Dead Rising

Review | Dead Rising Deluxe Remaster volta dos mortos com alguns upgrades

Introdução a Dead Rising

Dead Rising é uma outra franquia de Zumbis de sucesso da Capcom que teve sua ascensão na sétima geração. Na época, ele foi exclusivo do Xbox 360 e PC e teve uma versão muito interessante e engraçada para Nintendo Wii, chamada Dead Rising: Chop Till You Drop, que usou o Resident Evil 4 de base em seu gameplay. Essa é uma versão interessantíssima desse jogo que, apesar de não ser do nível da original, era muito boa.

Dead Rising fez belos números para a Capcom e se tornou uma franquia grande para ela, ao ponto da empresa decidir que o Frank West deveria tomar o lugar do Leon no Resident Evil 4 em Marvel vs Capcom 3. Tudo bem que isso seja só um rumor, mas é pertinente, e nos dá uma ideia do quanto Dead Rising foi grande na época.

Capcom Vancouver (antes de deixar de existir) pegou a dianteira da franquia depois do 1, e apesar de eu gostar de alguns títulos deles (eu gosto de Dead Rising 2!), todos eles não chegavam perto da diversão e da vibe que o primeiro passava.  O quarto jogo foi bem decepcionante e, provavelmente, o responsável pela franquia ficar dormente por um tempo, até que finalmente veio o Deluxe Remaster que, sejamos sinceros, está mais para um remake que um remaster, mas dá para entender por que chamam de remaster, visto que ele ainda mantém o esqueleto do primeiro vivo.

Pois bem, Dead Rising Deluxe Remaster está entre nós! Frank West voltou dos mortos, desenvolvido, dessa vez, pela NeoBars Entertainment, que já trabalhou com a Capcom em remasters de Devil May Cry, Onimusha: Warlords, a Origins Collection de Resident Evil – alguns com foco online de RE como Resistance. 

Além disso, eles foram responsáveis pelas versões next gen dos últimos REs, e também estão responsáveis por Silent Hill f, que está em desenvolvimento. Dessa forma, foi uma escolha bem segura da Capcom entregar Dead Rising para eles – provavelmente a melhor possível.

A luta contra o tempo

Aqui acompanhamos o famoso Frank West, um fotógrafo freelance que já passou por uns bons bocados em seu trabalho, como ele diz. Ele já fotografou guerras, então ele tem experiência em trabalhos pesados que requer um psicológico forte.

Ele decide fotografar a cidade Willamette, em Colorado, que aparentemente estava em um estado de rebelião pelas ruas. Durante seu passeio de helicóptero pelos arredores da cidade, Frank descobre que a rebelião na verdade é um surto Zumbi, e ela está totalmente infestada por eles. 

Ele então para no shopping da cidade para descobrir o que está rolando, e é aí que temos o nosso setting: Frank tem 3 dias para descobrir o que está acontecendo na cidade e ajudar o máximo de sobreviventes que ele pode antes de ser resgatado dali.

Até os mortos podem ser visualmente bonitos

Dead Rising Deluxe Remaster deu um salto gráfico bem considerável, em geral. Primeiro que estamos falando de uma mudança no motor gráfico: partimos da querida MT Framework para a RE Engine, que demonstra mais foto-realismo em seus detalhes gráficos. Assim, temos um cenário mais detalhado graças a isso.

Também temos novos modelos para os personagens, que ainda segue bem à risca o design deles no primeiro jogo. Algumas pessoas podem não gostar da aparência de alguns deles – muitos fãs foram contra o novo visual de Frank West, mas eu sinceramente achei que casou bem com o tipo de personagem que ele é, mas  não tivemos nada tão grande no design dos personagens em si.

Os cenários também tiveram uma drástica mudança visual. Aqui, temos vários detalhes adicionados pelo shopping que não haviam no original, e essas mudanças deram mais vida aos cenários e à exploração.

Claro que também é importante mencionarmos os Zumbis, e eles estão ok: a iluminação dinâmica do jogo esconde um pouco os detalhes mais grotescos dos inimigos, mas ainda assim, a violência do jogo continua muito viva, e o remaster é mais brutal com desmembramento e sangue que o original nesse quesito.

Um adicional que também gostaria de mencionar é sobre o Pacote de expansões do game, em que temos diversas roupas para usar, como: um colete da S.T.A.R.S, do Resident Evil; roupa dos monstros tenebrosos de RE; roupas de Megaman Legends, do Street Fighter; e até mesmo de Blodia, do meu querido jogo de Mecha Cyberbots. 

Por fim, até mesmo o Frank com gráficos do jogo clássico está disponível como skin – são umas mais comédias que a outra.

Jogar com o Blodia me rendeu umas boas risadas do tão bizarro que fica nas cutscenes.

Gameplay imersivo, divertido e desafiador

Dead Rising usufrui desse setting dele para te jogar num apocalipse zumbi, então Frank, além de ter a possibilidade de tirar boas fotos, pode também utilizar quase tudo ao seu redor como armas para se defender. 

Entre elas, temos um banco de praça, caixas registradoras, ou qualquer outra coisa que você achar pelas lojas do shopping. Apesar de levar as circunstâncias de seu enredo a sério, Dead Rising é uma franquia que reconhece o absurdo que é, e sua diversão vem disso: de te dar as possibilidades mais absurdas como gameplay.

