Distribuído pela Square Enix, Life is Strange: Double Exposure chega após algumas sequências e spin-offs do primeiro título da franquia, lançado em 2015, agora com o retorno de Max Caulfield como protagonista.
Diferente do primeiro título, a sequência da história de Max é desenvolvido agora pela Deck Nine, responsável por manter o legado da Dontnod, que esteve à frente do título que marcou época dentre os fãs dos jogos de narrativa, cenário onde tornou-se referência para títulos futuros.
Vale destacar que essa review não contém spoilers da narrativa do game. Double Exposure foi lançado em 29 de outubro de 2024 e está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X/S, Nintendo Switch e PC.
O ponto de ignição
Segundo a sinopse disponível nas lojas virtuais, quando a Max Caulfield encontra Safi morta na neve, ela abre um portal para uma linha do tempo alternativa, onde sua amiga ainda está viva. A única forma de salvar a Safi é descobrir quem a assassinou e as razões para isso.
Max agora encontra-se distante de Arcadia Bay, trabalhando como uma residente de fotografia na Univerdade Caledon, em Vermont, onde criou novos laços.
Logo nos primeiros minutos de gameplay, o jogo nos dá a opção de esclarecer qual o final vivenciado em nossa experiência com o primeiro título da franquia, onde podemos salvar Arcadia Bay e sacrificar Chloe, ou optar pela vida da jovem à cidade.
Independente da escolha feita, Max está agora distante de Chloe, mas é obrigada a revisitar seus demônios e voltar a usar seus poderes para evitar uma nova tragédia, ao menos em uma nova linha do tempo.
Particularmente fugi de qualquer trailer ou spoiler referentes à narrativa do game, o que fez com que o ocorrido com Safi no primeiro capítulo me pegasse de surpresa e me emocionasse, mesmo que tudo ocorra ainda no início da história e a relação entre Max e Safi seja melhor detalhada no decorrer da narrativa.
Personalize sua experiência em Life is Strange: Double Exposure
A experiência, porém, começa antes mesmo de iniciar um novo jogo. Isso porque, no menu de configurações, Double Exposure traz opções interessantes.
Além de poder optar por mais tempo para selecionar suas escolhas, é possível configurar as legendas para quem possui dislexia e ativar alertas de momentos na narrativa que podem despertar gatilhos emocionais.
Um ponto negativo é a falta da dublagem para português, em uma era em que jogos de grande estúdios possuem essa preocupação. Como a narrativa de Life is Strange é essencial, ouvir no idioma nativo pode facilitar o entendimento completo, mas o nosso não está dentre as poucas opções de áudio.
Mecânicas e superpoderes
Dentro do game, Max lida com problemas com seu poder de voltar no tempo, o qual ela utiliza com pouca frequência, visto que não voltou a usufruir dele após os acontecimentos do primeiro jogo.
Porém, após a morte de Safi, ela descobre poder transitar entre duas linhas do tempo. Assim, ao encontrar fendas brilhantes pelo mapa, ela mudar de linha temporal, além de levar objetos entre elas e até mesmo ouvir diálogos essenciais sem ser vista.
Com exceção de um momento em que Max leva uma escada em sua pequena bolsa, a mecânica de troca de linha temporal funcionam bem e de maneira convincente. Grande parte dos puzzles envolvem essa dinâmica, mas não empolgam como nos jogos anteriores da franquia, sendo relativamente mais fáceis e entediantes.
Assim como no primeiro jogo, Max encontra fotos Polaroids coletáveis pelo mapa, que funcionam como uma espécie de “ligação” entre linhas do tempo distintas, com a protagonista podendo ouvir conversas ao pegar as imagens.
Outra semelhança com os jogos anteriores é a tela de escolhas ao fim de cada capítulo, onde podemos comparar nossas decisões com o restante da comunidade de Life is Strange.
O popular diário de Max também está presente em Double Exposure, sendo útil para aprofundar a personagem e entendermos melhor como ela se sente como os acontecimentos do game.
Além disso, as redes sociais estão presentes no smartphone de Max, sendo útil para estreitar relações com outros personagens e entender melhor as nuances de cada uma das duas linhas do tempo, além de ser uma das poucas relações com rostos presentes no primeiro título.
Evolução gráfica e problemas no Xbox
Uma das maiores evoluções da franquia, principalmente para quem migrar direto do primeiro jogo para Double Exposure, são os gráficos. Max está envelhecida de forma natural e todo os cenários possuem detalhes muito bonitos, com momentos de apreciação que utilizam muito bem dessa qualidade.
No entanto, um disclaimer de minha experiência pessoal foi a mal otimização, principalmente dos cenários, no Xbox Series S, onde houveram diversas quedas de frames, carregamentos atrasados e outros problemas de textura.
O legado de Life is Strange permanece?
Hora de falar do “elefante na sala” de Double Exposure: como o jogo lida com todo o legado instituído no primeiro Life is Strange, já que se trata de uma continuação direta da história de Max Caulfield.
O maior desafio da Deck Nine claramente foi definir qual final da primeira história seguir, onde decidiram deixar nas mãos dos jogadores. O lado positivo está no fato da trajetória pessoal de cada um não ser ignorada, mas também tira quase que toda a importância de Chloe na narrativa deste segundo jogo.
Sem poder contar diretamente com a jovem de cabelo azul dentre os personagens, sua participação não passa da presença em polaroids e lembranças de Max, o que pode decepcionar grande parte dos fãs, principalmente os que escolheram salva-la ao fim do primeiro jogo.
Outro legado que que ao meu ver não foi respeitado de maneira adequada foi o peso emocional presente na narrativa e, principalmente, na relação dos personagens.
Não me refiro diretamente à morte de Safi – com quem a relação com Max acaba tomando caminhos controversos -, mas sim ao fato das escolhas em conversas com personagens secundários não parecerem ter realmente peso e muito deles não são bem desenvolvidos.
A ideia de levar Max para outra cidade encaixa com o trauma vivido pela mesma em Arcadia Bay, além de provocar expectativa em desenvolvermos novas relações interessantes, mas muitos personagens com potencial acabam deixados de lado com o decorrer da narrativa em Vermont.
Life is Strange: Double Exposure vale a pena?
Life is Strange: Double Exposure parece trazer Max de volta para transforma-la em uma espécie de “super-heroína” em breve, ao flertar com o fato dos superpoderes serem o principal foco no futuro da franquia, ao invés de histórias marcantes e as emoções de seus personagens.
Inclusive, há uma cena pós crédito no maior estilo “Marvel” que prepara o terreno para que esse cenário ocorra ao menos em um título futuro com personagens secundários apresentados em Double Exposure. Um “tiro no escuro” que pode afastar muitos fãs das narrativas dos primeiros títulos.
Algo que me incomodou tanto neste como no primeiro jogo foram os momentos “psicodélicos” próximos do fim. Porém, é algo muito pessoal que me levou a querer apenas que a narrativa voltasse a por os pés no chão e chegasse logo ao seu fim; o mesmo me ocorreu na aventura de 2015.
Por fim, Life is Strange: Double Exposure está bem longe de ser um jogo ruim e segue sendo uma excelente recomendação para os fãs de jogos de escolhas e focados em suas narrativas, mas pode ser debatido como o menos interessante da franquia.
Assim, os fãs mais assíduos da série podem decepcionar-se com o rumo do game durante sua narrativa, além de temerem o futuro que a franquia parece querer seguir.
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