Shadow Labyrinth lançamento

Review | Shadow Labyrinth: Proposta ousada, mas pouco inovadora

Pac-Man está de volta em um formato Metroidvania

Em 2025, Pac-Man, um ícone dos videogames criado em 1980, celebra seus 45 anos com uma proposta totalmente diferente do habitual: Shadow Labyrinth, um metroidvania que abandou os labirintos coloridos dos arcades e as aventuras 3D para mergulhar em um universo sombrio e desafiador.

Diferentemente do que os fãs poderiam esperar, o jogo não coloca Pac-Man como protagonista, mas sim como PUCK, um guia enigmático que orienta o Espadachim Nº 8, um cavaleiro sem memórias, em uma missão para derrotar uma inteligência artificial que ameaça dominar o sistema solar.

Após nossas primeiras impressões no preview publicado, esta análise completa explora como Shadow Labyrinth se sai como celebração de um legado tão marcante, equilibrando inovação com os desafios de um gênero competitivo.

Uma narrativa instigante, mas que exige paciência

A história de Shadow Labyrinth é apresentada de forma críptica, com diálogos em texto que dependem de interações com NPCs e pistas ambientais para revelar o contexto de um planeta alienígena devastado. PUCK, a reinterpretação de Pac-Man, não é apenas um guia, mas uma figura ambígua, cujas intenções oscilam entre apoio e manipulação, adicionando camadas à narrativa.

Reprodução: Paulo Vitor

A ausência de dublagem, no entanto, compromete a imersão, especialmente porque os personagens emitem sons repetitivos que tentam simular fala, mas acabam soando monótonos. Essa escolha, embora remeta à estética retrô, pode frustrar jogadores acostumados a experiências mais dinâmicas.

A trama, embora rica em referências ao universo expandido da Bandai Namco, como “Galaga” e “Splatterhouse”, avança lentamente, exigindo dedicação para conectar os fragmentos narrativos.

Jogabilidade sólida, mas com tropeços

A jogabilidade de Shadow Labyrinth segue a fórmula clássica dos metroidvanias, com o Espadachim Nº 8 começando com habilidades limitadas, sendo elas uma espada para ataques básicos, uma esquiva no chão e pouca resistência. Conforme avança, o jogador desbloqueia novas habilidades, como o dash aéreo, o gancho de escalada e a transformação em GAIA, um mecha que adiciona variedade ao combate.

A mecânica mais intrigante é a integração com PUCK, que permite ao protagonista assumir a forma de Pac-Man para atravessar trilhos, coletar pellets e absorver poderes de inimigos derrotados, remetendo aos labirintos clássicos. Esses momentos, porém, são raros, o que diminui seu impacto.

Reprodução: Paulo Vitor

O sistema de combate é funcional, com combos, esquivas e parries que fluem bem, mas carece de profundidade, especialmente contra inimigos repetitivos. A curva de dificuldade é um ponto de discórdia: inimigos iniciais podem eliminar o jogador com poucos golpes, criando uma sensação de desbalanceamento. Embora isso incentive o aprendizado dos padrões de ataque, como mencionado no preview, a falta de um impulso inicial e a mecânica de cura — que paralisa o personagem por segundos, deixando-o vulnerável — geram frustrações, sobretudo em combates frenéticos. Chefes, por sua vez, variam entre desafiadores e monótonos, com alguns exigindo mais paciência do que estratégia.

A exploração, elemento central do gênero, é ambiciosa, com um mapa vasto e interconectado. Contudo, o design de níveis é confuso, com corredores longos e ausência de marcadores claros, dificultando a navegação. Checkpoints esparsos agravam o problema, especialmente em áreas com armadilhas e inimigos numerosos. Apesar disso, encontrar upgrades, como aumentos de vida ou novos perks, recompensa a persistência, incentivando a revisitar áreas anteriores.

Potencial não totalmente explorado

A estética de Shadow Labyrinth aposta em uma abordagem estilizada, com visuais 2D no estilo “paper doll” e uma paleta que mescla tons neon com cenários sombrios. Embora a direção de arte crie uma atmosfera opressiva, os cenários, como apontado no preview, muitas vezes parecem simplistas, com fundos que carecem de detalhes e variedade. Essa falta de capricho visual, especialmente em áreas mais avançadas, compromete a imersão, dando a sensação de que o jogo poderia ter investido mais em diversidade estética.

A trilha sonora, composta por temas atmosféricos, brilha nos confrontos com chefes, mas não deixa uma marca duradoura. A ausência de dublagem e os efeitos sonoros repetitivos para diálogos reforçam a sensação de que o jogo ficou aquém em polimento. Tecnicamente, o desempenho no Nintendo Switch 2 é bem competente, com raras ocasiões de pequenos travamentos, que ocorrem mais quando somos finalizados.

Vale a pena?

Shadow Labyrinth é uma celebração ousada dos 45 anos de Pac-Man, trazendo uma reimaginação criativa que combina nostalgia com a profundidade de um metroidvania. A ambientação sombria, as mecânicas envolvendo PUCK e o vasto mapa de exploração mostram o potencial da proposta.

Contudo, a falta de polimento nos visuais, a narrativa lenta, o combate limitado e o design confuso de níveis impedem que o jogo alcance a excelência de seus concorrentes.

Agradecimento a Bandai Namco por nos fornecerem uma cópia para review.

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