Durante a nossa exploração no shopping, Frank pode tirar fotos de diversas situações e ganhar pontos com elas. Essa pontuação evolui o personagem, e isso aumenta mais os atributos dele, fazendo com que Frank aprenda novos macetes, como um suplex em Zumbis, ou voadoras. Então, é parte integral do gameplay evoluir o Frank para facilitar a exploração. Além das fotos tiradas, ele também ganha pontos salvando sobreviventes.

Também temos um tempo limite: Frank tem um tempo limitado para explorar o shopping, e é claro que isso reflete o gameplay, dando um certo senso de urgência que também fez Dead Rising ser muito especial. 

Mas no remaster isso foi aliviado de diversas formas, seja pelo jogador ter menos pressão pelo tempo, seja pelas inteligências artificiais dos sobreviventes terem sido drasticamente melhoradas.

Já que falei de sobreviventes, ao redor do shopping temos um grande número de pessoas lutando por suas vidas, e o jogo tem como objetivo secundário salvá-las enquanto exploramos ao redor do shopping. Claro que pode acontecer de, infelizmente, alguns deles pereceram durante a sua jogatina, mas isso é totalmente normal em Dead Rising, que incentiva o jogador a rejogá-lo para explorar mais e mais o que ele tem a oferecer.

É uma galera com força.

Ainda sobre os sobreviventes: apesar de serem relativamente indefesos, para não estragar todo o conceito de design do jogo, sua IA teve uma boa melhoria, e agora eles conseguem passar por adversidades com mais facilidade, além de se defenderem com mais facilidade também.

Apesar dessa ser uma boa mudança, uma pequena bobagem que me incomoda é os NPCs apontarem lugares onde eles acham que Frank pode conseguir uma boa pontuação com as fotos. Como muitas dessas frases prontas, acabam tirando um pouco a imersão do jogo, já que cada sobrevivente tem uma personalidade única, mas não é algo alarmante.

Entre outras novidades do remaster, temos também a possibilidade de andar e atirar. No jogo original, quando Frank mirava, ele ficava parado, como os REs da vida, até o 5; já no remaster, ele se move enquanto mira. Contudo, o movimento dele é bem limitado para não estragar toda a estrutura do combate do jogo, mas ainda assim é uma pequena mudança que facilitou ainda mais a jogabilidade.

Vale citar que o conteúdo que pode ser ofensivo foi removido. Por exemplo: não temos mais a classe Erotica na hora de tirar fotos um tanto duvidosas de mulheres (humanas ou zumbis)  Sinceramente, não foi uma grande perda, mas, infelizmente um dos personagens, o Kent Swanson, perdeu um pouco de seu contexto por conta dessa mudança – o personagem era um pouco tarado e um completo de um fdp.  Ele continua irritante, só que o contexto se perdeu um pouco, mas isso definitivamente não fica no caminho do jogo como um todo.

Ele ainda é um pé no saco.

Novidades para quem gosta de jogar dublado

Uma das maiores surpresas do jogo, para mim, foi ver que o jogo estava totalmente dublado e muito bem localizado.

A Capcom está fazendo um trabalho excelente de localização, e seus jogos, desde Resident Evil: Village, estão vindo todos com uma ótima dublagem PT-BR, e, por sorte, Dead Rising é um dos jogos dublados que me deixou bastante surpresa pela qualidade da mesma.

Acertaram em cheio no casting de dubladores: Charles Dalla dubla Frank, e ele pega toda essa essência do personagem de agir seriamente no meio do absurdo em que ele se encontra, mas que ainda tira uma boas risadas por conta disso. Aqui não teve uma voz que me incomodou, então foi uma grande surpresa ver o jogo tão bem dublado.

Se você é fã de longa data e provavelmente jogou em inglês, então devo informar que decidiram mudar os dubladores do jogo original na dublagem em inglês. Algumas pessoas não se incomodaram, mas teve a parcela de fãs que simplesmente não conseguem ouvir outra voz do Frank West além da original, então essa mudança pode acabar não agradando a todo mundo.

Considerações Finais

Capcom trouxe Dead Rising de volta dos mortos em, provavelmente, o melhor jogo da franquia desde o primeiro, para ser sincero. O restante dos Dead Rising não aproveitam do que faz esse jogo ser tão especial assim, e fizeram um belo trabalho em sua remasterização, além de terem melhorado significativamente a sua qualidade de vida.

Espero que esse remaster signifique que um jogo novo da franquia esteja na visão da Capcom, e se eles seguirem a fórmula desse remaster, o próximo será bem capaz de ser tão bom e especial quanto o primeiro, mas isso só o tempo dirá.

No mais, vale muito a pena pegar esse remaster se você tem curiosidade com a série: é de longe uma boa entrada para ela.

Dead Rising Deluxe Remaster está disponível para PlayStation 5, Xbox Series e PC.
Um agradecimento à própria Capcom por terem cedido a cópia digital do jogo para que essa análise fosse escrita.

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Escritor Freelancer, tenho como paixão primária em videogames e principalmente em JRPGs, apesar de amar cultura pop em geral.