MARVEL vs. CAPCOM Fighting Collection: Arcade Classics_20240911135247

Review | Marvel vs. Capcom Fighting Collection: Arcade Classics, a insana franquia está de volta!

A porradaria mais colorida, frenética e desvairada retorna! Os heróis, vilões e monstros da Marvel e da Capcom se juntam mais uma vez em uma bela homenagem à franquia.

Mais que mera isca nostálgica, a coleção especial dos jogos colaborativos da Marvel e da Capcom revive jogos aclamados que não são jogáveis há décadas! Marvel vs. Capcom Fighting Collection: Arcade Classics é o retorno dos jogos de luta em grande estilo.

Antes de falar do produto em si, é bom destacar o que exatamente esse retorno significa.

O Legado da Franquia

A parceria entre Marvel e Capcom começou em 1993, com o beat em’ up do Justiceiro (incluído no pacote Arcade Classics). O jogo teve suas controvérsias por não ser tímido em mostrar a violência da vida de Frank Castle e, em geral, não foi tão bem sucedido quanto as empresas gostariam. No entanto, a parceria ainda estava em seus primeiros passos.

No ano seguinte, X-Men: Children of the Atom trouxe os mutantes para os jogos de luta, em grande estilo, seguido de outras entradas que abrangerem o resto do universo Marvel e o primeiro crossover com personagens da Capcom: X-Men vs. Street Fighter.

Screenshot de X-Men: Children of the Atom.

Daí em diante foi só sucesso, os fãs cresciam, os jogos ficavam mais ambiciosos, dois personagens eram selecionáveis, personagens secretos estavam disponíveis em todos os jogos e por aí vai. Pulando para o último jogo da coleção e um dos mais queridos jogos de luta de todos os tempos: Marvel vs. Capcom 2: New Age of Heroes, lançado em 2000.

Aqui veio o ápice da loucura, 56 personagens jogáveis, equipes de 3, cada equipe com 3 golpes de assistências além de especiais canceláveis, cores brilhantes, cenários 3D, a estética mais anos 2000 possível e uma trilha sonora diferente de tudo feito antes — tipo assim, jazz? Em um jogo de luta? — apesar de opiniões polarizadas inicialmente, Marvel vs. Capcom 2 tornou-se um verdadeiro clássico, uma joia segurada com muito carinho pela comunidade e grande influência para o que veio em seguida.

Screenshot de Marvel vs. Capcom 2: New Age of Heroes.

Em um grande salto cronológico, saindo da era dos arcades — e passando pelo também querido Marvel vs. Capcom 3 — agora em 2017, com Marvel vs. Capcom: Infinite. Esse, a última nova entrada na franquia não foi bem recebida.

Críticas aos gráficos estranhos e desagradáveis, aos designs que encaixam bem no uncanny valley e, talvez a mudança mais condenável, à exclusão total de qualquer membro dos X-Men (que deram início a toda franquia) foram só algumas das mais repercutidas. Após alguns DLCs, o jogo estava, em todos os sentidos, fracassando.

Duas coisas ficaram claras a medida que o tempo passou, primeiro: a franquia deveria voltar a sua glória passada e segundo: os clássicos antigos não estão mais disponíveis. Pois é, depois de um relançamento para PS3 e Xbox 360, no caso do MvC 2, nenhum desses jogos foi disponibilizado para novas plataformas.

Foi aqui que a campanha #FreeMvC2 começou, com iniciativa do YouTuber Maximilian Dood, em 2021. Focado principalmente em recuperar MvC 2, mas também como forma de mostrar à Capcom e à Marvel que os fãs ainda se lembram e querem mais dessa franquia.

Screenshot de Marvel Super Heroes.

E cá estamos, Marvel vs. Capcom Fighting Collection: Arcade Classics atendeu às preces, afinal, quem não chora não mama.

