japão Feudal ainda promete muito, especialmente com as expansões já confirmadas.

Mal posso esperar para ver o que mais a Ubisoft tem preparado para este universo fascinante e compartilhar essa empolgação com vocês!

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Gamer apaixonado | Viciado em boas histórias | Explorador de mundos. Entre batalhas épicas, reviravoltas de tirar o fôlego e mundos fascinantes, estou sempre em busca da próxima grande aventura.