Review | Little Nightmares III é um pesadelo inesquecível e isso é muito bom

É preciso começar este review de Little Nightmares III confessando que não terminei os dois primeiros jogos, apesar de tê-los jogado . Portanto, foi preciso recorrer a vídeos no YouTube para entender melhor o enredo e compreender melhor a história da franquia.

O terceiro título da série será lançado no dia 10 de outubro, para PC, PlayStation 4 e 5, Xbox One e Series X|S e Nintendo Switch 1 e 2. e marca uma mudança na produção. Ele agora não é mais desenvolvido pela Tarsier Studios, mas pela Supermassive Games, conhecida por títulos como “Until Dawn”.

O game apresenta uma mistura sutil entre game de terror e “It Takes Two”, que já foi eleito jogo do ano. A experiência combina elementos de cooperação, permitindo que se jogue com um amigo, mas também pode ser apreciada em modo solo.

Para a produção desta review de Little Nightmares III, levei cerca de 6 a 7 horas para concluir a campanha, explorando cada desafio e segredo que o jogo oferece.

Continue lendo este review de Little Nightmares III para descobrir se ele consegue manter a qualidade, a atmosfera perturbadora e a jogabilidade envolvente que caracaterizam a franquia.

Dois jovens amigos e os horrores do Lugar Nenhum

Em Little Nightmares 3, você acompanha Low e Alone, dois amigos perdidos em um mundo assustador que não foi feito para crianças. Cada um possui seu próprio item: o arco de Low e a chave inglesa de Alone.

Juntos, eles precisam explorar passagens escondidas, superar obstáculos e proteger um ao outro para sobreviver. Trabalhar em conjunto não é apenas uma mecânica de jogo, mas também uma extensão do enredo, pois suas ações refletem a maneira como enfrentam os horrores do Lugar Nenhum.

A história do jogo, como sempre, é contada de forma sutil e indireta. Não há textos explicativos, diálogos ou itens que descrevam o que está acontecendo. Tudo precisa ser interpretado pelos ambientes, os inimigos e os próprios objetos e estruturas do mundo

Cada cena, inimigo e local transmite informações sobre os horrores que permeiam o Lugar Nenhum. Você perceberá elementos de tortura, manipulação, extorsão, suicídio e até canibalismo, contados de forma subliminar, visualmente e através do comportamento dos personagens.

Conforme se avança, muitas vezes é necessário pausar e analisar o que está acontecendo, refletindo sobre os detalhes dos cenários e a lógica das ações dos inimigos para compreender a narrativa. A história é propositalmente enigmática e densa. Desta forma, ela instiga o jogador a buscar interpretações externas, como vídeos e análises online, para aprofundar o que o próprio jogo sugere.

O resultado é uma experiência narrativa que desafia o jogador a decifrar um mundo perturbador sem entregar respostas prontas. Como resultado, o mistério e a tensão da franquia seguem intactos.

Visual e Design Artístico: o ponto alto de Little Nightmares III

O que mais se destaca em Little Nightmares III é o seu visual. O design dos ambientes e a construção artística dos personagens elevam a experiência do jogo a outro nível. Cada local é único, com uma atmosfera densa, claustrofóbica e enigmática.

Embora siga a mesma vibe e ritmo dos dois primeiros jogos, nota-se que a Supermassive Games dedicou ainda mais cuidado a este aspecto, entregando uma qualidade superior.

O jogo oferece dois modos gráficos, Desempenho e Beleza, sendo interessante notar que o estúdio optou pelo termo “Beleza” em vez de “Qualidade”. Essa decisão reforça a prioridade dada à experiência visual como um todo.

O design artístico também se destaca nos inimigos. Cada criatura que você encontra possui um motivo para estar ali, e provoca algum tipo de desconforto ou perturbação. À medida que você avança, percebe que os monstros se superam em impacto visual, mantendo a tensão constante.

A física dos objetos complementa a experiência: jogar uma lata ou uma garrafa faz com que eles quebrem em pedaços perfeitos.

Além disso, a iluminação do jogo beira a perfeição, aumentando o clima de suspense em cada sala, corredor ou área aberta. A atenção aos detalhes é tão evidente decidimos postar diversas capturas de telascapenas para registrar a qualidade do design artístico.

A combinação de ambientes, monstros e física cria um universo visual memorável, que marca profundamente a experiência de qualquer jogador.

Jogando no Lugar Nenhum: mecânicas, co-op e desafios

A jogabilidade parece ser o ponto mais fraco de Little Nightmares III. O jogo mantém o mesmo ritmo lento e cadenciado dos títulos anteriores, onde a movimentação se limita principalmente ao lado a lado.

Algumas sequências verticais aparecem, geralmente quando é necessário fugir de monstros. Mas, na maior parte do tempo, você anda horizontalmente, quebra vidros e garrafas, puxa caixas ou portas. Tudo muito parecido com os dois primeiros jogos.

Como os outros títulos, Little Nightmares III é extremamente linear. Embora existam poucos desvios possíveis do caminho principal, eles geralmente servem apenas para coletar colecionáveis, como ursinhos de pelúcia, que parecem pertencer a outras crianças que estiveram naquele lugar. Fora isso, o jogador segue sempre o ritmo do jogo, sem muitas opções de exploração.

Co-op e inteligência artificial

O jogo foi claramente pensado para o co-op, e isso fica evidente quando você joga sozinho. No meu caso, meu companheiro era controlado pela inteligência artificial, que muitas vezes agia de forma lenta ou até errática.

Como escolhi o personagem da chave inglesa, a IA ficava com o arco de flechas e demorava para usar o item no momento certo. Muitas vezes, foi preciso esperar, apontar e apertar quase todos os botões para que a ação acontecesse.