Visão Geral

A coleção tem tudo para agradar os fãs de longa data, afinal, aqui estão todos os jogos da parceria Marvel e Capcom reunidos, rodando bem e com funções e opções nunca vistas antes, que agradam tanto em acessibilidade quanto em dar liberdade de se explorar tudo que faz desses clássicos aclamados.

As interfaces são intuitivas, bem localizadas para o português brasileiro (embora os jogos em si não tenham versões traduzidas), dão opções úteis para quem deseja otimizar e/ou personalizar sua experiência offline, como opções de dificuldade, temporizadores, multiplicadores de dano, configurações de controles, macros para ataques especiais, salvamentos rápidos até durante partidas e mais.

Screenshot de Marvel vs. Capcom 2: New Age of Heroes.

Claro, isso tudo deve dar um tempero fascinante para os acostumados com os jogos há décadas, mas são opções que devem facilitar a experiência e, quem sabe, a permanência da nova comunidade iniciante. Conforme comentado na nossa review de 2XKO, jogos de luta não perdoam, não são um gênero de todo fácil, mecanicamente, ainda mais se tratando dessa franquia, então qualquer opção que facilite isso (sem quebrar o jogo, como, por enquanto, é o caso) é bem-vinda.

Museu

Antes de tocar no online, uma menção ao menu “museu” não pode ficar de fora para quem liga, mesmo que só um pouquinho, para a história da franquia, dos personagens e dos artistas que fizeram parte desse legado.

Aqui tem de tudo: ilustrações de cada personagem individualmente, artes de capas, esboços e rabiscos das fases de desenvolvimento dos jogos, panfletos promocionais, guias e manuais da época e as trilhas sonoras completas em um Spotify simplificado.


Arte do museu de MARVEL vs. CAPCOM Fighting Collection: Arcade Classics

Tirando um pouco o viés nostálgico, o museu é uma parte do jogo que homenageia o esforço e talento das equipes que fazem as distintas artes que vemos. É um lembrete de que essa indústria, mesmo com seus percalços, não vive só de exportar entretenimento.


Arte do museu de MARVEL vs. CAPCOM Fighting Collection: Arcade Classics

Quem sabe outras empresas voltem a mostrar um pouco de como é e como foi o processo criativo durante o desenvolvimento de seus jogos.

Arte do museu de MARVEL vs. CAPCOM Fighting Collection: Arcade Classics

Online

Falando agora do fator que deve ser um dos mais significativos para o sucesso (ou fracasso) dessa coletânea: o online.

Sreenshot de The Punisher (O Justiceiro).

Lembrando que esta review é baseada na versão de PS4. O online funciona, é simples, particularmente se comparado com as opções offline, mas é funcional. Jogos de luta exigem um nível de precisão que, em casos onde a conexão não é simplesmente impecável, partidas se tornam esboços com personagens travando e piscando como se o jogador estivesse tendo um derrame.

Aqui não é o caso, os jogos rodam bem, a conexão por rollback continua sendo a melhor e, atualmente, a única opção viável para se jogar esse gênero de jogos com qualquer nível de dinamismo. Em particular, MvC 2, o mais frenético e insano (onde o Magneto e a Tempestade conseguem voar do topo ao canto da tela, duas vezes, em questão de milisegundos) consegue ser jogado com um bom nível de entendimento do que está acontecendo.

Por vezes foi difícil de encontrar partidas, e de novo, o sistema de gerenciamento de partidas é simplista, mas funcional.

Screenshot de Marvel vs. Capcom: Clash of Super Heroes.

A coletânea faz exatamente o que devia: torna os jogos não apenas jogáveis pela primeira vez em anos mas também acessíveis para um público novo. Opções generosas de customização da experiência elevam o patamar dessa coletânea e possibilitam que mais uma geração se apaixone pelos clássicos. Torçamos para que a franquia continue a ter um futuro brilhante assim!

Marvel vs. Capcom Fighting Collection: Arcade Classics está disponível para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series S/X, Nintendo Switch e para PC (Steam).

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Tradutor, intérprete e redator do Conecta Geek. Especialidade (ou mero gosto) em jogos e HQs.