Bionic Bay é um jogo publicado pela Kepler Interactive (responsável por publicar jogos como “Sifu” e “Scorn”) e desenvolvido pela Psychoflow Studio e o estúdio Mureena, um estúdio novo que tem Bionic Bay como seu projeto de estreia, e devo dizer que é um bom começo para um estúdio até então pouco conhecido.
Bionic Bay lembra bastante os indies que estavam começando na época do boom digital da sétima geração do Xbox 360 e do PS3, e isso não é de forma alguma um demérito dele, é de certa forma até nostálgico pois ele remete muito clássico Limbo – que inspirou (e continua inspirando) gerações de indies e jogos de plataforma, tanto que a forma que o jogo lida com física, puzzle e até em apresentação remete bastante ele.
Um mundo Biomecânico lindo e perigoso

Em Bionic Bay controlamos um cientista que após um acidente, acorda em meio a um monte de sucatas envoltas de biomas naturais, ele então decide sair para explorar e entender o que aconteceu ao seu redor.
O jogo é um tanto minimalista em sua apresentação de história e contexto, como um bom jogo de plataforma desse tipo, aqui a história é contata através de pequenos atos e observação dos cenários, e logs que vão aparecendo gradualmente durante a jornada, revelando mais e mais sobre o contexto do mundo e o que aconteceu.

Devo dizer que a forma que ele apresenta esses cenários é muito boa, a escala deles é gigantesca e te faz se sentir minúsculo em relação ao resto do mundo, uma pequena parcela desse vasto bioma de sucata e natureza, um grande trabalho da área artística do jogo.
Jogabilidade inteligente e fluída

A jogabilidade apresenta uma fluidez muito impressionante, a movimentação funciona muito bem com o cenário, e o jogo ensina muito bem o jogador a realizar suas manobras a ponto de que você se sente um speed-runner até por fazer o básico, a fluidez e a velocidade são ótimos pontos de jogabilidade, e mesmo quando são introduzidos puzzles mais elaborados, o ritmo do jogo continua sem parar, o uso do transportador – que é um dispositivo que permite você trocar de lado com o objeto em que você encostou, é dinâmico e introduz uma série de desafios baseados em posicionamento e precisão e é muito impressionante como o jogo mantém sua velocidade mesmo introduzindo uma mecânica de puzzle como essa, a consistência deles é show de bola.
As explosões são cômicas demais, o impacto pode acabar até ajudando a alcançar lugares específicos, o que foi muito divertido de assistir e uma grata surpresa quando de fato, ajuda.

Bionic Bay tem armadilhas mais baseadas em lasers que te derretem, objetos que podem te sugar, te explodir etc. E todas elas brincam com a física do jogo que é outro ponto do quebra-cabeça dos cenários, saber lidar com essas situações é crucial e bem divertido quando se consegue ultrapassá-las, no decorrer da jornada, o nosso personagem vai aprendendo novas habilidades e novas adversidades vão surgindo em torno disso, o jogo sabe introduzir e te ensinar muito bem as novidades.
Em geral, a dificuldade do jogo é bem balanceada, apesar de me fazer quebrar a cabeça algumas vezes, ele não me frustrou ou me travou em momento algum. O plataforming do jogo também é desafiador mas na medida certa, não é nada que pareça impossível de realizar e ainda consegue te passar a sensação boa de conseguir superar um bom desafio.
Por falar em desafio, Bionic Bay também possui um pequeno adicional de modo online, e é nele que vemos as partes mais desafiadoras do jogo entrando em ação, é basicamente um speedrun mode onde quem é o mais rápido, vai para o topo do leaderboards do jogo, o interessante também é que você pode customizar seu personagem entre outras coisas, mas nada que envolva dois jogadores simultâneos ou algo do tipo, mas uma boa surpresa para quem quer continuar testando suas habilidades com fases mais rápidas e brutais de acordo com a fase escolhida.
Artisticamente e tecnicamente muito bem feito

Aqui não temos nenhum problema técnico aparente, o desempenho é ótimo, só acontece algumas coisas engraçadas em relação a física, mas não são bugs por assim se dizer, já que a física tem um comportamento meio “desleixado” de proposito para que o jogador realize os pulos mais mirabolantes possíveis, inclusive a física de objetos e do nosso protagonista são muito boas, o jogo se baseia quase todo em torno dessas mecânicas e como o jogador precisa manipula-las, é uma boa base de gameplay e que tem o devido cuidado para não frustrar o jogador.

A iluminação dos cenários é algo que me tocou bastante, é uma das mais bonitas que eu já vi para um jogo do gênero, e o sentimento que uma boa iluminação passa para o cenário faz uma diferença absurda, as sombras são lindas e a sensação de estar em um lugar colossal é passado com maestria por elas.

Em design de som e trilha sonora temos uma boa combinação de sons metálicos com uma eletronicazinha, e as vezes ela vem em partes chaves que te fazem ficar curioso e um pouco maravilhado, muito bem implementada com a ambientação em geral.
O jogo pegou bastante inspiração visual do gênero Salvagepunk para a ambientação em geral (ou Scrap-punk como eu gosto de chamar) mas também não é tão radical visualmente como vários do gênero, mas os lugares repletos de sucatas abandonadas que te fazem imaginar o como e porque isso chegou a esse estado, e apesar de toda a bagunça, é dificil não ficar admirado com a beleza peculiar que esse monte de sucata trás ao jogador.

Considerações Finais
Bionic Bay (esse nome me lembra muito Bionic Comando) é um jogo um tanto seguro demais como ponto de partida do pessoal do Mureena, mas eles jogam seguro e jogam muito bem, é um jogo cheio de personalidade e artisticamente muito belo, você pode passar horas só apreciando os cenários de fundo e se maravilhar com a escala que eles conseguiram passar com um jogo um tanto minimalista.

Além do Limbo como eu citei acima, vale citar que ele também remete bastante a clássicos mais undergrounds de plataforma como Another World, Oddworld e etc, ele apesar de me lembrar muito essa época de indies de PS3, sem dúvidas tem bastante inspiração nesses clássicos dos anos 90, onde eles eram mais experimentais e o estilo artístico era muito único em relação a outros jogos.
Bionic Bay tem um pouco de tudo isso, e ainda cria um jogo bem único que é bastante competente em tudo que ele promete entregar.

É um jogo contudo um pouco específico tanto no seu setting como na dinâmica dos controles, requer uma boa precisão e recompensa bem o jogador por continuar o momentum do gameplay, é uma boa mistura de plataforma com puzzle e que respeita bastante a inteligência e a coordenação motora do jogador.
Um agradecimento à Kepler Interactive por nos disponibilizar uma cópia para realizar a análise. Bionic Bay está disponivel para PS5, e PC.
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