Isso prejudicou um pouco a fluidez e tirou parte da imersão. Algumas mortes aconteceram por conta da ineficiência do NPC, em outras, ele caía sozinho em buracos sem possibilidade de intervenção.

No entanto, quando se joga com outra pessoa, esses problemas desaparecem quase totalmente. A comunicação e agilidade humanas permitem que os desafios sejam superados com precisão, mantendo a experiência divertida e dinâmica.

O co-op lembra, de maneira sutil, o que acontece em It Takes Two: em determinados momentos, um jogador precisa ativar uma alavanca ou usar o arco para ajudar o outro a avançar. Mas é apenas nisso que a comparação se sustenta; fora esses momentos, ele segue a linha típica da franquia.

Duração e desafios

Concluir a campanha durou entre seis e sete horas, incluindo algumas mortes durante fugas de monstros e tentativas de puzzles mais complicados. Se o jogador conhecer essses quebra-cabeças e souber o que esperar, é possível finalizar o jogo em até cinco horas, algo curto pelo valor cobrado.

O jogo mantém a tradição da série de não fornecer dicas. Portanto, será preciso resolver sozinho todos os obstáculos. Além disso,alguns bugs ocasionais foram notados: personagens flutuando, NPCs caindo sozinhos ou até o jogo crashando, casos raros, mas presentes.

No geral, a jogabilidade funciona, mas não brilha. Ela cumpre o que se espera de um título da franquia, mas a dependência do co-op, a lentidão da IA em solo e a linearidade extrema acabam sendo pontos que poderiam ter recebido mais atenção da desenvolvedora.

Sons que constroem a tensão e a imersão

Little Nightmares III não possui uma trilha sonora tradicional com músicas. O game utiliza sons crescentes para aumentar a tensão em momentos cruciais, como perseguições de monstros ou situações em que é necessário se esconder na escuridão.

Esses efeitos criam uma sensação de alerta constante e contribuem diretamente para a atmosfera pesada do Lugar Nenhum.

Os efeitos sonoros se destacam ainda mais quando você joga com fones de ouvido. Você ouve passos, vidro quebrando, portas rangendo, gemidos e outros sons sutis que indicam a presença de monstros ou a agonia de criaturas ao redor. Esses detalhes chamam atenção para o ambiente e aumentam a imersão de forma impressionante.

Embora a trilha sonora cumpra seu papel durante os momentos de tensão, são os efeitos sonoros que realmente marcam a experiência. Eles superam em qualidade os dois títulos anteriores da franquia, oferecendo sensações mais precisas e assustadoras.

Como você percebe os passos dos personagens ou os sons do ambiente próximo cria uma sensação de realismo rara em jogos desse estilo.

Além disso, os efeitos sonoros ajudam a contar a história de maneira indireta, mostrando a violência, o sofrimento e a presença dos monstros no Lugar Nenhum sem precisar de diálogos ou textos explicativos.

Dificuldade acessível e fator replay limitado

Little Nightmares III se apresenta como um título mais fácil que o primeiro jogo da franquia. Comparado ao original, este terceiro entrega desafios mais simples, tanto nos puzzles quanto nas sessões com monstros. Os enigmas ainda exigem atenção, mas pouco mais que isso. Quando foi preciso pensar, foram por breves momentos.

Quanto às interações com os monstros, a experiência também se mantém mais acessível. Esconder-se em caixas, distrair inimigos com garrafas ou correr em sessões de fuga funcionou de maneira eficiente.

Essas mecânicas permitem o vanço sem frustração. Portanto, embora o jogo mantenha a tensão característica da franquia, a sensação é a de que poderiam ter aumentado levemente a dificuldade em algumas partes para equilibrar a experiência.

Fator replay

Em relação ao fator replay, ele é praticamente nulo neste título. Eu joguei com Low, que utiliza a chave inglesa, e a experiência se manteve linear. Rejogar o título só faria sentido se alguém quiser explorar colecionáveis, buscar troféus, ou jogar com Alone, que usa o arco e flecha. Sinceramente? Essas opções não justificam uma segunda campanha.

O fator replay limitado se conecta diretamente à curta duração do jogo. Além disso, considerando o preço do título, é importante que o leitor avalie se o investimento vale a experiência oferecida.

Para quem busca desafios mais longos ou motivos para rejogar, talvez Little Nightmares III não entregue isso. No entanto, quem aprecia a história e o design artístico provavelmente ficará satisfeito com a campanha única.

Considerações finais

Little Nightmares III entrega uma experiência visual e atmosférica incrível. O design artístico impressiona, os inimigos são memoráveis e cada ambiente contribui para a imersão.

Apesar de alguns problemas na jogabilidade solo, principalmente com a inteligência artificial, a aventura continua divertida e envolvente. Portanto, mesmo com falhas, o título consegue prender o jogador do início ao fim.

O fator replay é limitado e a dificuldade menor que nos jogos anteriores, mas isso não diminui o valor da experiência. A tensão constante, os puzzles bem distribuídos e os momentos de furtividade mantêm a atenção do jogador.

Além disso, a trilha sonora minimalista combinada com efeitos sonoros detalhados amplia o impacto da atmosfera sombria. Enfim, Little Nightmares III se mostra como um título co-op bem planejado, mas que também funciona sozinho, ainda que de forma mais lenta.

Em resumo, vale a pena passar um tempo neste mundo perturbador. A experiência é recomendada, especialmente para quem aprecia os outros jogos da franquia e enigmas sutis. Little Nightmares III cumpre bem seu papel, mantendo a essência da franquia e conquistando seu espaço entre os jogos de terror contemporâneos.

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Apaixonado por games, filmes, séries, músicas, HQ's e por cachorros. Jogos desafiadores são meus preferidos. Jogo, assisto, ouço, leio e, às vezes, exerço minha profissão de professor.